Arcebispo de Belém é acusado de assediar seminaristas

Posted On Segunda, 04 Janeiro 2021 05:07
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Entidades civis pedem afastamento de arcebispo de Belém durante investigação de crime sexual

 

Com EL PAÍS e Catraca livre

 

Quatro ex-seminaristas acusam dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo metropolitano de Belém, de assédio e abuso sexual. A denúncia surgiu em agosto de 2020, foi formalizada no Ministério Público e chegou ao Vaticano.

 

Segundo relatos, Taveira Corrêa costumava falar de masturbação e oferecia um “tratamento” para a homossexualidade. Com essa suposta terapia, para estimular a resistência a tentações, o religioso tocava os órgãos sexuais dos jovens e os beijava.

 

No “Fantástico” deste domingo, 3, os ex-seminaristas relataram que os encontros aconteciam na casa do arcebispo, onde falavam sobre desejos sexuais e ocorriam os abusos.

 

Os desdobramentos desses casos foram apresentados pelo programa dominical da TV Globo, mas já havia aparecido no jornal “El País”.

 

À reportagem do “El País”, um dos jovens disse que teve que masturbar Taveira Corrêa. De acordo com ele, o religioso costumava ficar nervoso e ofender os jovens quando era contrariado.

“Dizia coisas horríveis, lembrava de fatos passados para te humilhar, dizia que você não estava progredindo, dizia coisas horrorosas para você, que você era uma pessoa horrível, era aterrorizante”, contou um dos ex-seminaristas ao jornal.

 

O que fazer caso de assédio?

Peça ajuda a quem estiver por perto e acione policiais que estiverem no local. Depois, registre um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima. Casos assim não podem ser registrados por boletim de ocorrência online;

 

Guarde todas as informações que conseguir referentes ao assédio: anote o dia, horário e local, nome e contato de testemunhas, características do agressor, tire fotos, filme etc. Verifique também se há câmeras no local do crime, pois, a partir disso, as imagens poderão ser solicitadas. Quando fizer o boletim de ocorrência ou qualquer outro tipo de denúncia, é importante levar o maior número de provas do ocorrido. Isso inclui vídeos e fotos no celular, testemunhas, conversas em redes sociais, entre outras. As autoridades policiais precisam de material para conduzir a investigação e a depender do caso, repassar para o Ministério Público. Muitos casos não seguem por falta de provas ou falta de indícios de quem é o autor;

 

Infelizmente, é comum o uso de drogas como “Boa Noite Cinderela” e outras para que a vítima fique sonolenta e mais suscetível ao estupro. Caso o abuso tenha ocorrido através desta prática, é importante que a vítima faça o Exame Toxicológico (através de exame de sangue e urina) em no máximo 5 dias após a ingestão. O ideal é realizar o exame o quanto antes possível;

 

Você pode fazer uma denúncia pelos telefones da Polícia Militar (190) e do Disque 180;

 

É importante ressaltar que a autoridade policial não pode se recusar a registrar a ocorrência. Infelizmente, há casos em que a autoridade policial tenta dissuadir a vítima de fazer o boletim. Caso isso aconteça, registre uma reclamação na ouvidoria do órgão em que ocorreu a recusa. Sendo ineficaz, procure o Ministério Público local para denunciar a recusa e o crime.

 

Entidades civis pedem afastamento de arcebispo de Belém durante investigação de crime sexual

Um manifesto subscrito por 37 entidades, movimentos e organizações sociais do Pará pede o afastamento do arcebispo metropolitano de Belém, dom Alberto Taveira Corrêa, alvo de denúncias de assédio e abuso sexual por parte de ex-seminaristas. O caso é investigado pelo Ministério Público e a Polícia Civil do Estado. “Tendo em vista as graves notícias de acusações de abuso sexual contra o Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, relatadas na imprensa paraense e, em especial, no jornal EL PAÍS, no dia 20 de dezembro de 2020, sob o título ‘Polícia e Vaticano investigam acusações de assédio e abuso sexual contra arcebispo de Belém’, as instituições abaixo listadas vêm, perante a sociedade civil e as autoridades competentes, manifestar-se em apoio às investigações”, diz o comunicado divulgado na semana passada, após o EL PAÍS revelar o teor das acusações contra a autoridade eclesiástica, tornadas públicas de forma velada pelo próprio arcebispo no início de dezembro, em um vídeo na Internet.

O arcebispo preferiu não conversar com a reportagem sobre o caso. Em vídeo divulgado nas redes sociais e site da arquidiocese, dom Alberto afirma que é vítima de falsas acusações de imoralidade e que está totalmente disponível às autoridades para o esclarecimento das denúncias.

 

O manifesto que pede o afastamento do arcebispo é assinado pelas seguintes entidades: Abrapso - Núcleo Santarém, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (Abong), Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia - Núcleo Pará (ABJD-PA), Capítulo Brasileiro do Observatório Latino-americano sobre Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-PA), Centro de Defesa do Negro no Pará (Cedenpa) - Coletivo Apartidário Ventimborajovem - Belém, Coletivo Sapato Preto, Negras Amazônidas, Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Santarém, Conselho Regional de Psicologia da 10ª Região - Pará e Amapá (CRP10), Conselho Regional de Serviço Social - PA, Federação Estadual dos Centros Comunitários e Associação dos Moradores do Pará (Fecampa), Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense (FMAP), Gempac, Grupo De Mulheres Prostitutas do Estado Do Pará, Grupo de estudos “Direito a Igualdade e Valorização das Sexualidades” (DIVaS/UFPA), Grupo de Estudos e Pesquisas Direito Penal e Democracia (UFPA), Grupo de Estudos sobre Currículo e Formação de Professores na Perspectiva da Inclusão (Includere-UFPA), Grupo Inquietações: Arte, Saúde eEducação (UFPA), Instituto Cartografando Saberes, Instituto Jovem Positivo do Pará (IJOPPA), Instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos, Instituto Popular Eduardo Lauande, Instituto Universidade Popular (Unipop), Movimento Atitude Afro - Pará, Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade (MMCC), Movimento de Mulheres Negras de Santarém, Movimento LGBTI+ do Pará, Movimento República do Emaús, Centro de Defesa da Criança e Adolescente (Cedeca), Mulheres contra o fascismo, NOSMULHERES pela equidade de gênero étnico racial (UFPA), Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Violência na Amazônia (Neiva-UFPa), ONG Só Direitos, Projeto Saúde, Cidadania e Direitos Humanos (IQ-UFPA), Rede de Comunicadores por Direitos Humanos no Pará, Sociedade de Defesa dos Direitos Sexuais na Amazônia (SODIREITOS) e Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).