Políticos que se distanciaram das práticas da velha política e de partidos envolvidos em corrupção surpreenderam nas urnas. Até nos Estados Unidos o improvável Trump venceu o tradicionalismo
Por Edson Rodrigues
A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos sobre Hillary Clinton, João Dória, em São Paulo, Alexandres Kalil, em Belo Horizonte e Carlos Amastha, em Palmas demonstram que não é só no Brasil que a velha política está sendo deixada para trás pelos eleitores e que uma nova era se inicia na seara da condução do bem público.
Os três candidatos eleitos têm em comum o fato de terem ignorado e, até, dispensado alianças com políticos tradicionais e fizeram suas campanhas quase que de maneira independente, e fizeram questão, em suas caminhadas, de ressaltar esse distanciamento da política tradicional.
Todos os derrotados pelos três eram os chamados “políticos tradicionais” e não conseguiram emplacar a continuidade da política feita sem propostas e voltada ao populismo.
O fato é mais profundo que uma simples mudança de escolhas. A sociedade, o eleitor, o empresariado, os desempregados, já não conseguem engolir a velha política do tapinha no ombro, do beijo nas criancinhas, do botijão de gás, da compra de uma rifa, da rodada de cerveja, do pagamento da conta de luz ou água, do IPVA, dos discursos de domingo. Tudo isso, apontaram as urnas, faz parte de um passado que não tem volta. O passado dos políticos copa do mundo, que só retornam nas bases eleitorais a cada quatro anos, dos políticos que fazem do seu mandato uma extensão familiar. Atitudes como essas enfraqueceram os partidos – tanto de oposição quanto governistas - e fizeram o eleitor por todos na embarcação da desvalorização, da desmoralização, dos que perderam a qualidade e o poder políticos de uma só vez, dos que deixaram e ser donos dos partidos para tornarem frente nas negociações de de coligação, dos que exerciam, por fora, a função de lobistas e dos que viam, nas eleições, apenas o brilho do ouro do fundo partidário, da graninha fácil e da venda do horário de TV e rádio, que deveria ser gratuito.
MODERNIZAÇÃO
O político que não se profissionalizar fará parte do passado, cairá no ostracismo das velhas práticas. Um grande exemplo foi a campanha vitoriosa do prefeito eleito de Goiânia, Íris Rezende Machado que, com 82 anos, teve o marketing de sua campanha considerado como o 2°melhor de todas as capitais, justamente a característica que diferencia a velha da nova política. Íris fez uma campanha totalmente profissional, moderna, atualizada e com bons profissionais na área publicitária.
No Tocantins as eleições municipais foram também recheadas de marketing profissional. Os poucos que apostaram na campanha primitiva, do coronelismo ou da troca de votos por favores, foram levados ao banco dos derrotados.
Isso indica que os povos do mundo, do Brasil e do Tocantins, apostarão em 2018 em quem lhe mostrar um novo caminho como alternativa, fizer uma campanha baseada em propostas e soluções, enfim, no novo, mas um novo moderno e confiável.
DEPURAÇÃO
O Brasil, já vem há anos, mesmo que em passos lentos, passando por uma depuração, com as explosões dos escândalos de corrupção do Mensalão, Lava-jato e outros de menor poderio explosivo.
Essa depuração teve uma aceleração extraordinária nas últimas eleições municipais, nos maiores colégios eleitorais, como: Belo Horizonte, São Paulo e Distrito Federal, onde os políticos tradicionais foram derrotados por candidatos que se mostraram, além de modernos, antenados às demandas da população, que clama pelo fim da corrupção e da politicagem.
TOCANTINS E A DEPURAÇÃO
Com a vitória de Carlos Amastha derrotando ex-governadores, ex-prefeitos de Palmas, senadores, deputados federais e estaduais, “donos de partido”, e lideranças tradicionais, juntando-se a isso, a Operação Ápia, a delação da Odebrecht, que envolve a venda da Saneatins e o empréstimo de R$800 milhões junto à Caixa Econômica Federal, o “enforcamento” da CPI na Assembleia Legislativa, a Lei de Ficha Limpa, o julgamento dos processos de improbidade administrativas de políticos tocantinenses no TCU, CGU, STF, STF, TCE, TJ e TRE, com processos julgados até 2017 ou até maio de 2018, pode-se esperar nas eleições majoritárias de 2018 uma das maiores depurações políticas já vistas em um Estado brasileiro.
Vale ressaltar que a venda da Seneatins e o destino do empréstimo de 800 milhões de reais entraram na mira da Lava Jato e do temido juiz Sérgio Moro por duas vertentes. A delação premiada de Marcelo Odebrecht e a prisão de Eduardo Cunha, que foi o “padrinho” do empréstimo.
Caso essas investigações sigam o mesmo curso das demais tocadas por Sérgio Moro, muito mais políticos tocantinenses, além dos adeptos da velha política, vão ter suas carreiras interrompidas de forma abrupta, pois o povo já demonstrou que quer e apoia uma “faxina geral”
As urnas já deram o recado em outubro passado. Para bom entendedor, meia palavra basta. Mas, para o mau entendedor, meio voto, não basta!