DECISÃO SOBRE PRISÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA PELO STF PODE MUDAR QUADRO ELEITORAL NO TOCANTINS, PRINCIPALMENTE EM PALMAS. FORÇAS ARMADAS EM ALERTA

Posted On Domingo, 27 Outubro 2019 05:15
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REFLEXÃO DE DOMINGO

 

Porto Nacional, aos 27 dias do mês de outubro de 2019

 

DECISÃO SOBRE PRISÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA PELO STF PODE MUDAR QUADRO ELEITORAL NO TOCANTINS, PRINCIPALMENTE EM PALMAS. FORÇAS ARMADAS EM ALERTA

 

 

A conclusão do julgamento sobre prisão após condenação em segunda instância, atualmente com placar de 4 x 3 a favor da manutenção da Lei, caso tenha um desfecho contrário à jurisprudência, liberando os condenados já presos, pode beneficiar especificamente o ex-presidente Lula, preso desde o dia 7 de maio de 2018.

 

 

Caso Lula seja solto, sua liberdade pode trazer reflexos instantâneos no panorama político do Tocantins, principalmente em Palmas, Porto nacional e em todos os diversos municípios onde há assentamentos do MST e a presença de movimentos sindicais e sociais que ganharam força nos 13 anos de governo do PT, com Lula e Dilma, e também nos municípios mais pobres, onde o Bolsa Família ainda é a principal fonte de renda de milhares de cidadãos.

Nesses municípios os tempos em que o governo do PT liberou recursos para a compra de glebas de terra, insumos agrícolas, motos, gado, eletrodomésticos da “linha branca” e promoveu cursos profissionalizantes, ainda são considerados como “os bons tempos” e, caso Lula consiga sua liberdade, será endeusado, considerado um “mártir” dos pobres e pode provocar uma profunda mudança no quadro sucessório, beneficiando os candidatos e os partidos alinhados com o PT.

 

PALMAS

Em Palmas, onde milhares de famílias estão com seus nomes do SPC/Serasa por conta das demissões promovidas tanto do governo Estadual quanto pela prefeitura, as pesquisas de consumo interno já apontam uma rejeição massiva contra o candidato do governo do Estado, Wanderlei Barbosa e contra a prefeita, Cinthia Ribeiro, juntando-se a isso as operações rotineiras das Polícias Federal e Civil no combate à corrupção, partidos como o Solidariedade e MDB com contas bloqueadas, só aumenta a vontade desses eleitores em estar cara a cara com quem os demitiu, dentro da cabine eleitoral, aproveitando para não só se vingar de quem os desprezou, mas para ajudar na limpeza ética que as operações das Polícias Federal e Civil deram início.

A permanência do presidente estadual do MDB, o ex-governador Marcelo Miranda, na prisão e outras operações referentes à lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e prevaricação, prestes a serem deflagradas a qualquer momento, além das duas delações – uma feita em dezembro do ano passado e outra em abril deste ano – são outros ingredientes que, somados à soltura de Lula,  e à uma movimentação do PT e de seus partidos aliados no momento oportuno, certamente terão muito peso na hora do voto dos eleitores.

 

CALCANHAR DE AQUILES

O único “calcanhar de Aquiles”, ou seja, o ponto fraco do nome Luiz Inácio Lula da Silva, é que até mesmo o seu eleitorado não esqueceu dos escândalos de corrupção em que se meteu e o fato do ex-presidente poder ganhar a liberdade apenas de movimentação e, não política.

Mesmo libertado por uma hipotética decisão do STF, nada mudaria sobre a condição de inelegibilidade do ex-presidente. Especialistas ouvidos pela imprensa nacional citam a Lei da Ficha Limpa, que veta candidaturas de condenados em segunda instância - caso do petista, sentenciado e preso na Lava Jato.

Em referência à situação do petista, o presidente do TSE, ministro Luiz Fux, já disse que um político "sabidamente inelegível" não pode "provocar" a Justiça para ser candidato. Segundo ele, um condenado em segunda instância não pode concorrer, a menos que consiga uma liminar.

"O candidato que sabe que não pode se candidatar, mas se candidata para provocar uma situação sub judice, isso aí é absolutamente inaceitável", afirmou Fux.

 

ELEITORADO SE MANIFESTA

O que vem provocando outro corre-corre nos partidos são os resultados das pesquisas feitas para consumo interno sobre os nomes que cada um dispõe para encabeçar sua chapa majoritária.  O alto índice de rejeição aos nomes à disposição vem junto com uma enorme preferência por nomes novos, ligados aos ramos empresarial e do agronegócio, principalmente os bem sucedidos em suas atuações como administradores e gestores.

Essa tendência deu a largada na “garimpagem” de bons nomes desses setores para a composição das chapas de todos os partidos, provocando um verdadeiro abalo nos mais tradicionais, que sempre apostaram na velha política e que, agora, precisam se adaptar a voz que vem das ruas.

