Corregedor Eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão deu prazo de 15 dias para autoridades apresentarem provas de denúncias de fraudes nas eleições
Com Agência O Globo
O corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) , ministro Luís Felipe Salomão , abriu nesta segunda-feira o prazo de 15 dias para que o presidente da República, Jair Bolsonaro , e outras autoridades públicas que deram declarações sobre fraudes nas urnas eletrônicas apresentem evidências e informações que corroborem as falas.
Foi instaurado ainda, por portaria assinada pelo corregedor, procedimento administrativo para apurar a existência ou não de elementos concretos que possam ter comprometido as eleições de 2020 e 2022.
A portaria cita várias declarações proferidas por Bolsonaro em evento oficial, em entrevista à imprensa e em lives ao longo do último ano. Um dos exemplos foi a manifestação do presidente, no último dia 9 de junho, a apoiadores na cidade de Anápolis (GO).
— Eu fui eleito no primeiro turno. Eu tenho provas materiais disso. Mas a fraude, que existiu, sim, me jogou para o segundo turno. Outras coisas aconteceram e só acabei ganhando porque tive muito voto, e algumas poucas pessoas que entendiam de como evitar ou inibir que houvesse a fraude naquele momento, nos elegemos — afirmou.
O documento do TSE também faz referência a discursos do deputado estadual Oscar Castello Branco de Luca (PSL-SP) e do então candidato à presidência da República nas Eleições de 2018 Cabo Daciolo.
Segundo o ministro Luís Felipe Salomão, a busca de informações detalhadas e documentadas sobre supostos fatos tem por objetivo subsidiar estratégias de aprimoramento dos recursos de segurança das atividades voltadas à realização das eleições. A portaria ressalta que se trata de procedimento administrativo visando o levantamento e a análise de elementos que possam ter comprometido a regularidade de pleitos anteriores, conforme divulgado por autoridades na imprensa.
De acordo com o corregedor, o não esclarecimento de relatos de natureza genérica relativos à existência de fraudes nas eleições pode macular a imagem da Justiça Eleitoral quanto ao seu dever de garantir a legitimidade dos pleitos, já que a credibilidade das instituições eleitorais constitui pressuposto à preservação da estabilidade democrática e à manutenção da normalidade constitucional.
Em reunião da SBPC, neurocientista afirma que caminho do coronavírus foi facilitado pela ausência de restrições no aeroporto de Guarulhos e de barreiras sanitárias nas estradas que saem da capital paulista
Por Cida de Oliveira
Sem citar diretamente o nome do governador João Doria (PSDB), o neurocientista Miguel Nicolelis disse hoje (4) que São Paulo foi responsável por “85% do espalhamento de casos de covid pelo país todo nas primeiras três primeiras semanas da pandemia”, a partir do fim de fevereiro. Isso porque, segundo ele, o maior aeroporto brasileiro, o de Guarulhos, foi porta de entrada sem restrições de pessoas infectadas vindas de diversos países e regiões do Brasil. E também pelo fato de o estado concentrar os maiores e mais importantes fluxos de importação e exportação aérea e rodoviária do país. “A falta de um lockdown mais reforçado e a ausência de bloqueios sanitários nas rodovias principais que saem de São Paulo para outras capitais explicam os 85%. Percentual que nos meses seguintes não baixou para menos de 30%”, disse.
Ao participar de debate hoje (4), último dia da 72ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Nicolelis apresentou as estratégias adotadas e os resultados obtidos pelo Comitê Científico do Consórcio Nordeste, que coordena ao lado do ex-ministro da Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende. Entre eles, destacou o fato de a região ter tido menos óbitos por 100 mil habitantes do que o Centro-Oeste, o Norte e o Sudeste.
Coronavírus “escondido”
O cientista criticou também o negacionismo e a distância adotada pelos políticos em geral em relação à ciência e aos cientistas. E destacou novamente São Paulo, cujo governo escondeu o aumento de casos de covid-19, bem como a prefeitura paulistana.
“Sabemos que 110 mil casos ainda não foram relatados nas estatísticas da cidade de são Paulo. E temos a mudança de fase no estado no dia seguinte das eleições. Evidentemente que os cientistas no estado tinham deixado claro que essa mudança tinha de ter ocorrido semanas antes do segundo turno. Tudo tem um preço. Como têm as perspectivas das festas natalinas, que podem gerar ainda mais casos e mais óbitos, nessa segunda onda brasileira, em que os casos estão explodindo novamente”, disse.
