Presidente fez critica a política dos EUA contra narcotráfico
Com Site Terra
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o crime organizado "não é uma coisa fácil de se combater", pois "virou uma grande indústria multinacional". De acordo com o petista, está presente em diversos segmentos da sociedade, como futebol, política e judiciário. A fala foi dada nesta terça-feira (31) durante apresentação do balanço das ações na área de segurança pública em 2023.
"O crime organizado hoje não é uma coisa fácil de se combater porque virou uma grande indústria multinacional, maior que a General Motors, Volkswagen e a Petrobras. É uma coisa muito poderosa. E o crime organizado está na imprensa, na política, no judiciário, no futebol, nos empresários, eles estão em tudo quanto é lugar do planeta Terra", disse Lula.
"E é uma coisa tão difícil que muitas vezes um país rico, como os Estados Unidos, acha que combater a droga será resolvida colocando base militar na Amazônia ou na Colômbia. O problema não é de droga, é saber como um país rico vai cuidar dos usuários", completou.
As declarações ocorreram durante coletiva de imprensa do balanço das ações na área de segurança pública pelo Ministério da Justiça em 2023. Os números foram apresentados pelo ministro Flávio Dino, que deixa o cargo nesta terça-feira (31) para a posse de Ricardo Lewandowski. A cerimônia de transferência do posto será realizada nesta quinta-feira (1º).
Entre os dados apresentados por Dino, estão a redução dos crimes violentos letais intencionais, de roubos à instituição financeira, porte de arma para uso pessoal e letalidade policial. De acordo com o Ministério da Justiça, houve queda de 4,17% nos crimes violentos letais intencionais (homicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e feminicídio). Em 2022, foram registrados 42.190 delitos dessa classificação contra 40.429 em 2023.
O balanço aponta que houve redução de 79% no registro de novas armas pela Polícia Federal. Em 2022, último ano da gestão Jair Bolsonaro, foram liberados 135.915 certificados, contra 28.344 em 2023. Em relação ao porte de arma para uso pessoal, a redução foi de 56% (5.675 em 2022 contra 2.469 em 2023).
Humanizar combate ao pequeno crime
Ao afirmar que é preciso “cuidar dos usuários”, o petista apontou que os mais humildes estão “cada vez mais visíveis”, virando “zumbis” e que são a “ralé dos drogados”, enquanto os “grã-finos” lidam com milhões e são mais “refinados”.
“O problema não é de droga, o problema é saber como o país rico vai cuidar dos seus usuários. Porque as pessoas pobres estão metidas no crack, todo mundo sabe aonde eles estão. Eles não se escondem, cada vez mais viram zumbis, cada vez mais estão visíveis. Isso que a gente poderia chamar de “ralé dos drogados”. Agora, os grã-finos, que usam as drogas químicas, cocaína refinada, esses não estão no lugar do crack, na periferia, esses estão mais refinados. Esses lidam com milhões”, disse Lula durante coletiva de despedida do ministro da Justiça, Flávio Dino, que vai assumir uma vaga no STF.
“A gente quer ver se a gente consegue humanizar o combate ao pequeno crime, as pessoas mais humildes, e jogar muito pesado, jogar muito pesado, eu não sei como […] como é que a gente vai jogar pesado para enfrentar a chamada indústria internacional do crime organizado. Essa tem avião, navio, iate, indústria, ela tem tudo, poderes em muitas decisões de governo, partido, países, e essa que nós temos que enfrentar”, completou Lula.