EDITORIAL
“Continuamos nos iludindo que todos pensam em nós, mas isso não é verdade; os outros são como nós: pensam em si mesmos”
CHARLES READE
Por Edson Rodrigues
Mesmo demitidos pelo eleitor no último dia 15 de novembro a maioria dos vereadores de Palmas demonstraram o quanto estão mais interessados em si próprios que no bem-estar da população e tentaram, no apagar das luzes, “levar mais um por fora”, numa total falta de equilíbrio ético e moral. Em sessões extraordinárias relâmpago, realizadas na manhã dessa terça-feira, (1°), os parlamentares votaram pelo retorno do “auxílio-paletó” e do “auxílio-assiduidade”, conhecido como 14º salário.
Cada um dos benefícios seria de R$ 12 mil. O auxílio para compra de roupas seria pago uma vez por mandato, logo quando o vereador assumisse. Já o benefício extra, por participação nas sessões, seria depositado ao final de cada ano para os vereadores que participassem da maioria das sessões.
Seria algo como receber para ir bem vestidos (o que, para muitos não adiantaria nada, diga-se de passagem) e para aparecer para trabalhar. Ora, funcionário de empresa que não aparece para trabalhar é demitido ou tem o ponto cortado. Vereador que aparece para trabalhar tem que ganhar prêmio para isso?
FARINHA NO FIM, MEU PIRÃO PRIMEIRO
A iniciativa de trazer os dois benefícios de volta foi da mesa diretora da Câmara. Atualmente, ela é composta pelo presidente da casa, Marilon Barbosa (DEM); pelo vice-presidente Vandim do Povo (PSC) e pelos três secretários da mesa, Etinho Nordeste (DEM), Gerson Alves (PSL) e Juscelino Rodrigues (PSDB).
Vereadores de Palmas
Nas “sessões da cara de pau” foi aprovado, também, o Orçamento da Câmara para 2021, (de 44.730.417,40, para 32.396.803,39), 27% menor que o deste ano, ou seja, cuidaram de garanti o seu, mas deixaram os futuros vereadores com menos dinheiro para o funcionamento da Câmara Municipal.
O absurdo ultrapassou os limites da tolerância do Tribunal de Contas do Estado e do Ministério Público que, na noite do mesmo dia, suspendeu os atos aprovados pela Câmara de Vereadores de Palmas.
Outras entidades também se manifestaram contrárias ao ato do Legislativo Palmense, como o Conselho de Inovação e Desenvolvimento Econômico e Inovação da Capital (Cidep). O órgão emitiu nota para repudiar veementemente decisão dos parlamentares. “O Cidep avalia como absurdo esse tipo de aprovação diante do cenário o qual o País se encontra. Com tantas pautas e projetos que necessitam da real atenção dos vereadores, ter esse projeto colocado em votação em regime de urgência mostra um total descaso para com a população palmense”, resumiu.
SILÊNCIO E SUMIÇO
A imprensa tocantinense em peso procurou os membros da mesa-diretora da Câmara Municipal de Palmas para que eles pudessem apresentar a sua versão dos fatos, mas a resposta foi um profundo silêncio e um “sumiço coletivo”.
Mas, para que a população reforce esses nomes em sua mente, lembramos, aqui, os nomes dos dirigentes da Câmara Municipal: ela é composta pelo presidente da casa, Marilon Barbosa (DEM); pelo vice-presidente Vandim do Povo (PSC) e pelos três secretários da mesa, Etinho Nordeste (DEM), Gerson Alves (PSL) e Juscelino Rodrigues (PSDB).
UMA VOZ SOLITÁRIA
Carlos Amastha e Tiago Andrino
O único vereador a se posicionar contra os benefícios publicamente até o momento foi Tiago Andrino (PSB). O vereador que deixou de concorrer à reeleição para tentar ser prefeito de Palmas usou a tribuna do parlamento municipal para tornar pública a criação do “trem da alegria” e demonstrar sua discordância do ato.
Andrino ganhou muitos pontos entre a população e entre os analistas políticos do Tocantins, que consideraram sua atitude corajosa, despojada de interesses pessoais e que demonstra que ele é merecedor do respeito e do reconhecimento dos eleitores.
Quem diria....