EDITORIAL

Posted On Domingo, 21 Agosto 2016 17:29
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COM INTEMPERANÇA E AGRESSÕES VERBAIS, NÃO HÁ COMO ESTABELECER DIÁLOGO, E GREVE CONTINUA

 

Por Edson Rodrigues

 

Como sempre ressaltamos aqui, em O Paralelo 13, sabemos e respeitamos da legalidade da greve, assegurada na Constituição como direito de todo e qualquer trabalhador.

Infelizmente, no Tocantins, o direito a greve está sendo deturpado pelos sindicatos e entidades representativas que, agindo à revelia do momento econômico, deflagraram um movimento que, ao contrário de pressionar a quem de direito, no caso, o Estado do Tocantins, acabou por prejudicar exatamente o cidadão comum e, o pior, na maioria dos casos, os próprios trabalhadores que alegam defender.

Ao perceberam os apelos uma trégua, pelo diálogo, os dirigentes dos sindicatos e das entidades representativas seguem em sua saga de (in)oportunismo, abraçando pela frente e apunhalando pelas costas, já que simularam a abertura do diálogo procurando a Assembleia Legislativa e a Ordem dos Advogados do Brasil enquanto usaram as palavras “mentiroso” e “gaiato” para definir o governador Marcelo Miranda.

Ora.  A conta é simples: quem quer dialogar não começa ofendendo a outra metade do diálogo.

LAÇOS DESFEITOS

Atacar a quem se cobra alguma coisa é, no mínimo, impróprio, pois mina as possibilidades de se receber o que é devido.  O pior é cobrar de quem se sabe que não tem como pagar, como é o caso da greve no Tocantins. Os ataques à pessoa do governador Marcelo Miranda apenas ressaltam o destempero e a forma com que age o comando da greve.

O problema é como confiar em que entra num paiol com um fósforo aceso.  É confiar em quem coloca explosivos nos dois lados da ponte e permanece sobre ela.

O que dizer de quem planejou uma greve há mais de seis meses, vê a situação econômica do País e do Estado se deteriorar e, ao invés de se adequar à nova realidade, se apega à ideia inicial, sem se dar conta de que isso só penaliza a quem se quer defender.

JOGANDO A CONTA NO COLO DO POVO

Será que os líderes dessa greve já prestaram atenção no quadro econômico atual, em que a União negocia com os Estados e rola o pagamento das suas dívidas por saber que as unidades federativas não têm como pagar?  Em que salários são congelados e aumentos adiados para que haja possibilidade de crescimento para os Estados? Em que a população (mais uma vez, o povo), aceita que a conta caia de novo em seu colo e se submete a pagar impostos mais caros, apostando na volta do crescimento, do progresso e dos dias de bonança?  Em que empresários e comerciantes criam maneiras mirabolantes de cortar os gastos sem prejudicar os seus empregados para que a economia tenha como girar, com produção e consumo?

Ou será que os líderes dessa greve não perceberam que quem vai pagar a conta de sua teimosia será o povo – e que se entende por “povo”, também, os servidores estaduais que representa – que ficará sem salário, os comerciantes, que ficarão sem movimento em seus estabelecimentos, os empresários, que não terão a quem fornecer seus produtos e serviços e a população em geral, que ficará sem o atendimento da Saúde Pública, sem uma Segurança Pública eficiente, sem a Educação Pública funcionando e, finalmente, sem a menor perspectiva de que o Tocantins saia da recessão nos próximos cinco anos?

Os líderes da greve não perceberam que ela não significa apenas um movimento de paralização em busca de ter as demandas dos servidores públicos estaduais atendidas.  A greve que assola o Tocantins é, hoje, uma  bomba-relógio com efeito cascata, que vai explodir daqui a dois ou três anos e que vai roubar o futuro de quase uma geração de tocantinenses.

Isso se já não começou a roubar o presente, também, já que muitas vidas podem ser perdidas com a Saúde e a Segurança Pública fora de combate.

Se querem diálogo, se querem trégua, que hajam conforme reza a boa política, a boa vizinhança e o bom senso. 

Que cessem os ataques e comecem os debates!