Não é um privilégio e, sim, uma vergonha, o Estado mais novo da federação, criado por uma ação popular encabeçada pelo estadista José Wilson Siqueira Campos, com a ajuda de muitas mãos, à custa de muita luta e planejamento, que contou com a Conorte, nas mãos de José Carlos Leitão e com a participação do Juiz Federal Darci Coelho, ser, hoje, um Estado com fama de “ficha-suja” ante à nação, com governadores cassados, presos, afastados, condenados ou não, suspeitos de roubo, fraude, superfaturamento, enfim, corrupção, em seus governos.
Por Edson Rodrigues
Muitos vítimas dos pára-quedistas que trouxeram para ocupar cargos-chave em seus governos e que nenhum identificação tinham com o Tocantins, senão com os recursos que haviam em seus cofres.
E, mais uma vez, em pleno século XXI, no ano de 2022, cá está p Tocantins diante de mais uma situação política vergonhosa, com um governado afastado e outra governando em interinidade
Montagem de fotos históricas do Tocantins
Mauro Carlesse, afastado por denúncias do Ministério Público Federal por atos não republicanos, com provas colhidas pela Polícia Federal e anexadas ao processo de denúncia acatado pelo STJ, por enquanto consegue manter suas digitais longe dos ilícitos praticados – mas não as de familiares seus – aguarda o fim do prazo do seu afastamento, dia quatro de abril.
Mas, as investigações não pararam durante as férias forenses e, espera-se, que com a volta dos magistrados ao trabalho, as perguntas que ainda pairam sem respostas sejam elucidadas e o povo tocantinense possa saber, enfim, se houve ou se não houve ilícitos, se há ou se não há culpados, quem denunciou, se o Tocantins terá um ou dois governadores daqui até o fim do ano, mesmo que apenas um possa tomar as decisões que influenciam no cotidiano dos cidadãos.
IMPEACHMENT NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Enquanto isso, o processo de impeachment que corre contra Mauro Carlesse na Assembleia Legislativa, sem as provas, não passa de um ato político, uma tentativa de resposta aos cidadãos, por parte dos deputados estaduais que, quando Carlesse era governador o apoiavam de que no âmbito político também há providências sendo tomadas, que serão baseadas nas provas e investigações colhidas pelos órgãos investigativos, que tanto podem ser condenatórias quanto inconsistentes.
Cerimônia na de posse de defensora publica na Assembleia
É bom esclarecer que Carlesse chegou à presidência da Assembleia Legislativa pelas mãos desses mesmos deputados estaduais, que lhe consagraram três vitórias consecutivas e que compuseram sua base política nos anos em que esteve à frente do Palácio Araguaia e, sempre com o, agora, governador em exercício, Wanderlei Barbosa, como seu fiel escudeiro.
Logo, o resultado desse processo de impeachment que volta a ter contagem regressiva a partir de fevereiro, será o resultado de um julgamento político, em plenário, decidido pela maioria dos deputados, baseado no que disserem – ou não – as provas apresentadas, tornando-se uma “caixinha de surpresas”.
Não há como prever um resultado “fechado”.
WANDERLEI TENTA IMPOR SUA MARCA
É bem verdade que o governador em exercício, Wanderlei Barbosa, não deixou, em momento algum, o Estado parar e tem se comportado positivamente em meio às novas demandas provocadas pelas enchentes e pela nova onda da Covid-19. Mas é preciso fazer mais para que o povo tenha a segurança que ele precisa para emplacar o seu nome à história administrativa do Tocantins.
Wanderlei com populares
Wanderlei vem conduzindo esses 90 dias à frente do governo sem a tradicional “caça às bruxas” que ocorre sempre que há uma troca repentina de comando. Sua atuação, na linha de frente no combate às enchentes nas cidades impactadas vem agradando em cheio ao povo e mostrando sua habilidade, empatia e jeito de povo, que sempre lhe foram marcas oficiais, comandando a frente formada por diversos órgãos do governo do Estado, membros de entidades classistas, das Forças Armadas e de voluntários na distribuição de colchões, cestas básicas e kits de higiene e outros itens que possam, de alguma forma, diminuir o sofrimento da população.
Enquanto isso, deu ordens para uma equipe de infraestrutura e obras tente recuperar os trechos das rodovias não pavimentadas, danificadas pelos alagamentos.
Governador Wanderlei Barbosa em visita a locais alagados
No apagar das luzes do ano passado, deu ordens para corrigir as injustiças que vinham sendo cometidas por diversos gestores anteriores para com os servidores públicos, pagando direitos e progressões, assim como acertando tudo o que podia dos pagamentos de prestadores de serviços e fornecedores, e deixando o restante programado para pagamento posterior, proporcionando um fim de ano melhor e a esperança de que, de agora para a frente, as coisas vão mudar no que diz respeito ás responsabilidades financeiras do Tocantins, independente de cor partidária.
CUIDADOS POLÍTICOS
Wanderlei Barbosa, ainda sem partido e aberto às composições políticas que lhe dêem a segurança para lançar seu nome à reeleição, abre espaço no imaginário político para especulações que fazem da senadora Kátia Abreu um dos personagens capazes de, hoje, lhe proporcionar tudo o que precisa, independente de Wanderlei gostar da pessoa Kátia Abreu ou não.
Visita as obras da nova ponte em Porto Nacional
A senadora se aproximou do Palácio Araguaia na hora certa, abandonando Ronaldo Dimas “a caminho do altar” e, na situação em que se encontra, poderia, como forma de se reafirmar politicamente, fazer de tudo o que lhe é possível para viabilizar a candidatura do governador em exercício á reeleição, com o apoio político da cúpula dos partidos que estarão á frente das candidaturas de Lula a presidente da República e da própria Kátia para a reeleição ao Senado, mesmo que isso signifique “fritar” Paulo Mourão, até então o “ungido” de Lula para concorrer ao governo do Tocantins.
