O ex-presidente e pré-candidato ao Palácio do Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na 6ª feira (17.jun.2022) ter procurado o senador licenciado Renan Calheiros (MDB) e o ex-chefe do Executivo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para libertar os sequestradores do empresário Abílio Diniz da prisão.
Com Yahoo Notícias
O caso relatado por Lula ocorreu em 1998, quase 10 anos depois do sequestro de Diniz, em 1989. Entre os sequestradores estavam argentinos, chilenos, canadenses e um brasileiro –os canadenses foram extraditados em 1998, em um acordo com o Canadá.
“Esses jovens, que tinham argentinos, tinha gente da América Latina, ficaram presos 10 anos”, relatou Lula em evento de pré-campanha em Maceió (AL). “Teve um momento que eu fui conversar com o Fernando Henrique Cardoso porque eles estavam em greve de fome e iam entrar em greve seca [ficar sem comer e beber]”, continuou o petista. “A morte seria certa. Aí então eu fui procurar o ministro da Justiça chamado Renan Calheiros.”
Calheiros foi nomeado por FCH para chefiar o Ministério da Justiça em 1998 e ficou no cargo até meados de 1999. Lula falou que o então ministro o orientou a conversar com FHC. Segundo o petista, Calheiros disse ter “toda a disposição de mandar soltar o pessoal”.
O ex-presidente relatou ter argumentado com FHC que, ao soltar os presos, ele teria “chance de passar para a História como um democrata”. Caso contrário, a possibilidade seria de ser lembrado “como um presidente que permitiu que 10 jovens que cometeram um erro, morram na cadeia” –algo que “não vai apagar nunca”.
Segundo Lula, FHC respondeu que libertaria os presos se o petista os convencesse a acabar com a greve de fome. “E eu fui na cadeia no dia 31 de dezembro conversar com os meninos e falar: ‘Olha, vocês vão ter de dar a palavra para mim, vocês vão ter de garantir pra mim, que vão acabar com a greve de fome agora e vocês serão soltos‘”, falou o ex-presidente.
“Eles respeitaram a proposta, pararam a greve de fome e foram soltos” disse. “E eu não sei aonde que eles estão agora.”
No começo de 1999, os estrangeiros ainda presos foram extraditados e o brasileiro, indultado.