Confiança não se negocia: o caso Amastha e a lição de Eduardo Siqueira

Posted On Sexta, 25 Julho 2025 11:15
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Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues 

 

 

No complexo xadrez da política, poucas regras são tão imutáveis quanto a da lealdade e da hierarquia. A exoneração de Carlos Amastha (PSB) do cargo de Secretário de Zeladoria Urbana de Palmas, oficializada na tarde desta quinta-feira, 24, pelo prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos), não foi um ato impulsivo, mas o clímax de uma crise de confiança que se tornara insustentável. Para o prefeito, não restou alternativa senão por fim ao impasse evitando desconforto que minava a coesão de sua equipe.

 

O episódio evoca a máxima de um velho mestre da política brasileira, Tancredo Neves: "nunca nomeie um auxiliar que você não possa demitir". Eduardo Siqueira Campos, político experiente com passagem pelo Congresso Nacional, demonstrou ter aprendido a lição. A permanência de Amastha, que já não gozava da confiança do Paço, representava uma anomalia na gestão. A decisão, portanto, foi um ato de reafirmação de autoridade.

 

 

Apesar da tentativa de Carlos Amastha de controlar a narrativa, distribuindo à imprensa uma carta com data de 23 de julho, onde negava conspirações e cogitava deixar o cargo, o Diário Oficial é soberano. A exoneração não foi "a pedido". Foi uma demissão. Amastha foi convidado a se retirar, um movimento que expõe a fragilidade de sua posição e o fracasso de sua estratégia de antecipação.

 

O Observatório Político do Paralelo 13 resgata uma lição que, embora antiga, permanece e parece ter sido o guia do prefeito. Seja em Maquiavel ou na sabedoria popular da política, um líder não pode permitir que um subordinado construa um poder paralelo às suas custas. A tolerância excessiva com a autopromoção de um auxiliar é o primeiro passo para a erosão da própria autoridade. A decisão de Eduardo Siqueira Campos foi, em essência, uma aplicação prática deste princípio. Na administração pública, assim como no campo de batalha, não há espaço para vaidades que ofusquem o comando central.

 

Agindo como Pré-candidato

Os sinais do desalinhamento eram evidentes e ruidosos, especialmente nas redes sociais. Fontes do segundo escalão da prefeitura já relatavam o profundo incômodo com o comportamento de Carlos Amastha. Agindo como um pré-candidato a deputado em plena vigência do cargo, o então secretário promovia as obras e feitos da gestão, praças limpas, ruas recuperadas, como se fossem fruto de seu esforço pessoal e exclusivo.

 

 

 

Clicando na imagem você poderá ver o vídeo no Instagram

 

Nos vídeos e postagens, uma ausência era notória e sintomática a do prefeito Eduardo Siqueira Campos. Ao omitir o nome do gestor maior, Amastha tentava converter o capital político da administração municipal em capital eleitoral próprio, uma manobra que, para qualquer observador atento, soava como um claro projeto de poder individual. Ele não se portava como um membro da equipe, mas como o próprio feitor, pavimentando seu caminho para 2026 com os recursos e a visibilidade do presente.

 

A queda de Amastha serve de lição para toda a classe política tocantinense. Demonstra que a visibilidade de um cargo público é um empréstimo concedido pelo chefe do Executivo, e a tentativa de convertê-lo em propriedade privada costuma ter um preço alto. Para Eduardo Siqueira Campos, foi uma demonstração de força. Para Carlos Amastha, o retorno à Câmara de Vereadores será o início de um novo, e certamente mais desafiador, capítulo político.

 

 

Última modificação em Sexta, 25 Julho 2025 14:47
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