A SUCESSÃO MUNICIPAL E AS INGRATIDÕES DA POLITICA: PLEITO DESTE ANO PODE SER “CEMITÉRIO” PARA MUITOS

Posted On Segunda, 15 Junho 2020 07:23
Avalie este item
(0 votos)

Até o atual momento, não há rostos nem corpos formados na corrida sucessória municipal. Ainda há muitas etapas a serem cumpridas até que “gestação” esteja confirmada e é muito importante que as “orientações médicas” sejam seguidas à risca para que haja, enfim, um “parto”.

 

Por Edson Rodrigues

 

Qualquer problema, qualquer intercurso durante a gestação, pode colocar em risco não só a “gestante” quanto o “bebê”.

 

Traduzindo para o campo político, queremos dizer que nada, ainda, está decidido, o há são muitas gestações e outras suspeitas de gestação que só serão confirmadas entre 20 de julho e cinco de agosto.

 

OS RISCOS

Por isso, quem já está de salto alto é bom procurar, urgentemente, as “sandálias da humildade”, pois a campanha sucessória ainda nem começou e as operações da Polícia Federal podem provocar “abortos” inesperados e até mesmo “abortos espontâneos”, pois o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público ou até mesmo um vice mal escolhido podem fazer subir a “pressão arterial” da campanha e, como todos sabem, pressão alta em gravidez pode resultar em eclampsia.

 

Vale lembrar que este é um parto com data marcada, mas com 90% de chances de ser adiado, o que pode favorecer os candidatos à reeleição (apenas os que não são vidraça).

Quando for dada a largada para a campanha, é bom que os candidatos estejam atentos, também para os riscos externos, ou seja, a montagem de suas equipes.  Recomenda-se que não haja a terceirização das campanhas e as coordenações setoriais sejam entregues a pessoas nativas, que conheçam a realidade política do Tocantins, visto que temos muitos exemplos de marqueteiros paraquedistas que não conheciam nem o território, muito menos como agiam os integrantes da oposição e a filosofia política local, e afundaram campanhas de candidatos praticamente eleitos, por não saberem falar a língua política dos tocantinenses e botarem tudo a perder, principalmente em municípios onde há horário gratuito de Rádio e TV que, junto com os programas eleitorais, os debates e o relacionamento com a mídia serão ferramentas fundamentais, que vão determinar a influência nas redes sociais e a adesão dos formadores de opinião, pois um eleitor que não entende a filosofia de um candidato na TV ou no Rádio, jamais se dará ao trabalho de abrir ou ler uma postagem de quem ele não entende nas mídias sociais.

 

O ELEITOR

Já é mais que sabido que o eleitor não anda nada satisfeito com a classe política, principalmente com aqueles que colecionam processos, investigações, operações das Polícias Federal e Civil. Não só os eleitores, mas a mídia séria, formadora de opinião, estarão abastecendo a população de nomes, números e posicionamentos partidários dos políticos ou candidatos que estiveram na mira da Justiça.

 

Nos maiores municípios do Estado, mas, principalmente em Palmas, há milhares de desempregados.  Alguns atingidos pelos reflexos da pandemia e o fechamento do comércio, mas a maioria esmagadora exonerada pelos governos municipais, do Estado e das Câmaras Municipais.

 

Há, também, os micro, pequenos e médio empresários que estão sem condições de manter a sobrevivência de seus negócios – e funcionários.  As populações das cidades que não têm sequer uma farmácia popular, trabalhos de assistência social ou qualquer tipo de auxílio dos governantes, sobrevivendo à própria sorte em pleno momento de pandemia.

 

Não se pode esquecer, também, dos cidadãos que estão empregados, servidores dos municípios e do Estado, com seus salários congelados, sem progressões, fazendo bicos para completar suas rendas, tendo que sair, eles próprios da faculdade ou tirar seus filhos de escolas e universidades particulares por não ter como manter as mensalidades em dia, apenas observando o que os governos não fizeram por eles quando poderiam.