A esperança, segundo ele, é que a sociedade brasileira pressione os gestores públicos para que a ciência seja ouvida e dê sua contribuição para reduzir os danos do que já é a maior tragédia humana da história do Brasil.
Negacionismo mortal
O oncologista Dráuzio Varella, que também participou da reunião da SBPC, reafirmou a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro pelos cerca de 175 mil mortos por covid-19 em todo o país. “Bolsonaro é o responsável pelo grave quadro no país. Não é por acaso que chegamos a esse triste número”, disse.
E comparou o Brasil, segundo colocado mundial no número de óbitos, aos Estados Unidos, que ultrapassou os 273 mil mortos pela infecção e segue em primeiro lugar. Do mesmo modo que Bolsonaro negou a gravidade da doença desde o início e faz campanha até mesmo contra o uso de máscara – influenciando muitos brasileiros a fazerem o mesmo –, o presidente Donald Trump seguiu sem uso do acessório em toda sua campanha à reeleição dos Estados Unidos, da qual saiu derrotado por Joe Biden, que ao contrário sempre aparece publicamente de máscara.
Na avaliação de Varella, o Brasil deve passar dos 200 mil mortos até o final ainda até o final do ano. E 2021 será também muito difícil. “Não teremos vacina para todos e os brasileiros decretaram o fim da pandemia por conta própria. E agora, com as festas de fim de ano, o contágio deve aumentar”, alertou.
Contrato do Brasil com a Covax prevê 42,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 de diferentes laboratórios até o fim de 2021
Por Agência Brasil
Uma remessa com 842,4 mil doses da vacina contra a covid-19 da Pfizer/BioNTech desembarcou no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), neste domingo (20), pelo consórcio Covax Facility.
Esse é o primeiro lote da farmacêutica que desembarca no país correspondente à aliança liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros parceiros.
Segundo o Ministério da Saúde, o contrato do Brasil com a Covax prevê 42,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 de diferentes laboratórios até o fim de 2021.
Até agora, a pasta informou que já recebeu e distribuiu mais de 5 milhões de doses adquiridas via consórcio global.
Segundo o consórcio de veículos de imprensa, 24.243.552 pessoas receberam a 2ª dose da vacina contra Covid-19 no Brasil, o que representa 11,45% da população.
Em entrevista ao Jornal Nacional, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz alerta contra o autoritarismo
Com G1
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso completou nesta sexta-feira (18) 90 anos de idade defendendo a união de forças políticas que se opõem a riscos autoritários.
Fernando Henrique Cardoso parece longe de sentir qualquer peso da idade. Chega aos 90 anos atuante na política.
“Política é conversa, que que as pessoas fazem quando estão no Parlamento? Pensam que ficam um de mal com o outro? Conversam! Gosta mais de um do que de outro, isso não quer dizer que você adere à ideia do cara. Você simplesmente respeita a opinião. A diversidade de opiniões”, diz o ex-presidente.
E nessa busca pelo diálogo, Fernando Henrique faz um alerta contra o autoritarismo e defende a união de políticos pela democracia.
“Eu acho que nós vivemos um momento que requer frente ampla. Requer que haja aqueles que acreditam no jogo democrático e impeçam que o país, sem querer, vá resvalando, vá deslizando na direção de uma situação mais fechada, mais autoritária. Portanto, eu sou favorável a que se forme uma frente. Esta frente não vai ser permanente. Porque as diferenças são grandes, entre os grupos, é normal. É preciso que haja diversidade, a democracia requer pluralismo. Mas em certos momentos, em defesa das instituições, da liberdade e da democracia, aí se justifica. Eu acho que é o caso”, afirma.
Muito do que pensa e do que viveu, Fernando Henrique registrou num recente livro de memórias. Um passeio pela vida do menino que nasceu numa família de militares e políticos, se mudou ainda criança do Rio para São Paulo e teve a história pessoal profundamente misturada com a história do país.
“Eu não peguei nenhum documento para escrever esse livro. Nada. Isso é memória”, afirma.
Intelectual que se dedicou a estudar e entender a sociedade, Fernando Henrique fez ciências sociais e se casou com a antropóloga Ruth Cardoso, com quem dividiu o que considera essencial na vida universitária: fazer pesquisa.
