Tudo caminha às mil maravilhas no tocante à gestão de Wanderlei Barbosa. Contas no azul, enquadramento na Lei de Responsabilidade Fiscal, dinheiro em caixa, obras entregues e a serem entregues, popularidade em alta.
Por Edson Rodrigues
Mas, como em todo período eleitoral, o fim do céu de brigadeiro tem data marcada: após o período de Carnaval. Mais precisamente, quando iniciar a “janela” para a troca de partido sem a perda do mandato, a chamada “adesão”.
Esse perigo aumenta exponencialmente a partir do momento em que se percebe que o governador Wanderlei Barbosa não tem um interlocutor em seu grupo político, para abrir as portas nos 139 municípios tocantinenses e proporcionar a governabilidade necessária em um momento em que todos tentam trazer o máximo possível de apoio para dar sustentação às suas pretensões políticas.
O secretário de Governo Osires Damaso, um político e empresário muito bem-sucedido, após reunião com vereadores e líderes políticos de Paraíso do Tocantins, incluindo o ex-governador Moisés Avelino, confirmou sua candidatura à prefeitura da cidade, com o apoio do grupo palaciano.
Traduzindo, não será ele, Osires, quem será o interlocutor político tão necessária ao Palácio Araguaia. Isso não deixa escolha ao governador Wanderlei Barbosa escolher um de seus seguidores (claro, dentre os mais leais) que seja capaz de desenvolver uma costura política em cada um dos 139 municípios.
Osires Damaso e o governador Wabderlei Barbosa
Em todos os municípios tocantinenses há mais de um candidato a prefeito em outubro próximo, cada um com seus “padrinhos”, partidos e ideologias diferentes. Muitos deles, membros das legendas de apoio ao governo estadual. Para Wanderlei Barbosa alinhar essas tratativas sozinhos, fica praticamente inviável, ao mesmo tempo em que toca sua gestão.
DESARMAR BOMBAS E OPOSIÇÃO UNIDA
Cada município tem suas tradições políticas. Conflitos e interesses locais. Muitos dos padrinhos dessas candidaturas são senadores, deputados federais ou estaduais e até o vice-governador e membros das cúpulas dos partidos que orbitam o Palácio Araguaia.
Justamente por isso, esse interlocutor que ainda falta ao governo do Estado, precisa ter o traquejo político, a habilidade e a competência para administrar os interesses, incêndios e conflitos que podem surgir nessa busca não só pelo apoio, mas pelos holofotes do grupo palaciano. Literalmente, para desarmar bombas.
O governo precisa alinhavar muitas situações prévias, com um olho nas eleições de outubro e outro no retrovisor interno e externo, sempre atento para os obstáculos que serão plantados pela oposição e aqueles que podem ser criados pelos próprios membros mais afoitos do conglomerado palaciano.
Nos quinze principais colégios eleitorais há vantagens e desvantagens em relação às candidaturas oposicionistas e governistas.
Para o grupo palaciano não basta estar nas alturas, em termos de gestão. Tem que atuar com excelência nas ações políticas e estratégias de convencimento nessa costura, que pode, sim, se transformar em votos aos candidatos apoiados pelo governador Wanderlei Barbosa.
As eleições de outubro próximo serão um “alicerce” para as eleições estaduais de 2026. O Observatório Político de O Paralelo 13 é testemunha viva, como personagem atuante na política e com sua ação jornalística, de que o governador Wanderlei Barbosa não pode demorar muito para escolher sua “tropa de elite” entre seus aliados e, principalmente, seu interlocutor, para compor seu staff de articulações políticas.
A oposição virá unida nos principais colégios eleitorais do Tocantins, em especial em Palmas, onde querem provocar um segundo turno, quando agirá unida, em busca de impedir que o Palácio Araguaia tenha o apoio da prefeitura de Palmas em 2026, por estarem, ali, mais de 200 mil votos.
Ninguém além de Wanderlei Barbosa será o responsável pela escolha desse interlocutor político que comandará as articulações do processo sucessório dentro do seu conglomerado político, e desta forma, buscar os resultados que embasem, concretamente, suas pretensões políticas em 2026.
É certo que o Palácio Araguaia já tem seus candidatos a prefeito em Paraíso, Porto Nacional, Gurupi, Araguaína e em outros municípios. Mas a união desses interesses e de outros municípios, dependerá desse articulador.
PALMAS
Palmas é o caso mais emblemático dessa situação. Ninguém sabe mais que o próprio Wanderlei Barbosa que a oposição não pode sair vencedora na Capital. Um prefeito oposicionista no maior colégio eleitoral do Tocantins pode “contaminar” com antecedência a eleição estadual de 2026, e isso é fato.
Sem contar com a possibilidade de perda de popularidade com os conflitos que podem ser criados por uma administração oposicionista na Capital em relação aos atos do Palácio Araguaia, como já vimos em todas as gestões passadas.
E, nunca podemos deixar de levar em conta o fato de que a família do governador vem dominando, nesses quase quarenta anos de Tocantins, as eleições na Capital. Fenelon Barbosa foi o primeiro prefeito eleito de Taquaruçu/Palmas e, até hoje, nenhum membro da família Barbosa deixou de ser eleito na Capital.
Logo, seja qual for o resultado do candidato apoiado pelo grupo palaciano em Palmas, ele será ou debitado ou creditado na conta do próprio Wanderlei Barbosa, lembrando aos candidatos a vereador e a prefeito que vierem a ter esse apoio, que o Palácio Araguaia não tem “varinha mágica”, e só esse apoio não basta.
Cada um tem que fazer a sua parte, primeiro, para merecer o apoio e, depois para valorizá-lo e mostrar que também fez o seu “dever de casa” em busca dos votos.
Quem serão esses candidatos em Palmas, só o tempo dirá...