 

São esses os eleitores que irão decidir em quem votar nos 139 municípios tocantinenses para prefeito, vice e vereador.  Em sua grande maioria, eles estão insatisfeitos com a atual situação.  É por isso que destacamos  a importância da qualidade da equipe que irá gerir as campanhas dos candidatos e os “apoios” políticos que aparecerão ao lado de cada candidato.  Como diz o povo, “um pingo de creolina estraga um litro de leite”.

 

Andar ao lado de um ficha suja, pode ser fatal, afinal, “diga-me com quem andas e te direi quem és”!

 

A INGRATIDÃO DA POLÍTICA OU O “CASTIGO DO ELEITOR”: O “CEMITÉRIO”

Não há mais, no Tocantins, o fenômeno da transferência de votos como acontecia no passado.  Nem nos municípios do interior, muito menos na Capital.

 

O maior exemplo disso é o ex-prefeito Raul Filho, que implantou o que até hoje é a base do ensino fundamental em Palmas, com o excelente secretário Danilo Mello, com a implantação das escolas de tempo integral.  Ao mesmo tempo, Raul Filho cometeu alguns pecadilhos para se manter no poder. 

Raul Filho (foto) foi o primeiro candidato a prefeito no Brasil impedido de votar em si próprio pelo Tribunal Superior Eleitoral.

 

Quando sua esposa foi candidata à reeleição para deputada estadual, enquanto primeira-dama, foi derrotada.

 

Pastor Amarildo, ex-deputado federal, também é outro exemplo de como o eleitorado vem mudando e do quanto o envolvimento em atos não republicanos vai minando a credibilidade de um político. Quando foi deputado federal, acabou envolvido no “escândalo das ambulâncias”, também conhecido como “Sangue Sugas”, com direito a matéria no Fantástico e mais de uma semana de Jornal Nacional, perdeu sua reeleição e, quando esperava ser o vereador mais bem votado de Palmas, viu que o estigma da malversação do dinheiro público ficou ligado ao seu nome, e acabou não sendo eleito, num claro recado dos eleitores.

 

Outros políticos de renome no Tocantins também foram derrotados e praticamente sepultados politicamente, por deixar suas campanhas serem terceirizadas, por mudanças abruptas de partidos, por comportamentos não republicanos ou, simplesmente, por não profissionalizar suas candidaturas, trazendo paraquedistas de outros estados que desconheciam os valores e a filosofia política tocantinense.  Podemos citar Freire Jr., Nilmar Ruiz, Edmundo Galdino, Udson Bandeira, Josi Nunes, o próprio Pastor Amarildo, Marcelo Lelis e muitos outros.

Pastor Amarildo

Todos precisam se reinventar caso queiram retornar à vida pública.  Alguns, nem isso conseguiram, por conta dos problemas com a Justiça, que permaneceram latentes em suas vidas.

 

O próximo que pode experimentar a guilhotina que leva ao cemitério político será o ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, que renunciou ao mandato outorgado pelo povo para tentar galgar o posto de governador. Acabou derrotado no Estado e em Palmas, seu próprio reduto.

 

Assim como Pastor Amarildo fez no passado, Amastha tentará se eleger vereador este ano, com grande risco de ver seu nome impresso em uma lápide eleitoral para todo o sempre.

 

Portanto, os candidatos que não tiverem uma ótima assessoria jurídica, eleitoral e política, correm o risco de serem eliminados antes mesmo das eleições ou de ganhar, mas não levar.

 

Basta uma foto ao lado de um ficha suja ou a presença de um deles na coordenação da campanha para que o eleitor vire a cara.  Evitar a disseminação de fake news nas redes sociais também será um diferencial para separar os que estão no jogo pelo poder dos que estão pensando em ajudar o povo.

 

O eleitor não é mais o mesmo.  O Tocantins não é mais um lugar fora da curva.  As redes sociais unificaram a disseminação de informações.  Os veículos de comunicação estão “no ar” e à disposição dos eleitores 24h na internet.  Quem quiser se eleger da forma certa, tem que estar atendo à isso.

 

Todo cuidado é pouco.  Muito pouco!!

Última modificação em Segunda, 15 Junho 2020 07:36