A Justiça estadual em Palmas (TO) negou pedidos de reconstituição do crime e exumação do corpo da professora Danielle Lustosa, assassinada em dezembro de 2017, na capital. A solicitação foi feita pela defesa do médico Álvaro Ferreira da Silva, denunciado pelo crime
Com Assessoria e da Redação
"Em síntese, praticamente todas as diligências requeridas pela defesa técnica são impertinentes e-ou meramente protelatórias, não havendo, por ora, qualquer justificativa para o pedido de adiamento da sessão do júri designada para a data de 09 de março de 2022, sem prejuízo de reapreciação caso as diligências ora deferidas não sejam cumpridas com antecedência suficiente à realização da sessão", ressaltou o juiz Cledson José Dias Nunes, titular da Primeira Vara Criminal da Comarca de Palmas, na decisão, nessa quarta-feira (9/2).
O julgamento do caso está marcado para o dia 9 de março. A defesa do acusado fez outras solicitações, cuja maioria foi indeferida pelo magistrado.
Entenda
O médico Álvaro Ferreira foi denunciado em julho de 2018 pela morte da professora Danielle Christina Lustosa Grohs. O crime aconteceu em dezembro de 2017. Ele foi denunciado por feminicídio com os agravantes de ter cometido o crime por motivo torpe, com emprego de asfixia e dificultando a defesa da vítima.
Segundo o Ministério Público, o motivo torpe ocorreu porque o crime teria acontecido por vingança. Isso porque a professora denunciou o médico por violação de medida protetiva um dia antes do crime. Álvaro Ferreira chegou a ser preso após tentar esganar a ex-mulher, mas foi colocado em liberdade no dia 17 de dezembro após audiência de custódia.
Ainda conforme a promotoria, após ser solto, o médico entrou na casa da ex-mulher e esganou a vítima até a morte. O fato de ele ter entrado na casa sem chamar atenção e ter vantagem física sobre Danielle justifica o agravante de dificultar a defesa.
O feminicídio foi caracterizado por haver outros episódios de violência praticados pelo médico contra a vítima.
O promotor de Justiça Rogério Rodrigo Ferreira Mota, responsável pela 2ª Promotoria de Justiça de Palmas, não ofereceu denúncia contra Marla Cristina Barbosa Santos. Ela seria namorada do médico na época do crime. O MPE informou não ter indícios concretos de que ela tenha participado do crime. Porém, se surgirem novas provas ela também poderá ser denunciada.
Álvaro Ferreira estava em liberdade desde março, após decisão da Justiça. Desde então, ele voltou a trabalhar normalmente na rede pública de saúde. Ele deve continuar a responder o processo em liberdade.
O caso
O corpo da professora foi encontrado no dia 18 de dezembro. O médico Álvaro Ferreira é o principal suspeito do crime porque havia sido preso dois dias antes, quando invadiu a casa e tentou esganar a ex-mulher. Mesmo assim, foi solto um dia depois, após audiência de custódia.
De acordo com o advogado de Danielle, Edson Monteiro de Oliveira Neto, o ex-marido já havia ameaçado matá-la outras vezes. O advogado informou que chamou a polícia após não conseguir contato com ela durante todo o dia. Áudios divulgados pelo advogado, mostram a mulher pedindo socorro após supostamente ter sido agredida.
O médico ficou quase um mês foragido após o crime. Ele foi preso no dia 11 de janeiro em Goiás e levado para a Casa de Prisão Provisória de Palmas no dia seguinte. Ele foi localizado após postar uma selfie em uma igreja nas redes sociais. Enquanto esteve foragido, ele deu entrevistas por telefone e mandou mensagens para a mãe da vítima.
Álvaro Ferreira e Marla Cristina chegaram a ser indiciados em fevereiro deste ano por homicídio qualificado. Porém, ainda em março, a 2ª Promotoria Criminal de Palmas devolveu o inquérito para a Polícia Civil e pediu novas investigações.