Por Edson Rodrigues
A renúncia de Mauro Carlesse ao cargo de governador eleito do Estado do Tocantins, ocorrida na tarde desta sexta-feira, 11 de março, é mais um marco histórico da política tocantinense. O estado tem um histórico de líderes que assumiram o governo após renúncias ou cassações dos titulares. Em 1998 e em 2014 houve renúncias e em 2009 e 2018 cassações. A última vez que um governador escolhido pelo povo durante as eleições gerais terminou o mandato foi entre 2003 e 2006, na primeira gestão de Marcelo Miranda.
Carlesse foi o único governador não eleito que conseguiu ganhar a eleição subseqüente, tomando posse no dia primeiro de janeiro de 2019, como o oitavo governador do Tocantins e, hoje, efetivamente, entra para as estatísticas como o quinto governador a não terminar seu mandato. Siqueira Campos, Moisés Avelino e Marcelo Miranda foram os únicos a terminar mandatos.
WANDERLEI GOVERNADOR DE FATO E DE DIREITO
Pois se um está de saída, Wanderlei Barbosa, agora, está de chegada definitiva, governador de fato e de direito do Estado do Tocantins, com condições jurídicas e políticas plenas para agir como titular do cargo. A renúncia de Carlesse também foi uma lufada de alívio para os 24 deputados estaduais, em que a maioria deles foi aliada da gestão de Carlesse e, hoje, permanecem ao lado do governo, mas com Wanderlei Barbosa à frente e teriam que, praticamente, optar entre um e outro, se o processo de impeachment chegasse a ser votado.
A renúncia também tira o Tocantins de um estado de insegurança e instabilidade política jamais visto na sua história, em que duas pessoas tinham o status de governador, mas apenas uma poderia governar, ao mesmo tempo em que coloca Carlesse com seus direitos políticos preservados para disputar a eleição de outubro próximo enquanto se defende das acusações que levaram o STJ a afastá-lo do Palácio Araguaia desde outubro de 2021.
MAURO CARLESSE DEVE SER CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL
Assim como foi adiantado por O Paralelo 13 em uma Análise Política no dia primeiro de março, Mauro Carlesse escolheu o caminho menos doloroso para sua continuidade na vida política. A renúncia preserva sua elegibilidade e ele deve se candidatar a deputado Estadual, como forma de manter os processos que correm contra ele na Justiça Estadual, pois fora do governo, deixa de ter foro privilegiado e o processo do Supremo Tribunal de Justiça deve voltar para a Justiça Comum
E Carlesse já volta como favorito à eleição para deputado Estadual, pois, apesar do processo, tem méritos pela gestão que implantou no Tocantins, que atuou em todas as regiões do Estado, deixando obras importantes concluídas ou a concluir, recolocando o Tocantins na Lei de Responsabilidade Fiscal, deixando as finanças organizadas e equilibradas.
Mauro Carlesse, agora, é um cidadão comum, filiado ao União Brasil, umbilicalmente ligado à deputada federal Dorinha Seabra, que vai concorrer à única vaga em disputa no Senado. Se não estiver satisfeito, Carlesse ainda pode escolher por qual partido irá disputar a eleição, pois a janela para a troca de legendas sem ainda está valendo.
LEGISLATIVO AGIU DENTRO DAS QUATRO LINHAS
O Poder Legislativo do Tocantins, bem orientado pelo escritório de advocacia do Dr. Solano, conseguiu seguir um roteiro dentro da Constituição Federal e do seu Regimento Interno, cumpriu o ritual jurídico do Impeachment em todos os seus passos da tramitação, possibilitando a Mauro Carlesse todas as oportunidades para se defender, com acesso aos documentos inerentes ao processo e, na data de ontem, deu o recado claro com a aprovação, por unanimidade, na primeira votação, da continuidade do impeachment.
A defesa de Carlesse se manifestou por três vezes dentro do processo, levando argumentos que achava suficientes para a paralisação dos trabalhos da Comissão Processante, mas, o bom assessoramento e o respaldo do presidente da Casa de Leis, deputado Toinho Andrade, fizeram com que a tramitação do processo de impeachment fosse perfeita, sem argumentos capazes de freá-la, e o caso terminou com a renúncia, sem que houvesse necessidade da votação em segundo turno e com a inexorável dissolvição da Comissão Processante, uma vez que não há mais a figura do “governador” Mauro Carlesse.
WANDERLEI TOMA POSSE
E o ato final de todo esse imbróglio político se deu no próprio Plenário da Assembleia Legislativa, com a posse de Wanderlei Barbosa como o governador efetivo do Estado do Tocantins, agora de fato e de direito, que levou junto seu grupo de companheiros políticos, depois de dar uma cartada certeira, assumindo o comando do Republicanos no Tocantins.
Essa posse significa um empoderamento político de quem se colocou ao lado de Wanderlei depois que ele chegou à cadeira mais importante do Palácio Araguaia, principalmente dos senadores Kátia e Irajá Abreu, presidentes estaduais do PP e do PSD, respectivamente, e de Laurez Moreira, ex-prefeito de Gurupi, que, provavelmente será seu candidato à vice-governador na busca pela reeleição.
Wanderlei parte em busca de um mandato legitimamente seu, como governador, com o apoio da maioria absoluta e esmagadora dos deputados estaduais, com a simpatia do funcionalismo público estadual, a quem pagou as progressões e outros direitos congelados, como primeiro ato depois de substituir Carlesse, e a simpatia da população, depois que intercedeu pela continuidade das obras em andamento, como o Hospital de Gurupi e a nova ponte sobre o Rio Tocantins, em Porto Nacional, e a fama de governador que executa, sem promessas.
Agora 100% governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa pode tocar a máquina administrativa a todo vapor, com a segurança de ser o mandatário garantido por lei e pelo direito e, ao mesmo tempo, formar sua colcha de retalhos, costurando uma chapa de candidatos a deputado federal e estadual com força suficiente para ser a de maior pujança política, capaz de encantar os eleitores e, até mesmo, emplacar a senador Kátia Abreu em um novo mandato.
Que Deus permaneça conosco. O Tocantins precisa!!