“Não basta você apenas ler. Eu lia muito. E leio muito até hoje. Você tem que viver. Conversar, saber o que o outro pensa. O sentimento do outro”, afirma Fernando Henrique.
Veio a ditadura militar, e não tardou para que livros, ideias e ideais soassem como ameaça. Como outros professores, Fernando Henrique deixou o país para não ser preso. Viveu parte da efervescência e dos perigos dos anos 60 dando aulas no Chile e na França.
A democracia levou Fernando Henrique duas vezes ao topo da carreira política. Foi como presidente da República, eleito pelo partido que ajudou a criar, o PSDB, que ele consolidou aquele que acredita ser seu maior legado ao país: a criação do Plano Real, que pôs fim a uma inflação que em 1994 tinha chegado a quase 5.000% ao ano.
“Por que é que deu certo? Porque não foi um plano pré-fabricado. Foi um plano que foi sendo fabricado com informação contínua para o povo”, conta.
Hoje, com as restrições impostas pela pandemia, Fernando Henrique Cardoso usa as redes sociais para estar mais perto das pessoas, principalmente dos jovens brasileiros.
“Ter contato com gente mais jovem é muito importante. Você não ficar só entre velhos. Eu sei que eu sou velho. Não precisa me dizer que eu sei. Tem que ter um pouco de futuro. Uma pessoa que tem energia, é meu jeitão. Sempre foi assim”, diz o ex-presidente.
Ele se exercita duas vezes por semana, tem a companhia da mulher, Patrícia, e não só dela. Não fuma, cultiva as relações, é um leitor voraz. Fernando Henrique Cardoso mistura na vida aqueles ingredientes para os que querem chegar longe.
“Nós podemos pensar no amanhã. Isso já é uma bênção fantástica. Nossa capacidade de imaginar que amanhã pode ser melhor do que hoje. É o que eu acho”, afirma.
Conforme a pandemia foi avançando, o tempo em que 100 mil mortes eram alcançadas diminuiu por conta do aumento exponencial no contágio da população
Por Felipe Freitas
500 mil mortes. O número que o Brasil alcançou por conta da pandemia de Covid-19 parece já não causar tanto impacto quanto antes. Afinal, não faz muito tempo que o país lamentava as 400 mil mortes e, pouco tempo antes, 300 mil.
O tempo entre um marco e outro da doença parece estar cada vez menor. Para o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, o número de mortes sempre alto está diretamente relacionado aos intervalos tão curtos entre as 100 mil mortes.
“À medida que a pandemia avançava, você ia acumulando os mesmos 100 mil casos em intervalos menores (...) nós estamos com registros de casos ainda superiores ao da primeira onda, então os números estão muito altos e, provavelmente, vamos acumular mais 100 mil se não baixarmos essa curva”, avalia Kfouri.
“O que nós temos que fazer nós já sabemos: vacinar o mais rápido possível um número maior de pessoas, com coberturas vacinais adequadas com as duas doses. E para aqueles que ainda não se vacinaram, o distanciamento, o uso de máscaras (...) isso tem sido a vacina para boa parte da população brasileira”, acrescenta.
Linha do tempo
A primeira morte por Covid-19 no Brasil, segundo levantamento da universidade americana Johns Hopkins, foi registrada no dia 25 de fevereiro de 2020. 143 dias depois, o país já registraria a marca das primeiras 100 mil mortes, no dia 8 de agosto.
O primeiro 100 mil: Cem mil vítimas da Covid-19: um milhão de brasileiros enfrentam o luto
O ano de 2021 mal tinha começado e a notícia foi divulgada: Brasil chega a 200 mil mortes por Covid-19. Os números foram alcançados no dia 7 de janeiro de 2021, ou seja, cerca de 5 meses após os 100 mil.
Após a marca de 200 mil, o país começou a experienciar um tempo menor para atingir 100 mil mortes. Foi assim que, no dia 24 de março de 2021, o Brasil chegou ao número de 300 mil mortes. Ou seja, menos de 3 meses depois (76 dias), o país pulou de 200 para 300.
E a situação ficou ainda mais rápida, quando no dia 29 de abril, pouco mais de um mês depois (36 dias), as 400 mil mortes chegaram.
Por fim, o Brasil bateu a marca de 500 mil com a última atualização. Apenas 51 dias separaram o número de 400 de 500. A diminuição do tempo entre um marco e outro se deu, principalmente, pelo aumento na média diária de óbitos.