“A vitória não ensina nada. O que ensina é a derrota”
CHICO ANYSIO
BORSOLNARO IMPLODE DEM E PSDB INTERNAMENTE
Com um Orçamento “virgem”, concessão de auxílio emergencial, com o comando das duas Casas Legislativas, fechado com o centrão, o presidente Jair Bolsonaro deu um “nó” nas oposições ao seu governo.
Com o Diário Oficial e a chave do cofre na mão e com a esquerda fragilizada, caso cumpra sua parte no pacto feito com os líderes partidários, o presidente Jair Bolsonaro já tem sua candidatura à reeleição “pavimentada”, principalmente porque conseguiu implodir, internamente, o DEM e o PSDB, que abrigam seus principais adversários na corrida sucessória de 2022.
ACM Neto e Rodrigo Maia no DEM, assim como João Dória e Aécio Neves, no PSDB, já não falam a mesma língua e, dificilmente, voltarão a falar.
Resta saber por qual partido Bolsonaro disputará o pleito. Se acertar esse quesito, também, pode vir imbatível em 2022.
CASAMENTO POLITICO COM SEPARAÇÃO DE BENS
Ou o presidente Jair Bolsonaro aceitava o casamento com o centrão, como fez Michel Temer, ou corria o risco de acabar como Dilma, apeado do poder por um processo de impeachment.
Por outro lado, o centrão, desnutrido, sem reservas financeiras para este ano para viabilizar as eleições de 2022, precisava desse casamento para liberar emendas impositivas e convênios para sanar sua gula por recursos federais.
A duração do casamento dependerá, agora, do governo federal cumprir com a sua parte. Isso significa cargos em todos os escalões, ministérios e secretarias.
Apesar de ser um casamento com “separação de bens”, o compromisso deve ser cumprido, sob risco de ingovernabilidade e problemas para a União.
Neste primeiro momento, apenas o governo federal conseguiu o que queria: eliminar a possibilidade de um impeachment contra si.
OPOSIÇÃO PRECISA ACHAR SEU RUMO
Divididas, sem discurso, sem propostas e enfrentando guerras e rachas internos, sem nenhuma liderança capaz de promover a união, pelo menos dos principais partidos, a oposição ao governo de Jair Bolsonaro precisa achar um rumo no decorrer deste ano.
Sem união, não haverá propostas nem planejamento e continuarão prevalecendo os interesses pessoais em detrimento do coletivo.
“Tratorados” pela máquina administrativa comandada por Bolsonaro, os oposicionistas perderam não só o rumo, como a credibilidade junto ao povo.
BOLSONARO NO PATRIOTA
Os bastidores políticos em Brasília dão como certa a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Patriotas, juntamente com os principais membros do seu grupo político.
O objetivo será fazer o partido crescer ao longo do ano, principalmente nos estados, para receber filiações de senadores, deputados federais e estaduais na “janela” do início de 2022 e construir uma base forte no Congresso Nacional, coma formação de uma bancada de apoio, juntamente com os partidos aliados, partindo para um governo com uma grande base, caso seja reeleito.
MDB RECOLHIDO
Diante do tsunami de conflitos políticos de partidos brigando internamente entre si, após a eleição das mesas –diretoras do Congresso e do Senado, o MDB vem guardando um silêncio sepulcral, apenas observando a estranha “lua de mel” entre o governo federal e o centrão.
Sabedor do seu tamanho, com 784 prefeitos, 7.335 vereadores, 34 deputados federais e 11 senadores, que o transformam no maior partido político brasileiro, o MDB irá focar em manter essa tendência e eleger o maior número de governadores em 2022.
Por isso, fica fácil entender o recolhimento estratégico do MDB, neste momento, mantendo-se fora dos conflitos e trabalhando para, no segundo semestre, “sair da toca” e saber com quem e de que lado estará nas eleições de 2022.
O POVO
Com milhões de pessoas desempregadas, endividadas, com o CPF bloqueado, com o caos na Saúde Pública e milhares de órfãos pela Covid-19, a promessa de 250 reais para apenas metade dos atendidos pelo auxílio emergencial no momento inicial da pandemia, pode se tornar o maior obstáculo para o governo de Jair Bolsonaro e seus aliados, que precisará ser resolvido logo, antes que as manifestações comecem, sob o risco de colocar em cheque sua reeleição em 2022.
