PMDB decide hoje saída do governo Dilma, e pode puxar outros partidos da base

Posted On Terça, 29 Março 2016 07:01
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Temer diz a Lula que PMDB está fora do governo

Com uma bancada composta por 69 deputados federais e 17 senadores, o PMDB oficializa hoje a saída do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) tornando factíveis as chances da chefe do Executivo brasileiro ser impedida de exercer as funções, conforme relatos de parlamentares e especialistas. Com os peemedebistas fora do barco, legendas aliadas também avaliam uma debandada. É o caso do PR, PSD, PTB e PP. Hoje, a presidente conta com 91 deputados que votariam contra o impeachment em andamento na Câmara. Por isso, os 69 parlamentares do PMDB são tidos como essenciais ao governo. A presidente precisa de 172 votos na Câmara para barrar o impeachment. Após o enfraquecimento da presidente, nem mesmo os ministérios são capazes de manter o PMDB na base. Nos últimos doze anos - governos Dilma e Lula - os cargos federais foram um grande atrativo ao partido. Hoje, a sigla comanda sete pastas com orçamento de R$ 83,7 bilhões. Ontem, o dia foi de intensas negociações. O ex-presidente Lula desembarcou em Brasília para tentar conter o PMDB. A própria Dilma recebeu os ministros do partido. Segundo interlocutores, as tentativas foram em vão. Em outra ponta, Michel Temer negociou com peemedebistas aliados ao governo o desembarque. Tentou dissuadir o presidente do Senado, Renan Calheiros. Calheiros teria dito que fica na base. Porém, pelas contas de parlamentares, será minoria. Debandada
O movimento do maior partido no Congresso puxará outras legendas. Para o deputado federal Bilac Pinto (PR-MG), o desembarque do PMDB irá desencadear o mesmo processo em partidos como PR, PP e PSD. Mesmo com a promessa de terem papel de protagonistas nos ministérios e autarquias, os deputados, que até então eram aliados, não devem seguir apoiando o governo. “Penso que o correto agora é nos afastarmos de um governo que não tem capacidade de governar e vem perdendo credibilidade”, afirmou. De acordo com ele, a maioria dos 40 deputados do PR votará a favor do processo de impeachment.
À frente dos Ministério das Cidades, o PSD decidiu liberar seus 31 deputados para votar como quiserem em relação ao impeachment. O PP, que comanda o Ministério da Integração, já cogita também liberar oficialmente sua bancada, a terceira maior da Casa, com 49 parlamentares. No PSD, a liberação teve anuência do ministro das Cidades e presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab. De acordo com um dirigente do PSD, atualmente, pelo menos 70% da bancada da Câmara é favorável ao impeachment. E que a tendência é de que, assim como os deputados, a bancada do partido no Senado, composta por três senadores, também seja liberada para votar como quiser. Hoje, o governo só conta como 100% certo os votos de todos os deputados do PT, PDT e PCdoB. Com desembarque, presidente Dilma Rousseff pode perder sustentação no Planalto Com tantas evidências de um rompimento definitivo do PMDB com o governo, especialistas afirmam que não há mais possibilidades reais de permanência da presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. O professor de Ciência Política do Ibmec/MG Adriano Gianturco explica que divergências dentro do próprio PMDB podem até provocar rachas internos, mas ainda assim as chances de salvação da presidente seriam poucas. “Na economia, quando o dinheiro acaba, acabou. Em política, quando acaba o dinheiro, alguém tem o poder de pegar mais. Agora o problema é que o governo não tem mais verba para convencer alguns lobos soltos do PMDB a virarem a conta o impeachment”, avalia. Para Gianturco, a queda de Dilma será uma consequência imediata do desembarque dos peemedebistas. Para ele, não há possibilidade de se governar sem o apoio de aliados. No entanto, com Temer na presidência, o professor afirma que o governo precisará mudar completamente de rota. “Tem que cortar (custos) para que as pessoas possam produzir, se não as expectativas voltam a ser negativas. A probabilidade do ajuste (fiscal) aumenta. Temer terá que fazer. Vai ser um novo governo Itamar Franco”, alega Gianturco.

Com Minas Hoje em Dia