O xadrez político do Tocantins está armado. E no centro do tabuleiro está ele: o governador Wanderlei Barbosa
Por Edson Rodrigues
O ano de 2025 marca o início de uma fase decisiva para os bastidores do poder no Tocantins. No ar, uma pergunta que ninguém ousa fazer em voz alta, mas que ecoa entre lideranças, prefeitos, aliados e adversários: Wanderlei renunciará ao governo para disputar uma vaga ao Senado Federal?
A resposta ainda não veio. E não virá tão cedo. Mas o silêncio do governador diz muito, talvez mais do que qualquer discurso.
A escolha de Wanderlei Barbosa não é simples. Permanecer no comando do Estado até o fim do mandato significa estabilidade, continuidade, força para fazer seu sucessor. Mas renunciar em 2026 para alçar voos maiores pode redesenhar completamente o mapa político do Tocantins. É a travessia de um líder que precisa decidir entre consolidar seu legado ou expandi-lo em Brasília.
Enquanto isso, o governador escuta. Silencioso, porém atento, recebe conselhos de aliados de confiança, entre eles o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Amélio Cayres, que se define como “um soldado dentro do grupo”. Um gesto de lealdade que revela o tom das articulações: ninguém se move sem que Wanderlei sinalize o caminho.
Há um sentimento forte entre os aliados: é preciso cautela. O passado recente é um espelho incômodo. Marcelo Miranda, Sandoval Cardoso, Mauro Carlesse, todos viram seus projetos políticos ruírem em meio a escândalos e processos. Nenhum foi condenado em última instância, mas o estrago à imagem foi irreversível. Wanderlei, ciente disso, quer seguir por outra estrada: limpa, estável, estratégica.
A ex-senadora Kátia Abreu também surge como um exemplo simbólico. Com voz respeitada em Brasília, mas politicamente isolada no Tocantins, perdeu fôlego e grupo. Tornou-se uma gigante sem chão. Wanderlei não quer esse destino. Ele quer raiz, grupo, presença.
A “chapa dos sonhos”
Nos bastidores, uma ideia começa a ganhar força: a chamada “chapa dos sonhos”. Nela, Dorinha Seabra disputaria o governo do Estado. Wanderlei Barbosa e Eduardo Gomes seriam os candidatos ao Senado. Uma composição robusta, com apoio das maiores lideranças regionais e articulação entre os principais partidos.
Se confirmada, essa aliança pode formar uma frente política poderosa e deixar a oposição sem fôlego antes mesmo da largada oficial. Mas tudo depende de um ponto: a decisão de Wanderlei renunciar. E, até agora, ele guarda essa carta com zelo absoluto.
Karynne Sotero: mais que primeira-dama
Enquanto isso, uma nova liderança cresce ao lado do governador. Karynne Sotero, primeira-dama do Estado, vem se destacando pela presença institucional, habilidade política e o carisma junto à população.
Com escuta sensível, fala simples e proximidade com as comunidades, Karynne já é apontada como forte nome para deputada federal em 2026. Sua atuação reforça o projeto do grupo e sinaliza uma política mais humana e conectada com as bases.
Mais do que apoio, ela é hoje peça estratégica no tabuleiro sucessório. Tem luz própria e começa a ganhar espaço que vai além do título de primeira-dama.
O silêncio que fala
Aos navegantes da sucessão estadual, um recado: não esperem por declarações em 2025. Wanderlei Barbosa não tratará publicamente da renúncia este ano. Ele seguirá em campo, percorrendo o Estado, fortalecendo laços, mantendo a aliança com prefeitos e lideranças, sempre com Karynne ao seu lado.
A dúvida continua no ar. Mas uma certeza se impõe: o governador é hoje a principal figura da política tocantinense. Seu próximo passo definirá o rumo de muitos.
Até lá, o Tocantins vive um momento de espera ativa. O tabuleiro está sendo redesenhado em silêncio, nos bastidores, nas conversas de corredor, nos encontros reservados. Wanderlei sabe que carrega nas mãos a bússola de seu grupo político e que qualquer movimento precipitado pode virar tempestade.
2026 será o ano da virada. E todos sabem: a política tocantinense só começará a se mover de verdade quando Wanderlei der o primeiro passo.