Dalton Trevisan, o Vampiro de Curitiba, morre aos 99 anos

Posted On Terça, 10 Dezembro 2024 04:18
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Trevisan é um dos maiores contistas da literatura brasileira. Trevisan é um dos maiores contistas da literatura brasileira.

Um dos principais contistas da literatura brasileira faleceu de causas naturais, na residência em que morava sozinho, na capital paranaense

 

 

Por Jorge de Sousa

 

 

Dalton Trevisan, conhecido como o Vampiro de Curitiba, morreu nesta segunda-feira (9), aos 99 anos. O escritor é considerado um dos principais contistas da literatura brasileira e faleceu de causas naturais, na residência em que morava sozinho na capital paranaense.

 

Trevisan recebeu o apelido Vampiro de Curitiba pelo perfil reservado e por raramente conceder entrevistas, fazer aparições públicas e não aceitar ser fotografado.

 

O contista nasceu em 14 de junho de 1925 em Curitiba e sempre morou na capital paranaense, cidade que inspirou Trevisan a criar personagens e universos da maioria dos livros.

 

Antes de iniciar a carreira de contista, Trevisan trabalhou na juventude na fábrica de vidros da família e se graduou em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

 

Enquanto estava na faculdade, a carreira como contista também começou para Trevisan. Os primeiros contos do autor eram publicados em folhetos menores, a maioria feitos por estudantes da UFPR.

 

Mas em 1946, Trevisan lançou a revista Joaquim, que rapidamente fomentou a produção literária na capital paranaense.

 

Nomes como Antonio Cândido, Mário de Andrade, Otto Maria Carpeaux e Carlos Drummond de Andrade publicaram textos no folhetim, que ainda contava com traduções de obras de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide.

 

A publicação foi mantida até 1948 e contou com os dois primeiros livros escritos por Trevisan: Sonata ao Luar e Sete Anos de Pastor. Curiosamente, o contista renegou ambas as obras anos depois.

 

Curitiba ganhou mais destaque com as obras de Trevisan com obras como Guia Histórico de Curitiba, Crônicas da Província de Curitiba, O Dia de Marcos e Os Domingos ou Ao Armazém do Lucas, todas lançadas na década de 1950.

 

Trevisan sempre reforçou a importância da capital paranaense em suas produções, em especial, as tramas cotidianas de uma capital, que carrega e preserva as origens provincianas no dia a dia.

 

Em 1959, Novelas Nada Exemplares foi lançado e com essa publicação Trevisan se tornou de forma definitiva reconhecido nacionalmente. A obra rendeu ao contista o Prêmio Jabuti, sendo essa a principal premiação da literatura brasileira.

 

A década de 1960 marcou o lançamento de alguns dos principais livros de Trevisan como Morte na Praça, Cemitério de Elefantes, O Vampiro de Curitiba e A Guerra Conjugal, sendo que esse último foi adaptado para o cinema e exibido na edição de 1975 do Festival de Cannes.

 

Em 1994, Trevisan lançou um dos trabalhos mais laureados da carreira. Ah, é?. O livro conta com ilustrações do renomado artista plástico Poty Lazzarotto, a obra aborda de forma minimalista e irônica diversas situações cotidianas da capital paranaense.

 

Um dos últimos livros publicados por Trevisan é A Polaquinha, o único romance lançado pelo autor na carreira.