Novo pacote sobre gastos públicos oxigena economia de estados e municípios, mas poderia ter sido lançado antes. Lula titubeia
Por Luciano Moreira
O governo Dilma tenta mostrar que não está paralisado por causa do processo de impeachment, e apresentou ontem uma série de propostas que alteram as regras sobre os gastos públicos.
Uma delas é o projeto de lei complementar que trata da renegociação das dívidas estaduais, o que pode abrir espaço para que esses governos possam gastar R$ 45,5 bilhões entre 2016 e 2018. Somente em 2016, serão R$ 9,6 bilhões.
Conforme já anunciado pelo governo, Estados e municípios terão mais 20 anos para pagar suas dívidas com a União. Foi autorizada ainda a renegociação das operações de crédito contratadas até 2015 junto ao BNDES, com prazo adicional de dez anos, sendo que há carência do principal por quatro anos. Nesse período, pagase apenas os juros.
O problema é que para ter direito ao benefício, os Estados deverão atender algumas exigências, o que soa como uma “intervenção branca” nas diretrizes estaduais. Durante 24 meses, ficam proibidos: novos reajustes salariais do funcionalismo, novos benefícios fiscais e nomeação de novos servidores. Também é necessário limitar o crescimento da despesa à variação da inflação e reduzir a despesa mensal com cargos de confiança em 10% e m relação a junho de 2014.
Além disso, será cobrada uma mini reforma previdenciária do funcionalismo público estadual, com aumento de contribuição e adoção obriga tória de um sistema de previdência complementar, e a aprovação de leis de responsabilidades fiscais estaduais, entre outras exigências.
Alguns Estados pediram ainda um auxílio adicional, a redução de 40% na prestação por 24 meses. Nesse caso, haverá uma contrapartida adicional: reduzir em mais 10% a despesa mensal de cargos de confiança, limitar despesas de propaganda e publicidade e não realizar novas operações de crédito por oito anos.
Ou seja, o governo afrouxa o laço, mas quer impor como cada estado deve gerir suas finanças. Isso no momento em que o próprio governo federal amarga os piores índices econômicos em anos, o que leva a pensar nos resultados desse novo pacote: se o governo não consegue gerir as próprias contas, essa “intervenção” nos estados será benigna?
LULA COGITA “TERCEIRIZAR” SEUS SERVIÇOS
Corre à boca pequena que, após a reunião de ontem com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, o ex-presidente Lula admitiu a hipótese de renunciar ao Ministério da Casa Civil, cargo que nem sequer ocupou, para atuar como articulador informal, numa espécie de “terceirização” ou “consultoria” ao governo federal – a se valer dos preços das palestras, será que essa “informalidade” sairá barata?
A definição dependerá de decisões da Justiça sobre a legitimidade de sua nomeação.
Mesmo assim, o expresidente foi escalado por Dilma para exercer informalmente, a partir desta segunda, a articulação política do Palácio do Planalto, função típica do chefe da Casa Civil.
Enquanto isso a nomeação de Lula segue sub judice, causando e se contrapondo a cada ministro do STF escalado para julgá-la.
Será que do STF a nomeação de Lula vai virar contratação e ir direto para TCU, por acontecer sem licitação??
Mistérios do poder, específicos do governo do PT...