Atual presidente consegue acordos importantes em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro; Ciro Gomes critica as duas candidaturas que passaram ao segundo turno, mas recomenda voto no petista
Com Jovem Pan
Dois dias após o primeiro turno das eleições de 2022, partidos e lideranças estaduais avançam nas movimentações políticas e começam a anunciar novas alianças e posicionamentos para a segunda etapa do pleito deste ano. Logo na manhã desta terça-feira, 4, o governador Romeu Zema (Novo), que se reelegeu em primeiro turno, declarou seu apoio à candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em sua fala, o governador destacou que ele e o presidente não concordam em tudo, mas que é hora de colocar as divergências de lado. “
É o momento em que o Brasil precisa caminhar para frente e eu acredito mais na proposta de Bolsonaro do que na do adversário. Até porque o adversário dele, que foi o mesmo que eu tive em Minas Gerais, foi uma gestão desastrosa que arruinou o Estado”, disse Zema, que completou: “Estou aqui hoje para declarar o meu apoio à candidatura do presidente Bolsonaro, porque eu, mais do que ninguém, herdei uma tragédia”.
Além dele, o também governador Rodrigo Garcia (PSDB) falou em “apoio incondicional” a Jair Bolsonaro e à candidatura de Tarcísio Gomes de Freitas na corrida ao Palácio dos Bandeirantes. Em um rápido pronunciamento, o tucano encontrou-se com o chefe do Executivo ressaltou que sua decisão já foi comunicada ao presidente do diretório estadual de São Paulo, Marco Vinholi, bem como ao presidente da executiva nacional, Bruno Araújo. Outro apoio declarado ao atual presidente foi do ex-ministro Sergio Moro, eleito ao Senado Federal por São Paulo. Nas redes sociais, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública — que deixou o governo Bolsonaro denunciando suposta tentativa de interferência do chefe do Executivo na Polícia Federal — afirmou que o apoio é “contra o projeto de poder do PT”.
“Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro”, escreveu. Em resposta, Bolsonaro afirmou que os problemas com o ex-juiz foram superados: “É um novo relacionamento”. Um apoio já esperado, mas que pode ajudar o candidato do PL é o de Cláudio Castro, seu correligionário, reeleito governador do Rio de Janeiro em primeiro turno. O chefe do Executivo nacional espera aumentar sua votação no Estado.
Por sua vez, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vai disputar o segundo turno contra Bolsonaro, recebeu apoio de dois partidos: Cidadania e o PDT (Partido Democrático Trabalhista). A legenda de Roberto Freire, que no primeiro turno se uniu ao PSDB e MDB para a candidatura de Simone Tebet (MDB), justificou apoio ao petista falando em “riscos de escalada autoritária” de um segundo mandato do atual governo. “Desprezo de Bolsonaro às minorias, a condução desumana e incompetente da pandemia, que resultou em centenas de milhares de mortos, suas reiteradas tentativas de cercear órgãos de investigação, os ataques à imprensa e a jornalistas, nada disso merece mais quatro anos”, exaltou o líder da legenda.
O PDT, de Ciro Gomes, falou em candidatura “12+1” e em decisão unânime pelo apoio a Luiz Inácio. Segundo Carlos Lupi, quatro propostas foram enumeradas para viabilizar o apoio, sendo que três já haviam sido previamente apresentadas: a inclusão da Renda Mínima, que abraça uma proposta de Eduardo Suplicy (PT); a renegociação de dívidas do SPC e de pequenas empresas; e a prioridade de escolas de ensino integral.
A quarta exigência, também aprovada pelas lideranças pedetistas nesta terça, é o Código Nacional do Trabalho, “com a defesa dos direitos dos trabalhadores e a revogação de tudo que tenha prejudicado o trabalhador brasileiro”, antecipou Lupi. Em vídeo, Ciro Gomes disse que vai “acompanhar o partido”, mas não citou Lula. O ex-ministro, que elevou o tom contra o petista durante a campanha, também falou em opções insatisfatórias para o segundo turno e antecipou que não vai aceitar qualquer cargo em um governo futuro.
Quem também já havia se posicionado favorável ao ex-presidente Lula foi Eduardo Jorge (PV), deputado federal até 2003 e candidato à Presidência da República em 2014. Embora no primeiro turno ele tenha declarado apoio à Tebet, contrariando a federação entre o Partido Verde e o Partido dos Trabalhadores, para o segundo turno ele definiu que seu voto será “contra Bolsonaro”. “Isto implica num voto Lula, mas mantendo independência política em relação a ele. Qualquer que seja o resultado o Brasil precisa um Centro Político Democrático autônomo e bem articulado. Isto tem faltado na nossa democracia”, escreveu nas redes sociais. O petista agora aguarda a posição de Simone Tebet, presidenciável pelo MDB. Hoje, após encontro com frades franciscanos, ele contou que já conversou com a senadora do Mato Grosso do Sul. O MDB ainda discutirá sua posição no segundo turno.
PSDB libera diretórios
Na contramão do Cidadania e PDT, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) decidiu adotar uma posição de neutralidade e liberou os diretórios para que escolham entre apoiar Lula ou Bolsonaro no segundo turno, visando que as lideranças regionais possam buscar apoio em torno de candidaturas estaduais que ainda disputam o segundo turno, como é o caso do Rio Grande do Sul, onde Eduardo Leite (PSDB) costura uma aliança com o PT para a disputa contra Onyx Lorenzoni (PL), apoiado pelo atual presidente. Em contrapartida, em Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) duela com Marília Arraes (Solidariedade) e, neste caso, uma aliança com o Partido Liberal, que teve quase 20% dos votos, pode assegurar o comando do Estado pelos próximos quatro anos. Entre lideranças tucanas, o ex-governador João Doria (PSDB-SP), que em 2018 se elegeu com a campanha BolsoDoria, definiu uma postura neutra e afirmou que vai votar nulo no segundo turno.