A rejeição aos nomes mais conhecidos é enorme entre o eleitorado palmense, que exige uma oxigenação nos partidos, tendo como exemplo os locais, muito mais tradicionais que o Tocantins, em que empresários e administradores assumiram prefeituras e governos estaduais e transformaram governos que estavam na pré-história burocrática em exemplos de agilidade e resultados.

 

ONDE DEU CERTO

O número de empresários eleitos prefeitos no 1º turno saltou de 700, há sete anos, para 828, nas últimas eleições municipais, em 2016. O aumento de 128 representantes foi o maior entre todas as profissões, indica levantamento feito pelo Repositório de Dados Eleitorais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Profissão com a mais alta quantidade de representantes entre os novos prefeitos, o número de empresários equivale a 15% do total de eleitos para os Executivos municipais. Em 2012, a taxa de empresários entre os eleitos era de 12%.

Os eleitos foram nomes de peso no meio empresarial, como João Doria Jr. (PSDB) – Prefeito de São Paulo (SP); Udo Döhler (PMDB) – Prefeito de Joinville (SC); Vittorio Medioli (PHS) – Prefeito de Betim (MG); Airton Garcia (PSB) – Prefeito de São Carlos (SP); Hildon Chaves (PSDB) – Prefeito de Porto Velho (RO) e Alexandre Kalil (PHS) – Prefeito de Belo Horizonte (MG), entre outros.

A ideologia do bom gestor empresarial para solucionar problemas municipais, nasceu da necessidade de superação da lógica burocrática na administração pública, e carrega um conteúdo ético-político que é costumeiramente apropriado pelos partidos liberais e conservadores desde de os anos 1980 e, hoje, com os bons resultados alcançados pelos eleitos, continua servindo de “bandeira” à uma linguagem eleitoral pautada no transporte do ambiente empresarial para o ambiente da gestão pública, um perfil particular de liderança que teve sua imagem inicial atrelada à atuação de Margareth Thatcher na Inglaterra e Ronald Reagan nos EUA.

Descentralização, desregulamentação e desburocratização são os princípios motores da liderança empresarial tida como apta a comprovar que a orientação para o mercado melhora o desempenho dos serviços públicos.

 

O QUE IMPORTA É O NOVO

Seja qual for o resultado do julgamento no STF, e o posicionamento adotado por Lula e pelo PT, os partidos sabem que nada muda em relação à preferência popular por novos nomes apontada nas pesquisas, e que novas pesquisas terão que ser feitas em Palmas, a partir do novo cenário político nacional que irá se instalar.

Mesmo com a maior parte da pirâmide de eleitores composta por cidadãos que ganham entre um e dois salários mínimos e por desempregados – cenário que abrange não só Palmas, mas os 139 municípios – essa nova medição só terá validade se realizada após o Carnaval de 2020, quando, tradicionalmente, começa o ano no Brasil, pois, já estarão em pauta os efeitos do julgamento no STF, a liberdade ou não de Lula e a situação econômica do País.

Até lá, tudo é apenas suposição.

 

O QUE PENSAM OS MILITARES

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que pode possibilitar a soltura de uma série de criminosos envolvidos com a prática de corrupção e outros crimes, conseguiu mobilizar o Alto Comando do Exército.

Os generais estão extremamente preocupados, notadamente com a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A libertação de Lula, conforme avaliação dos militares, não poderia vir em pior momento. Em países vizinhos em convulsão social, o temor é deixar espaços para a reorganização das esquerdas.

Segundo o Estadão, militares brasileiros estariam monitorando os protestos no Chile, Equador, Peru e Colômbia, além das eleições na Argentina. Para os generais, o cenário externo pode fomentar o discurso da esquerda para se reaglutinar com Lula fora da prisão.

 

PARA EDUARDO GOMES “PT JÁ É UM ADVERSÁRIO CONHECIDO”

Em entrevista à revista VEJA, o senador Eduardo Gomes, eleito o mais votado do Tocantins, um dos principais articuladores políticos e líder do governo Bolsonaro, afirmou que “o momento é de otimismo na tratativa política”.

Confira as respostas às perguntas sobre a possibilidade de Lula ser solto:

VEJA - Considerando este cenário de polarização existente, uma eventual soltura de Lula é boa para um governo eleito na esteira do antipetismo?

EDUARDO GOMES - Antes, Bolsonaro respondia por sua campanha. Agora, pelo seu governo, que tem linhas definidas e que busca o desenvolvimento. Qualquer enfrentamento político pensando em uma próxima eleição terá um componente que é a avaliação de seu governo. Acredito que o presidente Bolsonaro esteja pronto para enfrentar qualquer adversário. O PT já é um adversário conhecido.

VEJA - Mas o embate direto com Lula é uma saída inteligente?

EDUARDO GOMES - A visão de quem governa é reflexo do resultado de seu governo. Isso muda o espaço para debate. Se o governo estiver bem, cumprindo os seus projetos, se a economia estiver numa crescente, a história mostra que o debate ideológico mais ferrenho fica em segundo plano. A população escolhe a estabilidade, o crescimento. Não teremos fácil uma eleição tão acirrada, do ponto de vista ideológico, como foi a passada.