Nem sempre sair na frente, logo após a largada, significa chegar na frente no final. Não bata resolver problemas políticos no Congresso. Tem que estar bem nos municípios e nos estados e, principalmente, na mente do povo.
AS OPOSIÇÕES
As oposições já levaram duas surras. A primeira na eleição municipal de 2020 e a segunda na eleição das mesas-diretoras da Câmara Federal e do Senado.
O governo soube aproveitar as divisões partidárias internas e conseguiu capitalizar os votos que precisava no parlamento para eleger seus candidatos. Porém, ficou um recado fúnebre aos detentores de mandatos que serão candidatos à reeleição no Congresso e nas Assembleias Legislativas estaduais: ou se unem partidariamente, fortalecendo suas agremiações, construam uma frente partidária e partam, unidas, para o pleito contra o presidente Jair Bolsonaro e seus candidatos a governador deputados e senadores nos estados, ou serão fragorosamente derrotadas.
Sempre deixando claro que quem decidirá a eleição não será ninguém, senão sua majestade, o eleitor.
FAMÍLIAS ENDIVIDADAS
O endividamento das famílias brasileiras bateu novo recorde em novembro de 2020, em plena pandemia de covid-19. Segundo dados do Banco Central (BC), as dívidas bancárias atingiram 51% da renda acumulada das famílias nos 12 meses anteriores.
O recorde anterior havia sido registrado no mês de outubro de 2020, com 49,81% dos ganhos. A série histórica começou em janeiro de 2015. Entram na conta todas as dívidas com bancos, incluindo as de financiamento imobiliário.
Em janeiro de 2019 - ou seja, antes da pandemia -, esse indicador era de 45,19%. O menor porcentual registrado desde o início do levantamento é o de janeiro de 2005 (18,42%), que marca o começo da série histórica.
GOVERNADORES COBRAM VACINAS
Com doses de vacina contra a covid-19 se esgotando, governadores e congressistas preparam uma ofensiva sobre o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para acelerar a chegada de novos imunizantes ao País. A pressão sobre o general aumentou após Pazuello prometer que todo o País será imunizado ainda neste ano, mesmo com o governo federal patinando para ampliar a oferta de vacinas.
O Fórum dos Governadores reúne-se com Pazuello na quarta-feira, 17. Os chefes dos Estados e do Distrito Federal vão cobrar, novamente, um cronograma para a entrega das doses. "Nos aproximamos de 30 dias do início da vacinação com perspectiva de alcançar apenas 3% da população brasileira vacinada. Neste ritmo, não vai se concretizar o plano do governo de vacinar, até junho, metade da população", disse o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordena trabalhos do Fórum sobre vacina.
O Ministério da Saúde afirma que 11,1 milhões de doses já foram entregues. Este volume serve para vacinar cerca de 6,5 milhões de pessoas. Segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde, o número de pessoas vacinadas no País chegou a cerca de 5 milhões no domingo, 14. Os dados do Ministério da Saúde, que estão desatualizados, apontam cerca de 3 milhões de pessoas que receberam ao menos a primeira dose.
TUCANOS CONTRA DÓRIA
Uma comitiva de deputados do PSDB esteve em Porto Alegre para um lançamento informal do nome do governador gaúcho, Eduardo Leite, à Presidência em 2022. O movimento é liderado pelo deputado Lucas Redecker (RS) e tem o apoio de parlamentares que se rebelaram contra o governador João Doria (SP).
O gatilho da articulação foi a ofensiva do governador paulista para que a bancada do PSDB adote uma postura mais incisiva de oposição ao presidente Jair Bolsonaro e a movimentação de aliados para que o chefe do Executivo paulista assuma a presidência do partido em maio. Diante da repercussão negativa, os aliados de Doria recuaram da estratégia de tentar interferir na sucessão tucana.
À Coluna do Estadão, Leite afirmou que é "precipitado definir candidatura, seja de quem for", mas prometeu ajudar o partido a buscar o melhor caminho para 2022. "O partido deve primeiro se reunir em torno de ideias, de um propósito. E é papel de quem exerce funções relevantes, como nós governadores, de ajudar na condução dos debates para uma futura tomada de decisão. Mas jamais impor um caminho em função de pretensões pessoais", disse, sem citar Doria.