Ele comentou o assunto em live promovida pelo jornal Correio Braziliense sobre o papel do sistema financeiro na retomada da economia, nesta quinta-feira (2/7)
Por Alessandra Azevedo
Entre vários elogios às medidas de enfrentamento à crise do novo coronavírus, o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), aponta um problema: a dificuldade para que o crédito oferecido pelo Banco Central às micro, pequenas e médias empresas chegue à ponta. Ele comentou o assunto em live promovida pelo Correio sobre o papel do sistema financeiro na retomada da economia, nesta quinta-feira (2/7).
Gomes afirmou que "há uma impressão de delay (demora)" entre a aprovação, pelo Parlamento, do programa de oferta de crédito e o atendimento, depois. A crítica é comum entre pequenos empresários, que são responsáveis pela maioria dos empregos no país, mas nem sempre conseguem acesso aos recursos. "De todas matérias discutidas recentemente, talvez seja a com maior questionamento sobre a possibilidade de atendimento do sistema financeiro e dos bancos", observou o senador.
"Alguma coisa no sistema precisa funcionar melhor para que a gente não tenha essa sensação de delay. Milhões de pequenos empresários recebem notícia de oferta de crédito, e essa resposta demora a chegar", cobrou Gomes. Ele avalia que o Congresso cuidou bem dos CPFs, da localização dos brasileiros para receber o auxílio emergencial, "mas ainda pouco se fez em relação ao CNPJ, àqueles que geram dev verdade empregos".
Apesar da ressalva, o senador pontuou que os parlamentares entendem a importância do setor financeiro, principalmente na crise, e querem tirar do papel os planos para melhorar a atuação dos bancos. "Os outros setores todos, sem exceção, dependem da saúde do sistema financeiro para avançar e terem condição de gerar emprego e renda", disse.
Ambiente favorável
A configuração atual do Senado e da Câmara, para Gomes, deve ajudar na aprovação de projetos relacionados ao setor, como o da autonomia do Banco Central. Na visão dele, o Congresso vive um "momento histórico", com dois presidentes "com capacidade de diálogo" para levar a agenda de reestruturação econômica para a frente: o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Na liderança do governo no Congresso há quase nove meses, Gomes também elogiou o presidente Jair Bolsonaro pela "coragem" de ter tomado medidas de ajuste fiscal, como propor a reforma da Previdência, no ano passado. "Ele fez do ano de 2019 um ano de muito esforço para que, em 2020, a gente tivesse as condições adequadas para atender às maiores emergências do país neste momento", afirmou.
Gomes acredita que é preciso aproveitar a boa disposição do Congresso para resolver pendências que vão ajudar na crise. Ele defende, por exemplo, a retomada de debates sobre reformas e diz ter "certeza absoluta" que mudanças estruturais vão contribuir para baratear o crédito. Para ele, "só tem uma coisa pior do que o crédito caro: o crédito desregulado".