Quando O Observatório Político de O Paralelo 13 falou, abertamente, sobre a montagem de dois palcos, um do governo do Estado e outro da prefeitura, para as comemorações dos 65 anos de emancipação política de Araguaína, e que a presença de público em cada um deles, daria o tom de quem estaria mais no “gosto popular” e com mais poder de encarar as eleições municipais de 2024, não esperava ser tão assertivo quantos os fatos demonstraram.
Por Edson Rodrigues
Em um embate que se sobrepôs à comemoração e ao real objetivo da festa, que era descontrair a população, a questão foi parar nas barras da Justiça e, como em tudo o que envolve o lado ruim da política, o povo, quem deveria ser beneficiado, acabou prejudicado por mais um ato fora do tom de quem se acha acima de tudo e de todos.
O embate envolveu, de um lado, a prefeitura municipal de Araguaína, na figura do prefeito Wagner Rodrigues, que reuniu o seu grupo político, comandado pelo professor de Deus, Ronaldo Dimas, pelo filho, Tiago Dimas, e que agora ganhou as presenças da senadora Dorinha Seabra e do deputado federal Carlos Gaguim. Do outro lado, o governo do Estado, na figura do governador, Wanderlei Barbosa, que fez questão de comparecer para prestigiar seu candidato a prefeito, deputado estadual Jorge Frederico.
O POVO POR ÚLTIMO
Mas, em um embate assim, de fácil verificação de quem sai ganhando, nenhum dos lados quer perder. O problema são os artifícios usados para tentar reverter uma derrota, e quem sai sacrificado, ao fim das contas.
E sobrou para a população de Araguaína e Região, que quase ficou sem assistir a show da cantora Manu do Batidão, por conta de uma intervenção desastrada que tentou suspender o show, via ação judicial minutos antes de sua realização.
Os milhares de pessoas presentes ao palco do governo do Estado não entenderam nada quando, nas redes sociais, começou a pipocar a notícia de que o show estaria suspenso. Muita gente foi embora, mas quem ficou, acabou agraciado por uma ação imediata do governo do Estado que, por meio de liminar, suspendeu a decisão anterior e manteve a realização do show.
O termo “vitória de Pirro”, utilizado no título deste Olho no Olho, refere-se a uma vitória obtida a alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis.
A expressão recebeu o nome do rei Pirro do Epiro, na Grécia antiga, que exauriu as forças de seu exército para vencer apenas uma batalha, travada perto do seu reino, para ganhar apoio do povo, e acabou perdendo a guerra. “Vitória de Pirro” é sempre usada para definir vitórias passageiras, que acabam não resultando em nada.
Se a programação havia sido divulgada há mais de 15 dias, porque só no dia do show resolveram barrar a cantora por “conteúdo impróprio” para menores?
Porque a notícia da proibição foi divulgada nas redes sociais por pessoas ligadas ao prefeito, Wagner Rodrigues, antes de chegar na imprensa e aos próprios organizadores do show?
Sorte das milhares de pessoas que aguardavam o show de Manu do Bahtidão, cantora muito popular em todo o Brasil, principalmente no Norte e Nordeste, é que o governo do Estado agiu rápido, e uma liminar derrubou a decisão pela suspensão do show e todos puderam acompanhar a apresentação.
LIÇÃO
A lição que fica para os seguidores e apoiadores do prefeito de Araguaína, Wagner Rodrigues, é que uma batalha não define uma guerra, muito menos quando obtida de forma velada, longe do campo de disputa e à revelia dos participantes.
Quando Manu do Bahtidão chamou o governador Wanderlei Barbosa ao seu palco e, de forma espontânea, pediu aplausos para quem se esforçou para que seu show fosse realizado e, após ser breve em suas palavras o governador foi fortemente aplaudido, com os presentes mostrando agradecimento e aprovação, ali estava definida a vitória na “batalha dos palcos” na comemoração dos 65 anos de emancipação política de Araguaína.
E essa lição vale, inclusive, para os demais municípios, em especial aos principais colégios eleitorais do Tocantins, onde o ambiente da disputa pela prefeitura será o mesmo.
Entre articulações políticas, atritos, adesões, tradições e traições, o jogo político deve ser jogado entre as quatro linhas da democracia, com respeito ao território e à opinião de cada um.
Principalmente a do povo!
Estamos de olho....