Nesta quinta-feira (18), Lula participou em Madri, no seminário “Cooperação multilateral e recuperação regional pós-Covid-19”.
Com Veja
Desaconselhado por aliados a insistir no assunto da regulamentação da mídia no Brasil, o ex-presidente Lula (PT) voltou a falar do tema ao grupo Socialista e Democrata do Parlamento Europeu, em Bruxelas. A entrevista foi realizada durante a passagem de Lula pela Bélgica, no início da semana, quando discursou ao poder Legislativo da União Europeia.
Ao citar que o Brasil tem um presidente “que conta cinco mentiras por dia nas redes sociais”, o petista defendeu que o país tem a necessidade de viver mais “democraticamente”.
“Vamos ter que regulamentar as redes sociais, regular a internet, colocar um parâmetro. Uma coisa é você utilizar os meios de comunicação para informar, educar. Outra coisa é para fazer maldade, para contar mentiras, causar mal à sociedade”, disse Lula.
O ex-presidente também deixou claro que pretende cobrar a responsabilidade fiscal das plataformas digitais, as quais, diz ele, não pagam imposto.
“Você tem o pessoal que são os donos dos aplicativos do mundo todo não pagando imposto, estão quase todos em paraísos fiscais. Ganham uma fortuna e não pagam sequer imposto em nenhum estado. Essa gente tem que ter responsabilidade. A esquerda não tem que ter medo de debater esses temas, por mais difíceis que eles pareçam”, declarou.
Na quarta-feira (17), o presidente da França, Emmanuel Macron, recebeu o ex-presidente Lula no Palácio do Eliseu, sede do governo francês, em Paris. O encontro contrasta com a conturbada relação entre o líder francês e o atual presidente Jair Bolsonaro.
Em pronunciamento oficial após o encontro, o gabinete de Macron afirma que Lula “compartilha a sua visão do papel do Brasil no mundo, observando que, nos últimos três meses, o Brasil se colocou à parte do sistema multilateral e dos principais acordos internacionais”. O petista é pré-candidato à Presidência da República e deve disputar a eleição de 2022 com Bolsonaro.
De acordo com Lula, a pauta da conversa passou pelos temas de meio ambiente, desigualdade econômica e a integração da União Europeia com a América Latina. “Acredito que os líderes mundiais precisam sentar à mesa para dialogar e enfrentar esses desafios com uma governança global. Dividimos preocupações como o avanço da extrema direita pelo mundo e as ameaças à democracia e aos direitos humanos. Agradeço pela cordial recepção”, disse Lula.
Nesta quinta-feira (18), Lula participou, em Madri, do seminário “Cooperação multilateral e recuperação regional pós-Covid-19”, promovida pelo CAF (Common Action Forum), na Casa América.
No evento, que contou com o ex-presidente espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, Lula condenou o que considera uma inaceitável concentração de renda no planeta, enquanto milhões de famílias convivem a mais cruel das chagas mundiais, a fome.
“É urgente uma reconstrução profunda do mundo, sobre os alicerces da igualdade, da fraternidade, do humanismo, dos valores democráticos e da justiça social”, argumentou Lula. “Porque mesmo que sobrevivam à Covid, 800 milhões de pessoas hoje não conseguem escapar de outro terrível flagelo: a fome”, afirmou o ex-presidente.
A Espanha é o último dos quatro países visitados pelo ex-presidente, que cumpriu este mês agenda na Alemanha, Bélgica e França. Lula já se reuniu também com o vice-chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, que deve substituir Angela Merkel como primeiro-ministro. As informações são da revista Veja, do jornal O Estado de S. Paulo e da assessoria de comunicação do PT.