Vinícius Carvalho afirma que apoio a Bolsonaro não significa subserviência
Por: Roseann Kennedy
O Republicanos, que integra a base de apoio e a coligação do presidente Jair Bolsonaro (PL), não vai ser oposição radical ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Além de já ter se distanciado de algumas bandeiras bolsonaristas -- como a discussão infundada sobre o resultado das eleições -- o partido sinaliza disposição para dialogar com a próxima gestão.
"Nós não seremos oposição, seremos independentes. Oposição por oposição pode afrontar a população. Os excessos serão combatidos, mas não vamos votar contra o que for bom para o país. Se vier projeto para desenvolver as questões sociais, a educação, a saúde, terá nosso apoio", afirmou o líder do Republicanos, deputado Vinícius Carvalho (SP), em entrevista ao SBT.
Carvalho, porém, envia recado ao próximo Governo. Diz que se Lula tentar governar por Medida Provisória vai comprar briga com o Congresso e com o Republicanos. "Se os projetos forem por medidas provisórias vão ter efeito imediato, mas o Congresso pode revogar. Temos deputados de direita e da atual base suficientes para anular atos de excesso por parte do governo".
Além disso, o líder informa que há discussões na pauta petista que o Republicanos não vai aceitar. "Se for algo que gere retrocessos, seremos contra. Por exemplo, se houver tentativa de revogação da reforma trabalhista, seremos contra", disse.
Base de apoio a Bolsonaro
O líder Vinícius Carvalho diz que o Republicanos sempre manteve independência, mesmo na base de Bolsonaro. "As pessoas precisam entender que, para haver governabilidade, se você não é oposição no momento você deve ser base de sustentação. Base de sustentação não é subserviente. Ela tem que ter independência e autonomia para fazer as ponderações necessárias", ressaltou.
O deputado diz que já fez críticas à política econômica deste Governo, mas agora também manifesta preocupação com o que virá. "A visão do governo eleito sobre o que está saindo é sempre a mesma, de crítica. E não existe uma política econômica de estado, por isso estamos sempre retrocedendo. Vem outro governo, vem uma ruptura e tudo que foi feito se desfaz. Enquanto não tivermos visão dos governantes de que a política deve ser de Estado, seremos país de terceiro mundo", concluiu.
PEC da Transição
O Republicanos vai reunir a bancada na Câmara dos Deputados, na próxima terça-feira (06.dez), para decidir qual será o posicionamento da sigla em relação à PEC da Transição. O líder do partido, deputado federal Vinícius Carvalho (SP) avalia que o prazo de quatro anos para autorizar o estouro do teto de gastos é muito extenso.
"A minha opinião pessoal é de que um ano é o ideal, para o Congresso Nacional sempre analisar a conjuntura econômica do país. Não podemos dar uma carta branca, para um governo ter autorização para gastar esse montante, sem ter um acompanhamento econômico", afirmou.
O líder disse que não há risco de a PEC ser rejeitada, pois os congressistas têm consciência da necessidade de garantir recursos do Bolsa Família e outros benefícios para a população mais necessitada, mas a forma como está sendo apresentada -- valor e tempo -- é que precisa de entendimento.