Uma pesquisa realizada pelo IPESPE – Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas – especializado em levantamentos por telefone, mostrou que, a despeito das investigações, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continua sendo uma força política relevante no país.
Por Edson Rodrigues
O instituto fez um levantamento sobre em quem os eleitores votariam caso a eleição presidencial fosse hoje. O estudo foi realizado no período de 10 a 11 de setembro de 2023, com 1.080 entrevistas, nos 26 Estados e no Distrito Federal, estratificadas de acordo com parâmetros adotados pelo TSE e pelo IBGE.
A margem de erro foi de 3,0 pontos percentuais, para cima ou para baixo, considerando um Grau de Confiança de 95%, pela modalidade CATI (Telefônica).
O resultado da pesquisa é de divulgação proibida, porém, mostrou que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro estaria à frente de Lula em todas as regiões do País, exceto no Nordeste.
FORÇA POLÍTICA
Bolsonaro recebe título de cidadão goiano em evento lotado de apoiadores
Mesmo debaixo de tantas notícias negativas relacionadas ao seu nome, o cidadão Jair Messias Bolsonaro continua sendo uma força política de extrema expressão no Brasil, acima do ex-presidente Bolsonaro, figura pública à qual se referem as investigações sobre joias, o advento do 8 de janeiro, a delação do seu ajudante de ordens e toda a “caça às bruxas” em relação ao seu governo.
ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2024
Os resultados mostram que Bolsonaro detém potencial para influenciar no resultado das eleições municipais de 2024 e que as atitudes da Justiça em relação à sua pessoa, podem ser ainda mais determinantes em relação ao seu potencial de transferência de votos. E pode ficar “pior”.
Se prenderem Bolsonaro, ele se consagra de vez como “mito” e sua situação política fica ainda maior que a de Lula. O palanque que tiver Jair Messias Bolsonaro terá um percentual maior de público que o de Lula e, além de conseguir turbinar seus candidatos, basta que peça um Pix para que as doações eleitorais espontâneas se multipliquem, haja vista sua própria campanha pós presidência, para quitar as dívidas que vêm sendo aplicadas pela Justiça Federal, em que recebeu R$ 17,2 milhões via Pix em sua conta pessoal nos primeiros seis meses do ano. A informação consta em um relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro do governo federal.
Os dados do Coaf mostram que, entre 1º de janeiro e 4 de julho, Bolsonaro recebeu mais de 769 mil transações por meio do Pix que totalizaram R$ 17.196.005,80. O valor corresponde à quase totalidade do movimentado pelo ex-presidente no período: R$ 18.498.532,66.
Não queremos, em hipótese nenhuma, discutir os méritos das denúncias contra o ex-presidente, mas a grande preocupação que ronda o Palácio do Planalto com as eleições de 2024, tendo Jair Bolsonaro como garoto propaganda nos palanques dos candidatos de oposição.
No Tocantins, por exemplo, Bolsonaro é campeão absoluto em transferência de votos e a avaliação dos aliados do presidente Lula é de que se não for preso, Bolsonaro pode arrastar multidões e turbinar financeiramente, via campanhas de doações por Pix, as campanhas de seus candidatos Brasil afora.
OS MOTIVOS DE LULA
É, justamente, essa manutenção da popularidade de Bolsonaro que vem afetando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Em todos os eventos dos quais participa, Bolsonaro está nas palavras de Lula, sempre tendo sua imagem denegrida e associada aos mais diversos crimes e desmando,
Lula parece ter deixado de lado a sua função de governar para ser um acusador e apontador dos supostos erros de Bolsonaro, delegando as tarefas mais importantes de sua gestão a terceiro, guardando para si apenas as funções de “relações públicas” do governo brasileiro, tanto nas viagens pelo interior do País quando nas viagens internacionais.
A verdade é que mesmo fragilizado com as ações da Justiça, Bolsonaro ainda tira o sono dos habitantes do Palácio do Planalto e dos seus aliados. Lula vem tentando contornar essa situação ampliando o espaço dos partidos do Centrão em seu governo, mas sem conseguir transformar isso em vantagens nas votações da Câmara Federal.
A batalha, agora, será para manter Bolsonaro longe das campanhas eleitorais de 2024, principalmente do Horário Obrigatório de Rádio e TV, para que não consiga associar sua imagem á dos seus candidatos nos municípios.
Jair Messias Bolsonaro, hoje, pode ser chamado de “massa de pão”: quanto mais bate, mais cresce.
E é um “pão” indigesto para o governo Lula...