Mourão seria “trocado” por Wanderlei Barbosa nos planos da Federação Partidária encabeçada pelo PT, ficando com uma vaga para deputado federal. Dessa forma o PT teria um candidato ao governo do Tocantins com reais chances de eleição, ficando nas mãos de Kátia Abreu – com carta branca – a função de costurar a colcha de retalhos que for mais competitiva, tendo em mão pesquisas que já comprovaram a incapacidade da candidatura de Mourão ao governo do Estado de alçar vôo, mesmo ele sendo um político ficha-limpa e altamente capacitado.
Diante desse quadro político, o governado em exercício garantiria um palanque musculoso, de respeito e muito competitivo em suas pretensões de reeleição. Mas, por enquanto, tudo isso ainda está em construção e na fase dos alinhamentos e convencimentos iniciais, ficando, ainda, na dependência dos novos fatos políticos que possam vir a acontecer até o próximo dia dois de abril.
Ex-presidente Lula, Dilma Renan Calheiros e Kátia Abreu amigos de longa data
Nem o PT, nem a própria Kátia Abreu, falaram vírgula sequer sobre essa possibilidade, mas, nos bastidores políticos, ela vem ganhando força e forma, á proporção que a senadora se movimenta, e vem sendo ventilada como uma possibilidade quase real.
INJUSTIÇA COM MOURÃO
Mas, dentro de todo esse amálgama conspiratório, vale ressaltar que seria uma grandíssima ingratidão do PT tocantinense aceitar uma “fritura” de Paulo Sardinha Mourão, ex-prefeito de Porto Nacional, ex-deputado federal, ficha-limpa e que vem percorrendo o Estado há tempos demonstrando suas pretensões de chegar ao governo do Estado, sempre levando o nome de Luiz Inácio Lula da Silva como bandeira, sem jamais traí-lo, ao contrário do que Lula tem feito ao aceitar “flertar” com Wanderlei Barbosa, em um movimento claramente politiqueiro.
Paulo Morão fala em reunião do PT
Vale ressaltar que nas duas vitórias de Lula e de Dilma Rousseff para a presidência da República, seus amplos favoritismos, á época, em nada influenciaram os resultados das urnas no Tocantins, em que foram, eles e seus candidatos, derrotados fragorosamente.
MAS, CONTUDO, ENTRETANTO, TODAVIA, PORÉM....
Tudo o que foi mencionado acima a respeito das possíveis movimentações do PT e de Kátia Abreu em relação á reeleição de Wanderlei Barbosa para o governo do Estado, de acordo com o imaginário político local, giraria em torno do desejo maior de Kátia em se reeleger senadora pelo Tocantins.
Por mais que seja o desejo da parlamentar tocantinense, ainda não se sabe se esse é o mesmo desejo de Wanderlei Barbosa e do Palácio Araguaia.
Pode ser que Kátia Abreu esteja sonhando sozinha, pois Wanderlei Barbosa já demonstrou claramente que tem personalidade e vontade política própria. Ele mesmo já declarou que só tomará um posicionamento após ouvir exaustivamente sua base política na Assembleia Legislativa, definindo, só então, por qual partido deve disputar a reeleição.
As palavras das províncias, dos municípios, dos prefeitos, dos vereadores e das lideranças políticas que o acompanham terão peso máximo em sua decisão e, caso elas não sejam favoráveis a um “casamento político” com o PT ou com Kátia Abreu, assim será seguido por Wanderlei Barbosa.
Governador Wandelerlei Barbosa e Kátia Abreu
Ao que tudo indica, os parlamentares e lideranças ligadas a Wanderlei não são simpáticas ao PT e o relacionamento dos deputados estaduais com Kátia Abreu é próximo de zero, diminuindo as chances desse “casamento arranjado”.
Uma decisão do governador em exercício sobre seu futuro político só será tomada no momento oportuno. O resto faz parte do imaginário político dos demais componentes do tabuleiro sucessório.
REELEIÇÃO, OU CÂMARA DOS DEPUTADOS O QUE RESTARIA A KÁTIA ABREU
Já cansamos de falar em nossas análises da grandiosidade política da senadora Kátia Abreu, uma mulher combativa, resiliente, corajosa, ficha-limpa e aguerrida, que sempre fez parte do lado bom da política tocantinense e brasileira, tendo chegado ao cargo de ministra da Agricultura no governo de Dilma Rousseff.
Kátia Abreu
No Tocantins, sempre teve votos de sobra para se eleger senadora, fosse ao lado de Siqueira Campos, fosse ao lado de Marcelo Miranda.
Desta feita, porém, dificilmente Kátia terá no meio político tocantinense o apoio que teve antes, principalmente entre os deputados estaduais que, além de estarem afastados politicamente da sua atuação no Senado, ainda cerram fileiras com o governador Wanderlei Barbosa, o que pode significar um xeque-mate em suas pretensões políticas.
A posição de Kátia ficou tão fragilizada, politicamente, após as desavenças e desencontros com segmentos partidários tocantinenses que talvez, sua única opção seja dar dois passos atrás, e tentar uma vaga de deputada federal.
Porém, levando-se em conta seu forte poder de articulação, o fato de já ter se lançado na disputa pela reeleição e seus anos de experiência adquiridos dentro da Câmara Federal, talvez ainda haja alguma válvula de escape que lhe permita se reeleger senadora.
Mas isso, só o tempo dirá!