A mosca azul pousou na cabeça de Pacheco, presidente do Senado

Posted On Domingo, 18 Julho 2021 05:46
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Ele começa a ceder à tentação de ser candidato à vaga de Bolsonaro

 

Por Ricardo Noblat

 

Para quem não completou 45 anos, nasceu em Rondônia, estado com apenas 1,1 milhão de eleitores, foi deputado federal só uma vez por Minas Gerais e é senador de primeiro mandato, Rodrigo Pacheco está com tudo, inclusive uma boa prosa.

 

Eleito senador em 2018, presidente do Senado há cinco meses, já não esconde que cedeu às pressões de Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, e admite ser candidato à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. Kassab é também presidente do PSD.

 

Pacheco (DEM) deve sua eleição a presidente do Senado ao apoio de Bolsonaro, mas devagar começa a distanciar-se dele. Enquanto Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, calou-se, Pacheco reagiu à ameaça de Bolsonaro de cancelar as próximas eleições.

Ele anda dizendo que qualquer risco à democracia deve ser “eternamente vigiado”, e embora evite criticar o presidente da República, definiu sua ameaça “como infeliz”, e espera que seja retificada. É pouco? É o jeito de ser cauteloso de Pacheco.

 

Kassab quer fazer dele o candidato da chamada terceira via, alternativa a Bolsonaro e a Lula, mas poderá ser também da quarta ou da quinta, uma vez que dificilmente só haverá a terceira. Pacheco é menos crente do que Kassab nas suas próprias chances.

 

Mas, por que não tentar? Pouco ou nada tem a perder. Presidirá o Senado até fevereiro de 2023, e seu mandato de senador só termina em 2027. Ocupa-se no momento em se tornar mais conhecido nacionalmente e em calibrar o discurso de candidato.

 

Tem até o começo do próximo ano para trocar o DEM pelo PSD, embora pretenda fazê-lo em outubro. E ouve que se não emplacar como candidato a presidente, seu passe como vice será disputado. O PSD não apoiará Bolsonaro num eventual segundo turno.