'Doença do tatu' mata adolescente no Piauí e deixa outro internado em estado grave. O jovem ficou internado por oito dias e chegou a ser intubado, mas não resistiu. Segundo o Código Penal Brasileiro, matar, perseguir, caçar, e utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória sem a devida licença ou autorização é considerado crime ambiental
Com Rede TV
Um jovem de 16 anos morreu no município de Simões, no Piauí, vítima de uma infecção popularmente conhecida como “doença do tatu”. O irmão dele, de 14 anos, e um amigo de 22 anos também foram contaminados. O amigo está internado em uma UTI no hospital Justino Luz, na cidade de Picos, e o irmão é monitorado em sua residência.
A morte do jovem ocorreu no sábado (20). Ele ficou internado por oito dias na UTI do hospital de Picos, chegou a ser intubado, mas não resistiu e morreu.
“O paciente procurou atendimento após apresentar perda de peso, febre alta, dor torácica, dispneia e tosse”, informou em nota o Hospital Justino Luz.
Sobre o jovem que segue internado, o hospital disse em boletim que ele apresenta dispneia (dificuldade de respirar) e por isso está em uma sala de cuidados críticos.
A Secretaria de Saúde de Simões informou que os pacientes tiveram contato com tocas de tatus há cerca de um mês, durante uma caçada, e em seguida apresentaram os sintomas.
“Há uma cultura de caçar tatu e algumas pessoas vendem as carnes. O local onde teriam sido contaminados pelo fungo é em uma área de uma serra na região”, disse o prefeito de Simões, Zé Wlisses, informando que não foi a primeira vez que o município registra caso dessa doença.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória sem a devida permissão, licença ou autorização é considerado crime ambiental.
O prefeito informou que a prefeitura está distribuindo folder esclarecendo a população e dando palestras para evitar a caça e a proliferação da doença.
O que é a doença do tatu
O médico infectologista José Noronha, diretor do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella, em Teresina, informou que a coccidioidomicose é uma micose sistêmica e endêmica em algumas regiões.
“O fungo fica na toca, que é abrigo do tatu. Com a caça ilegal, [a pessoa] acaba inalando os esporos, liberados pelo ar e geralmente ocorre a infecção. O ideal é não fazer caça do tatu, até porque é ilegal”, disse o médico, que também é membro do COE (Comitê de Operações Emergenciais de combate a Covid) no Piauí.
A paracoccidioidomicose, segundo o Ministério da Saúde, representa uma das dez principais causas de morte por doenças infecciosas e parasitárias, crônicas e recorrentes no país.
De acordo com a pasta, a “doença do tatu” pode causar lesões na pele, tosse, febre, falta de ar, linfonodomegalia (ínguas), comprometimento pulmonar e emagrecimento.
Ao apresentar sintomas, a pessoa deve consultar um médico para realizar um exame e confirmar o diagnóstico, já que a doença pode ser confundida com outras.
Confirmada a contaminação, o tratamento sintomático é feito por meio de medicamentos antifúngicos, a depender da gravidade do quadro, e pode precisar de cirurgia em casos de lesão pulmonar grave.