“A humildade é caminhar na verdade”.
TEREZA D’ÁVILA
Por Edson Rodrigues
Por mais que façam o um bom trabalho, os institutos de pesquisa que estão atuando nestas eleições, no Tocantins terão muita dificuldade de detectar com antecedência os vencedores. Eles trabalham com entrevistas com eleitores para traçar cenários, o problema é que os cidadãos tocantinenses, principalmente os palmenses, estarão sob a influência das peculiaridades deste pleito, que podem fazer com que mudem de ideia de um dia para o outro.
A pandemia, o desemprego, o endividamento dos cidadãos, dos chefes de família que estão nas camadas mais baixas da pirâmide social, passando por muitas dificuldades financeiras para manter suas famílias, disponibilizando, pelo menos, duas refeições por dia e, em alguns casos, sem nada para colocar à mesa, já começaram a fraquejar ante as propostas indecentes de alguns candidatos.
Justamente neste momento em que as escolas públicas permanecem fechadas e as refeições que seus filhos faziam nessas unidades de ensino sem complementar suas fracas dietas, os políticos inescrupulosos estão “dando o bote” nesses pais de família desassistidos.
Qual deles vai resistir a um “auxílio financeiro” semanal vindo de um candidato, uma cesta básica, uma energia ou uma água paga?
Pois saibam que, no Tocantins, nos 139 municípios, essas são situações que já estão acontecendo, com muitos candidatos a prefeito e a vereador dispostos – e com condições financeiras – a tudo pelo voto do eleitor.
A eleição deste ano, com o fim das coligações proporcionais, virou um verdadeiro “cada um por si”, com a parte principal do jogo sendo jogada no “andar de baixo”, com raríssimas exceções.
O lema é “candidato fraco e sem dinheiro que se dane”.
NECESSIDADE E OPORTUNISMO NO ESTADO
O Tocantins tem, atualmente, 106.108 famílias cadastradas no Bolsa Família, que recebem R$ 21.036.677,00 em recursos disponibilizados pelo governo federal todo mês. O Tocantins também é o 17° entre 27 estados brasileiros em número de aposentados, sendo 176.646 pessoas que recebem R$ 1.769.420,20, mensalmente, em aposentadorias, segundo dados do IBGE, do PNUD e do Ipea, publicados no Atlas Brasil. Em Palmas, são 13.492 famílias cadastradas no programa social.
Isso é um verdadeiro “prato cheio” para os candidatos a vereador “ensaboados”, que estão disputando sua reeleição com os bolsos recheados e com seus “santinhos” confeccionados de forma individual, sem o nome do prefeito do partido ou coligação que fazem parte.
Fecham o apoio às suas candidaturas e deixam os eleitores livres para votar no candidato a prefeito que quiserem, se aproveitando da situação de vulnerabilidade social dos eleitores e, agindo com um oportunismo nefasto, garantindo apenas a sua postulação.
Em Palmas o jogo está “bruto”, com muito dinheiro sendo aplicado no “mercado da compra de votos”, sem deixar rastros, sombra ou digitais, nenhuma prova que possa incriminar os autores desse delito eleitoral, praticados a luz do dia.
Tem candidato a prefeito dispensando qualquer ajuda financeira, mas deixando nas entrelinhas quais “amigos” podem receber as doações. Dessa forma, não sujam suas mãos, mas garantem oxigênio financeiro para turbinar suas campanhas.
GAMBIARRAS DA INFIDELIDADE EM PALMAS
Enquanto isso, há candidatos a vereador que vêm “dando show” na administração do pouco dinheiro disponível para a campanha, que vêm fechando grupos com chefes religiosos que têm entre 200 e 600 seguidores, e colocando esse pessoal para trabalhar em suas regiões e bairros onde residem.
Todas essas “gambiarras” são motivadas pela sensação de “salve-se quem puder”, por conta da impossibilidade de coligações proporcionais, ou seja, não existe mais fidelidade partidária, muito menos amizade entre os candidatos a prefeito e a vereador.
Os valentes candidatos a vereador, que entram na campanha se expondo a uma contaminação por Covid-19, gastando recursos do seu próprio bolso e que não recebem atenção ($$) dos seus candidatos a prefeito, jogam a fidelidade para o alto: “que se dane o candidato a prefeito. Enquanto eles articulam em reuniões, no ar condicionado, nós é que damos o sangue, literalmente, na busca do voto. Eles é que venham para as ruas”, desabafou um candidato a vereador em Palmas, que pediu anonimato.
JOSI DENUNCIA EM GURUPI
Enquanto isso, em Gurupi, a ex-deputada estadual e federal Josi Nunes, candidata à prefeita, expôs, sem citar nomes, o que todo mundo sabe, mas finge não saber, que é a compra votos por meio de combustível. A fila em um dos postos da cidade chamou a atenção da população e ligou o alerta da equipe de campanha da candidata, que incluiu a denúncia da “antiga prática”, como chamou, em seu programa no Horário Eleitoral Gratuito de Rádio e TV, finalizando com uma grande “sacada”, afirmando que “o combustível da sua campanha é a sola do sapato”.
Josi ainda deu uma dica que O Paralelo 13 costuma utilizar em suas análises políticas: o político que gasta muito na campanha, vai querer “receber” esse dinheiro de volta, e vai tirar de algum lugar, dentro da sua administração.
Basta multiplicar o salário referente ao cargo pretendido por 48 e ver se o valor é maior ou menor do que o que foi gasto na campanha. Se o salário for menor, meu amigo, pode ter certeza que a intenção do candidato não é apenas “administrar”.
Fica a dica!