O quadro sucessório atual, no Tocantins, começa a se assemelhar com a sucessão presidencial, em que Lula e Bolsonaro lideram com folga as pesquisas de intenção de voto, tornando praticamente impossível uma “terceira via” se estabelecer como concorrente, tornando sua presença apenas decorativa no tabuleiro sucessório.
Por Edson Rodrigues
Wanderlei Barbosa e Ronaldo Dimas são os candidatos que polarizam as intenções de votos no Tocantins, tornando a sucessão estadual um terreno sem convencimento, sem sentimentos e sem segurança política para os demais candidatos.
O deputado federal e pré-candidato ao governo, Osires Damaso, por exemplo, recebeu o apoio do senador Irajá Abreu, presidente do PSD estadual, o que deu um ganho de musculatura política considerável à sua postulação, mas, ao mesmo tempo, colocou a sombra do próprio Irajá a ameaçar sua candidatura. Essa situação levou Osires a se encontrar, em Brasília, com um de seus adversários na corrida sucessória, Ronaldo Dimas, juntamente como coordenador da campanha dele, senador Eduardo Gomes.
Esse movimento de Damaso, sem a participação do coordenador de sua campanha, senador Irajá Abreu, demonstrou o quão frágil é esse apoio e essa aliança entre Osires e Irajá e que é certo que, caso a candidatura de Damaso não avance nas pesquisas de intenção de voto, o risco de Irajá “dar uma banda em Osires” e assumir, ele próprio, a candidatura ao governo.
Para deixar Osires com uma pulga ainda maior, atrás da orelha, as cúpulas nacionais do PT e do PSD iniciaram conversas sobre uma federação partidária, mesmo que isso ainda aconteça no terreno das especulações.
Mas, isso deixa claro que, a menos de 20 dias das convenções partidárias, assim como em nível nacional, a terceira via patina no próprio nascedouro, pois se apresenta sem uma bandeira, sem militância e, principalmente, com vaidades extremadas.
TRABALHO TRUNCADO
Ainda não passou da hora de acertar o trabalho pela eleição em cada grupo político. A questão é que faltam líderes que assumam o lugar dos atuais “chefetes” e imprimam sentimento de pertencimento dos militantes e das próprias chapas proporcionais em torno da causa da eleição da chapa majoritária.
O problema é que a maioria dos chefetes está mais preocupada em receber o fundo eleitoral que em eleger seus representantes. Esse “olho gordo” deixa, a cada dia, as siglas partidárias mais frágeis, com um discurso oco e sem sintonia com o que a população deseja.
Esse trabalho truncado nos demais grupos políticos, só aumenta a certeza de Ronaldo Dimas e de Wanderlei Barbosa de estarem no segundo turno, indo com tranquilidade para suas respectivas convenções partidárias. Trocando em miúdos, a desconfiança nos aliados, a falta d unidade política, a usura em relação ao fundo partidário e o excesso de chefetes fragilizaram as oposições, eliminando qualquer possibilidade de um terceira via vir a ser bem sucedida em dois de outubro.
UTI
E, para piorar a situação das oposições a Wanderlei Barbosa e a Ronaldo Dimas, essas estão sendo consideradas as “eleições UTI”, ou a última tentativa do indivíduo (político com mandato) de conseguir se manter vivos, politicamente, pois a não reeleição e a consequente perda de mandato, com o sentimento de mudança arraigado na mente dos eleitores e a quantidade de novos nomes a concorrer no pleito, vão significar o sepultamento de diversas carreiras políticas.
Se as “lideranças” políticas, os chefetes e os presidentes de comissões provisórias de partidos de oposição a Wanderlei Barbosa e a Ronaldo Dimas não se unirem, não firmarem um pacto, não juntarem propostas de governo que encantem a população e os eleitores, não haverá terceira via nem possibilidade de alguém, diferente de Ronaldo Dimas e Wanderlei Barbosa, estar em um segundo turno na eleição para o governo do Estado.
Ressaltando que esta análise política retrata apenas o momento atual da política tocantinense. A se levar em conta a velocidade das ações e transmutações, amanhã o cenário poderá estar totalmente diferente.
Fica a dica!