General do Exército diz à PF que Bolsonaro lhe apresentou duas minutas de golpe

Posted On Quarta, 06 Março 2024 06:03
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Jair Bolsonaro apresentou minuta de golpe, afirma Freire Gomes Jair Bolsonaro apresentou minuta de golpe, afirma Freire Gomes

Depoimento do general Freire Gomes corresponde com apreensão feita pela PF no gabinete de Jair Bolsonaro

 

 

Com Site Terra

 

 

O depoimento do general Marco Antonio Freire Gomes à Polícia Federal (PF) traz novas revelações sobre a tentativa de golpe em 8 de janeiro do ano passado. Isso porque, segundo ele, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, teriam apresentado dois documentos com a minuta dos atos golpistas. 

 

Freire Gomes foi ouvido pela PF na última sexta-feira, 1, e a conversa chamou a atenção por implicar diretamente o ex-presidente na trama. Quem também confirmou a ação de Jair Bolsonaro às autoridades foi o brigadeiro Carlos de Almeida Batista Jr. As informações são da jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo. 

 

 

Os depoimentos correspondem com a apreensão realizada pela PF no gabinete de Bolsonaro dentro da sede do Partido Liberal (PL). Durante a ação, a polícia encontrou a minuta citada por Freire Gomes, o que comprovaria a declaração dada pelo militar. 

 

Segundo o relato do general, Bolsonaro não só apresentou a minuta pessoalmente como também chamou o general Estevam Theophilo no Alvorada para mostrar o "firme propósito de implementar o que estava escrito". Theophilo é comandante do Coter, o comando das Operações Terrestres.

 

Às autoridades, Theophilo disse que foi à reunião no Palácio a mando de Freire Gomes. No entanto, o próprio Freire Gomes negou a informação para a PF, e disse que a ordem não partiu dele. 

 

Segundo o jornal O Globo, o depoimento é esclarecedor, mas existe dúvida em torno do general. Por exemplo, a PF deve buscar o motivo pelo qual ele não denunciou o que estava sendo preparado, nem se mobilizou para desfazer os acampamentos que estavam sendo colocados diante dos quartéis. 

 

Por um lado, a versão apresentada pelos militares defende que havia um parecer jurídico que considerava  desfazer os acampamentos um caso de segurança pública e não uma atribuição do Exército. Por outro, há indícios de que os próprios militares chegaram a enviar tropas para impedir a retirada dos acampados que pediam o golpe de estado. 

 
Com os depoimentos de Freire Gomes e Carlos de Almeida Batista Jr, a última fase da busca e apreensão, a análise dos celulares e a delação do ajudante de ordens Mauro Cid vai se confirmando. O tenente-coronel ainda deve ser convidado a prestar depoimento mais uma vez.

 

Cid está envolvido em várias investigações, incluindo o caso das vacinas, que tem previsão de terminar nos próximos quinze dias. Neste processo, ele deve ser indiciado na fraude dos certificados de vacinação, assim como o ex-presidente e outros envolvidos. Junto a Bolsonaro, o ajudante de ordens também responderá no caso das joias. 

A mais relevante das três investigações, claro, é a da conspiração para um golpe militar no Brasil. Ao que tudo indica, o indiciamento dos culpados não deve demorar muito. Segundo Míriam Leitão, a expectativa é de que essa fase se inicie ainda no meio do ano.