Presidente eleito disse na COP27 que política fiscal precisa estar atrelada à responsabilidade social
Por: Débora Bergamasco
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comentou nesta 5ª feira (17.nov) sobre a reação do mercado em relação as suas declarações a respeito da responsabilidade social. "Paciência", disse ele sobre a bolsa cair e o dólar subir.
A fala do presidente eleito ocorre em meio ao mal estar do Mercado Financeiro por conta da apresentação da PEC da Transição, enviada ontem ao Congresso Nacional pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). A proposta prevê a retirada do Bolsa Família do Teto de Gastos. Na manhã desta 5ª feira, o Ibovespa operava em 2,40% de queda e o dólar apresentava alta de 1,77%, cotado a R$ 5,47.
A declaração aconteceu na manhã desta 5ª feira (17.nov), durante uma reunião com representantes da sociedade civil na Conferência do Clima, a COP 27, que ocorre na cidade de Sharm el-Sheikh, no Egito. Lula criticou o teto de gastos.
"O que é o teto de gastos no país? Se o teto de gasto fosse para discutir que a gente não vai pagar essa quantidade de juros, que a gente paga no sistema financeiro, que paga todo ano mas que a gente vai continuar mantendo as políticas sociais intactas, tudo bem. Mas não", disse.
Segundo Lula, "quando você coloca uma coisa chamada teto de gastos, tudo o que acontece é tirar dinheiro da saúde, da educação, da ciência e tecnologia, da cultura". "E você não mexe um centavo do sistema financeiro, você não mexe em um centavo daqueles juros que os banqueiros têm que receber", afirmou.
"Ah, mas se eu falar isso vai cai a bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência. Porque o dólar não aumenta e a bolsa não cai por conta das pessoas sérias. Mas é por conta dos especuladores", concluiu. O petista repetiu que é preciso ter meta de inflação, sim, mas também há de se ter metas de crescimento.
Agenda
No fim do dia, Lula se reúne com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Vai falar com ele sobre a necessidade de rever a participação prioritária no Conselho de Segurança dos países que venceram a segunda guerra mundial, além de acabar com o poder de veto dessas nações. E também vai pedir a abertura para que outros países possam participar do conselho em melhores condições.
Lula também se reunirá com representantes dos governos da Alemanha e da Noruega, grandes financiadores do fundo internacional para preservação da floresta Amazônica, que foi congelado durante o governo de Jair Bolsonaro.