O governador Mauro Carlesse e a maioria dos prefeitos estão empenhados em atender às demandas da pandemia que impactou e economia do mundo, do País, dos Estados e dos municípios, principalmente dos menores, como é o caso da maioria das cidades do Tocantins, que já contabiliza 381 mortes e quase 25 mil infectados, com previsões para chegar a 60 mil e um Sistema Público de Saúde bem próximo de um colapso.
Por Edson Rodrigues
Há dinheiro para o combate, boa vontade da maioria dos gestores, emprenho e sacrifício dos profissionais de Saúde, mas falta planejamento. Sem testagem em massa, os números podem estar subnotificados, a realidade pode ser pior e outras centenas de vida podem ser ou já foram ceifadas por esse vírus maldito.
Enquanto a parte da população, na casa dos 70%, formada por pessoas de baixa renda que sobrevivem de programas sociais, como o Bolsa Família, sem saneamento básico nem a infraestrutura mínima necessária, obrigados a recorrer a “bicos” como servente de pedreiro, faxineiros, babás ocasionais ou à prestação de algum subemprego temporários, para complemento de suas parcas rendas, fica à mercê da distribuição de cestas básicas e kits de higiene. A maioria desses “esquecidos”, além de tudo o que já sofre, está em casa, preocupada com os efeitos da Covid-19 que já invadiu suas residências nas periferias, onde todos estão mais expostos, se contaminando mutuamente, sobrevivendo em casas de dois, três cômodos entre oito e dez moradores, com apenas um banheiro.
É por isso que a pandemia avança no Tocantins, sem controle.
GOVERNOS TÊM CULPA
Está faltando, por parte do governo do Estado e dos governos municipais, uma integração, uma união de forças por uma política integrada de combate à pandemia. Falta, também, pulso por parte do senhor secretário de Estado da Saúde, assim como do governador Mauro Carlesse e dos senhores prefeitos em cobrar dos titulares das pastas da Saúde um planejamento conjunto, sem picuinhas políticas, sem um olho na pandemia e outro nas eleições de novembro. O momento exige dos governantes foco no enfrentamento ao mal que ceifa a vidas dos seus próprios eleitores, que sejam traçadas metas de ação para livrar a vida do servente de pedreiro à do engenheiro, para terminarem a “construção” de uma nova realidade.
Há 500 milhões de reais nos cofres do Estado e mais 800 milhões nos municípios, especificamente para o enfrentamento da Covid-19.
Se o secretário da Saúde, Edgar Tolini não apresentar e puser em prática um a estratégia bem estruturada e baseada em exemplos de estados que têm conseguido resultados melhores, de nada adiantarão as centenas de milhões de reais disponíveis para o combate à pandemia.
A polícia precisa ser colocada nas ruas para evitar essas situações, apreendendo embarcações e geradores de energia, utilizados pelos que teimam em colocar os demais em risco.
O secretário estadual da Saúde precisa liderar uma espécie de comitê de enfrentamento, junto com o secretário der segurança pública e prefeitos, para frear as contaminações. Não adianta, apena, aumentar o número de leitos de UTI, se não frear as contaminações.
Essa inação só demonstra incapacidade do secretário de gerir recursos, deixando a Saúde Tocantins à deriva em um mar de infectados que pode se transformar, infelizmente, em um oceano de mortos.
Nunca se viu tanto dinheiro à disposição de um fim específico e, se mesmo com todos esses recursos os índices de acerto não melhorarem, será no colo dos atuais gestores que a conta pela perda de milhares e vidas vai explodir. A pergunta que fica é: por que, até agora, ainda não se contratou leitos de UTI da rede privada? Os recursos estão aí.
Os senhores congressistas, os nobres deputados estaduais, que conseguiram garantir os recursos para os cuidados para com a população, devem agir como fiscais, cobrando a quem de direito a ação necessária para livrar o povo desse mal. Devem cobrar do governador, Mauro Carlesse ação, mais pressão sobre o secretário da Saúde, para que seus esforços valham à pena e resultem em melhores condições de trabalho para os profissionais de saúde e em maiores chances do povo tocantinense sobreviver à Covid-19.
Enquanto a inatividade permanece, quase todos os dias temos notícias de liminares concedidas por juízes ou desembargadores, determinando que a secretaria da Saúde compre um determinado medicamento ou instale um paciente em uma UTI, atitudes que deveriam ser simples e corriqueiras no enfrentamento ao vírus, mas que, simplesmente, não acontecem naturalmente. Isso só demonstra falta de planejamento e de ação por parte da secretaria da Saúde.
Se Edgar Tolini não “mostrar serviço”, não restará alternativa ao governador Mauro Carlesse senão buscar um gestor mais capacitado para a Pasta, para evitar o colapso total do Sistema de Saúde Pública do Tocantins.
FALATA DE PROFISSIONAIS E MEDICAMENTOS?
Até agora, a secretaria da Saúde do Estado só está agindo por provocação, quando há um mandato judicial. E não há explicação para isso, pois há muito dinheiro em caixa. Isso seria uma vergonha para qualquer administrador, pois demonstra incapacidade de gestão de recursos.
Neste sábado, o Estado foi manchete na mídia nacional, novamente negativa, com denúncias dos profissionais de saúde acerca da falta de equipamentos de proteção individual, que já levou muitos deles a se contaminar – cerca de 7% dos contaminados no Tocantins, hoje, são profissionais da Saúde – principalmente nos hospitais do interior.
Enquanto o governador Mauro Carlesse e os congressistas tocantinense correm em Brasília, de gabinete em gabinete, para garantir recursos que estão chegando a rodo, nada acontece de diferente, de planejado ou de estratégico no Sistema Estadual da saúde.
O exemplo mais recente dessa incapacidade está sendo noticiado na imprensa. O Ministério Público do Tocantins informou nesta sexta-feira (31) que o Hospital de Dianópolis, unidade de referência para oito municípios da região sudeste do Tocantins, está sem nenhum médico para atendimentos de emergência há cinco dias. O MP entrou com um pedido na Justiça para que o Estado seja obrigado a regularizar os plantões.
Um levantamento feito pelos promotores durante uma inspeção indicou que dos 10 médicos que trabalham na unidade, cinco estão afastados e outros quatro atendem somente a especialidades. Apenas um médico segue atendendo casos emergenciais, mas ele não foi na unidade ao longo da semana.
É de bom tom e de importância crucial, que o sr. Secretário da Saúde ou se assuma como secretário ou assuma sua incompetência – e com urgência!