PCdoB, PSB, PDT e Rede aguardavam definição do PT, maior bancada da Câmara, para anunciar o apoio conjunto ao candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Por Sarah Teófilo
PT, PCdoB, PSB, PDT e Rede oficializaram, nesta segunda-feira (4/1), apoio ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP) para a presidência da Câmara, contra o líder do Centrão e preferido do presidente Jair Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL), como publicado anteriormente pelo Correio. Maior partido da Casa, com 52 parlamentares, o PT se reuniu um pouco antes do anúncio e decidiu pelo apoio a Rossi, numa votação que terminou em 27 a 23. O PSOL ficou de fora e deve tomar decisão no próximo dia 15.
O apoio do PT era de extrema importância a Baleia Rossi, que aguardava a definição para lançar sua candidatura, o que deve ocorrer na próxima quarta-feira (6), ao lado das legendas do bloco que foi capitaneado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Agora, o grupo, que prega a independência da Casa em relação ao Executivo, conta com 11 partidos, que somam 261 deputados.
Lira, por sua vez, já tem o apoio do PL, PP, PSD, Republicanos, Solidariedade, PROS, Patriota, PSC e Avante, somando 195 deputados. O PTB também deve apoiar Lira, quando há algumas semanas o presidente nacional da legenda, Roberto Jefferson, prometeu ao parlamentar o apoio, o que soma mais 11 deputados.
Em uma carta, após confirmarem o apoio, as legendas de esquerda frisaram que o apoio é em torno de uma Câmara independente. No documento, assinado pelos líderes dos cinco partidos além dos líderes da minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Congresso, Carlos Zarattini (PT-SP), eles pontuam que o governo federal é “irresponsável diante da pandemia” e que o país é “chefiado por um presidente da República que ao longo de sua trajetória sempre se colocou contra a democracia”.
“Nós, dos partidos de oposição, temos a responsabilidade de combater, dentro e fora do Parlamento, as políticas antidemocráticas, neoliberais, de desmonte do Estado e da economia brasileira”,ressaltaram.
E foi essa responsabilidade, segundo eles, que os uniu aos demais partidos do bloco de Maia, além da intenção de derrotar o presidente “e sua pretensão de controlar o Congresso”. Os partidos informaram, então, que a intenção é construir uma série de compromissos com o objetivo de “defender a Constituição”, “proteger a democracia” e as instituições, “assegurar a soberania nacional", “garantir a independência do Poder Legislativo” e “lutar pelos direitos do povo brasileiro”.
Os partidos pedem que questões como convocação de ministros para prestar contas na Casa e instalação de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) não sejam engavetadas, além de frisar o respeito ao processo legislativo constitucional e regimental, assegurar que a oposição poderá “exercer seu dever de contrapor-se ao governo tal qual garantem a Constituição e o regimento” e garantir que haja proporcionalidade na indicação de relatorias das matérias que tramitam.
PT
Apesar de o bloco de Maia já ter sido formado lá atrás, os partidos ainda precisavam confirmar o apoio a Baleia Rossi, nome escolhido pelo atual presidente após intensas articulações. Havia uma particular resistência dentro do PT, com alguns integrantes favoráveis a uma candidatura própria, e as conversas foram individuais, com cada deputado.
A informação é de no momento da reunião da bancada, às 15h, já se sabia que a maioria já estava formada e, por isso, a reunião envolvendo outras legendas da esquerda já havia sido marcada para duas horas depois com previsão da presença do PT. A intenção era oficializar o apoio de forma conjunta, o que foi feito.
A deputada Maria do Rosário (RS) era uma das integrantes do PT que não queria que houvesse de antemão este apoio a Baleia. Antes da reunião, ela disse ao Correio que havia uma convicção geral de que é correto estar no bloco de Maia, contra o presidente Bolsonaro, mas que acreditava que o melhor caminho seria ter uma candidatura do PT e, ao final de janeiro, unificar em torno de um nome.
Há resistência em outras legendas também, como o PSB, e há um intenso trabalho dos líderes de convencimento dos parlamentares, visto que a votação é secreta - ou seja, nada impede que um deputado não vote no candidato orientado por sua legenda. E é com isso que conta o deputado Arthur Lira para conseguir a sua vitória.
Líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ) disse acreditar que isso não deve ocorrer no âmbito da legenda. "Acho que o diálogo que temos tido é muito positivo. A receptividade tem sido muito boa, os colegas têm entendido que é importante o partido caminhar unido na defesa da independência da câmara e da democracia brasileira. Seria grave que deputados do PSB descumprissem e colaborassem para entregar o comando da Câmara ao candidato do Bolsonaro", afirmou.