Crise do PMDB chega ao conhecimento público após declaração de boicote, e expõe fragilidades do maior partido do Brasil

Posted On Domingo, 05 Novembro 2017 19:54
Avalie este item
(0 votos)

Goiânia, 06 de novembro de 2017

 

 

 

Marcada para o dia 7 de novembro, o senador Romero Jucá, adiou a convenção nacional do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Segundo especulações o motivo teria sido para não dar tribuna aos demais filiados que até então, aproveitariam a oportunidade para realizar críticas contra o presidente Michel Temer e também ao senador.

 

Por  Edson Rodrigues

 

O adiamento comunicado por meio de nota à imprensa e filiados traz a assinatura do presidente nacional do partido.  Jucá diz na nota que "organizará internamente a reestruturação programática e as novas bandeiras do partido, que serão aprovadas, em convenção, no mesmo dia em que o partido voltará a se chamar MDB".

 

Antes de escrever a nota, Jucá conversou com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria de Governo), ambos também integrantes da Executiva Nacional. Sem data definida, o texto em momento algum cita a consulta ou votação dos membros do diretório para a tomada de decisão, com relação retomada da sigla utilizada pelo PMDB durante maior parte do regime militar.

 

Em alerta, o grupo concluiu que a convenção se transformaria num palanque de críticas contra o governo, num período em que a imagem de Michel Temer está desgastada, e hoje possui um dos piores índices de popularidade entre todos que já ocuparam a função no Palácio do Planalto.

 

Santa Catarina anuncia o boicote

Na segunda-feira, 30 de outubro, o PMDB catarinense formalizou após a reunião da executiva estadual que os filiados e delegados do partido não participariam do encontro. O grupo, presidido no Estado pelo deputado federal Mauro Mariani, emitiu uma nota à imprensa no qual traz o argumento de que em Santa Catarina os peemedebistas lutam pela renovação do diretório nacional.

 

“O PMDB catarinense entende que a atual executiva nacional não tem legitimidade para dar encaminhamento a questões como a mudança do nome da sigla ou à adoção de uma política de integridade, governança e compliance do partido. Se faz necessária a renovação do comando nacional. O momento exige coragem e responsabilidade com o Brasil”, diz a nota.

 

Peemedebistas apoiam o boicote

Nos últimos dias, a decisão de boicote divulgada pelo diretório de Santa Catarina parecia ter ganhado uma legião de adeptos, o que poderia ocasionar na destituição dos cargos da atual gestão. Nos bastidores, comenta-se que lideranças de vários estados, da cúpula nacional da sigla, assim como membros do Diretório Nacional com direito ao voto, aliados a um grupo de políticos, descontentes com o governo do presidente Michel Temer e com a direção nacional estavam com tudo pronto para explodirem uma bomba na reunião do partido.

 

Segundo informantes, o grupo tinha número suficiente de aliados que destituiriam do cargo de presidente nacional do PMDB o senador Romero Jucá, o que deixaria o partido assim como a gestão do governo federal em maus lençóis. Como todos sabem, no entanto, principalmente na política, não faltam Judas, aqueles famosos traidores, delatores.

 

E provavelmente foi o que aconteceu durante essa articulação do grupo opositor a Jucá. Alguém revelou o plano e a partir da situação o presidente optou pelo adiamento da convenção nacional, no intuito de desarticular, pelo menos por enquanto uma divisão entre os filiados no partido, o que geraria um total descontrole da cúpula nacional do partido diante dos demais membros.

 

Armadilha

Os boatos que chegaram ao Palácio do Planalto, assim como a demais pessoas que difundiram a informação, é de que o senador Renan Calheiros e alguns deputados federais estão dando total e irrestrito apoio ao movimento rebelde. Nos bastidores, comenta-se também que membros de quatro estados buscam o controle do PMDB e a destituição de Romero Jucá da presidência. Além de Santa Catarina, que já declarou oposição ao senador, políticos de outros três estados estariam envolvidos na trama, dentre eles o Tocantins.

 

Até o momento, a única confirmação do PMDB é a decisão de Romero Jucá em adiar a convenção, mas especuladores destacam a possível participação de Pernambuco e do Paraná, não por acaso ameaçados de intervenção por Jucá, assim como a debandada de alguns diretórios a candidatura do ex-presidente Lula.

 

Beco sem saída

Dentre os 26 estados e o Distrito Federal, existe a possibilidade de nove aderirem ao boicote. Com um terço dos diretórios a oposição teria número para convocar uma nova convenção no intuito de eleger outro grupo para o comando do partido. Diante de tantos bochichos o senador Romero Jucá recuou, no entanto uma coisa é certa, o maior partido político do Brasil, que atualmente possui o maior número de filiados, prefeitos, governadores, deputados e vereadores aparentam descontentamento com a sigla. O que pode resultar na saída de Jucá da presidência do Partido, ou de filiados que já não se sentem mais representados pelo grupo.