Derrota de Cinthia na Câmara tem cheiro e sabor de Portugal

Posted On Segunda, 08 Julho 2024 12:15
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O Observatório Político de O Paralelo 13 já havia aventado a hipótese da viagem a Portugal do governador Wanderlei Barbosa e do senador Eduardo Gomes, a convite do ministro Gilmar Mendes, para participar do Fórum de Lisboa, servir, além de conferir prestígio às suas carreiras, para que os dois maiores líderes políticos tocantinenses terminassem de unir os pontos de uma articulação, que já se desenhava há tempos, de ação conjunta não só nas eleições municipais deste ano, mas visando as eleições majoritárias de 2026

 

 

Por Edson Rodrigues

 

 

Pois quando a Câmara Municipal de Palmas rejeitou a contração de quatro pedidos de empréstimos apresentados pela prefeitura durante o mês de junho, muita gente se lembrou de que os presidentes estaduais do PL, Eduardo Gomes e do Republicanos, Wanderlei Barbosa, estavam em uma busca conjunta por soluções políticas nos 139 municípios tocantinenses.

 

Ao todo, a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) pretendia pegar mais de R$ 650 milhões com bancos. O dinheiro seria usado para compra de ônibus e obras públicas. O resultado apertado, 9 x 7, mostrou que votos foram mudados e que a influência de Cinthia Ribeiro na Câmara Municipal de Palmas deixou de ser tranquila e previsível.  Alguns vereadores que votavam rotineiramente em favor dos pedidos da prefeita, ou mudaram seus votos ou arrumaram formas de não participar da votação.

 

JOGO DE GENTE GRANDE

 

Essa aproximação dos dois principais líderes políticos do Tocantins aconteceu de forma natural, e já vinha sendo ensaiada e trazida ao conhecimento dos tocantinenses pelas páginas de O Paralelo 13.

 

Senador Eduardo Gomes o governador Wanderlei Barbosa e o embaixador do Brasil em Portugal Raimundo Silva 

 

Wanderlei Barbosa, governador e presidente estadual do Republicanos. Eduardo Gomes, senador da República e presidente do PL tocantinense. Wanderlei Barbosa, o segundo governador mais popular do Brasil. Eduardo Gomes, senador reconhecido nacionalmente por sua atuação parlamentar e capacidade de articulação, referência para a mídia nacional quando o assunto é explicar a política de forma fácil de ser entendida, maior carreador de recursos federais para os 139 municípios tocantinenses e para o próprio governo do Estado, e objeto de desejo até do PT, do presidente Lula, que já usou seu líder no Congresso, senador Randolfe Rodrigues para convidar o tocantinense para compor com o governo federal (convite gentilmente recusado, diga-se de passagem).

 

Wanderlei Barbosa vem enfatizando, durante suas duas gestões, a importância do senador Eduardo Gomes para o bom andamento de sua gestão e afirmou com todas as palavras que votou em Eduardo Gomes para deputado federal e para senador, e que pretende votar nele, novamente em 2026.

Já Eduardo Gomes, todas as vezes em que discursa para multidões tocantinenses, faz questão de ressaltar a excelência das gestões de Wanderlei Barbosa, de quem é amido desde os tempos de vereança, na Câmara Municipal de Palmas.

 

Essa viagem a Portugal deu o tempo e o local necessário para que Wanderlei Barbosa e Eduardo Gomes pudessem, sem intermediários, discutir entre si, de acordo com as diretrizes traçadas por seus grupos políticos, os caminhos políticos a serem percorridos a partir destas eleições municipais deste ano, visando as eleições majoritárias de 2026, sempre tendo o povo tocantinense como o principal beneficiário.

 

AÇÃO IMEDIATA, DERRETIMENTO IMINENTE

 

E o início de “sintonia fina” entre Wanderlei e Eduardo Gomes pode ser que já tenha se consolidado nessa última quinta-feira, no Plenário da Câmara Municipal de Palmas, com o impedimento da contração da dívida de mais de 600 milhões de reais pretendida pela gestão de Cinthia Ribeiro no “apagar das luzes”.  E esse impedimento veio com os votos de seis vereadores do PL, partido de Eduardo Gomes e de seu irmão, André Gomes, vice-prefeito e presidente metropolitano da sigla, e três votos de vereadores do Republicanos, partido presidido no Estado por Wanderlei Barbosa.

 

Terá sido esse resultado apenas coincidência, em consonância do que está sendo articulado pelos dois maiores líderes políticos do Tocantins na atualidade?

 

Essa é a leitura política que deve ser feita sobre a derrota inesperada de Cinthia Ribeiro na Câmara Municipal: uma derrota com gosto cheiro de Portugal.

 

Vice prefeito de Palmas e presidente do PL de Palmas André Gomes

 

Essa derrota pode marcar o início do derretimento político de Cinthia Ribeiro, que começou em seu segundo governo, em que tinha 100% de apoio do senador Eduardo Gomes, que indicou seu irmão, André Gomes para ser o vice-prefeito. Pois Cinthia e seu grupo principal de auxiliares relegaram André Gomes a uma “geladeira política”, transformando-o em um vice-prefeito decorativo, em que foi ignorado e isolado de qualquer ato político da gestão da qual foi um dos maiores colaboradores em número de votos, para que pudesse se transformar em realidade. Esse isolamento da figura do vice-prefeito André Gomes se estendeu, também, ao senador Eduardo Gomes, a quem Cinthia Ribeiro Mantoan dedicou uma ingratidão crescente, e incoerente em relação ao apoio que recebeu do congressista em sua campanha pela reeleição.

 

Cinthia Ribeiro Mantoan, também, nunca manteve um relacionamento próximo com a Câmara Municipal, não tem costume de receber vereadores, com exceção do presidente da Casa, Folha Filho e não tem em sua gestão uma pessoa forte para ser seu interlocutor.

 

Prefeita Cinthia e Eduardo Montoan

 

Cinthia tem, hoje, uma “mulher-forte”, em sua gestão, que é Mila Jaber, sua secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Humano, que cuida de sua gestão, mas não há, definitivamente, um articulador político em seu governo. No momento, quem faz esse papel é seu esposo, deputado estadual Eduardo Mantoan, mas, pelo visto, não conseguiu evitar a derrota na Câmara Municipal.

 

Não se pode, de forma alguma, depreciar a gestão de Cinthia Ribeiro. Há inúmeras boas ações públicas, com bons resultados. Da mesma forma, há setores da sua gestão que deixam, claramente a desejar, como o transporte coletivo urbano e o transporte escolar, por exemplo.

 

A intervenção da prefeitura no transporte público se mostrou ineficaz, sem conseguir mostrar os resultados que se achava capaz de produzir ao assumir a função, diminuindo a qualidade do que já era ruim, deixando os usuários com ainda mais problemas e se sentindo desrespeitados por confiar nas promessas do Paço Municipal.

 

Já o transporte escolar é uma área que não se pode nem tecer comentários, com algo próximo ao descaso com crianças e jovens que dependem desse serviço essencial para terem acesso às escolas e, consequentemente, ao conhecimento.

 

Daqui pra frente, após a “reunião em Portugal” e os primeiros sinais de que há um alinhamento entre o PL e o Republicanos, a prefeita Cinthia Ribeiro precisa se preparar para daqui a seis meses estar transferindo sua gestão para outras mãos, seja para Janad Valcari, seja para Educardo Siqueira Campos, Carlos Amastha  ou Júnior Geo e, pelo menos, conseguir sair pela porta da frente da prefeitura.

 

Vamos dar tempo ao tempo...

 

Última modificação em Segunda, 08 Julho 2024 12:53