Ministro do STF acatou pedido da PGR pela instauração de três inquéritos sobre participação do aliado de Temer em fraudes no Ministério do Trabalho
Por iG São Paulo
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin autorizou a abertura de três inquéritos para apurar esquema de irregularidades no registro de sindicatos junto ao Ministério do Trabalho . Entre os alvos das novas investigações está o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), responsável pela articulação política do governo Michel Temer.
Carlos Marun será investigado por suspeita de associação criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele foi citado em depoimento prestado por um dos delatores que alimentam as investigações da Operação Registro Espúrio, que trata das irregularidades no Ministério do Trabalho. Segundo esse delator, uma secretária de Marun (que também será investigada) repassou pedido do político para facilitar o registro de três sindicatos no Mato Grosso do Sul.
O pedido de abertura de inquéritos para investigar Marun foi apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na ocasião em que foram denunciados 26 pessoas por suposto envolvimento no esquema. Entre aqueles denunciados estavam o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, sua filha, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), e o ex-ministro do Trabalho, Helton Yomura.
Em julho, Marun foi alvo da terceira fase da Operação Registro Espúrio justamente pela suspeita de ter encabeçado esquema para facilitar o registro de sindicatos em seu reduto político, o estado do Mato Grosso do SUl.
De acordo com a PGR, o esquema investigado durante cerca de um ano consistia na cobrança de vantagens indevidas como pagamentos a servidores públicos, financiamento e votos aos partidos e agentes políticos, em troca da concessão fraudulenta de registro sindical.
As entidades que aceitavam participar do esquema furavam a fila no Ministério do Trabalho para obter o registro sindical, o que ocorria por ação de servidores que "fabricavam" decisões, pareceres, despachos e relatórios para beneficiar os corruptores. Para isso, as entidades chegavam a pagar até R$ 3,5 milhões, de forma dissimulada, por meio de contratos fictícios firmados com lobistas e advogados.
Defesa diz que Carlos Marun é alvo de "intimidação"
Em nota, Carlos Marun afirmou que recebeu a notícia da abertura dos inquéritos com "tranquilidade" e se disse vítima de "intimidação sob forma de inquérito". "Nada fiz que extrapole as minhas funções previstas no ordenamento jurídico e não recebi nenhuma vantagem, devida ou indevida, pelas ações que desenvolvi em prol de sindicatos de Mato Grosso do Sul", defendeu-se o ministro.