Poucas vezes se viu o deputado federal Ricardo Ayres movido por tanta indignação e bom senso, ao refutar as palavras do também deputado federal Bibo Nunes, do Rio grande do Sul, que afirmou na tribuna do plenário do Congresso Nacional que seria “um crime” o Programa Mais Médicos, pois contrata médicos estrangeiros e o que o Brasil precisaria seria de “médicos de alta qualidade, bem formados e que tenham usado bons equipamentos”.
Por Edson Rodrigues
O que o deputado gaúcho quis dizer com isso de “alta qualidade”, “bem formados” e “que tenham usado bons equipamentos”, só ele sabe, pois já é fato notório a dificuldade que é se formar em medicina seja em que país for, pois são cursos longos, caros e que exigem dedicação integral dos alunos durante a formação.
Também é notória a dificuldade histórica de se atrair médicos para atuar nas cidades do interior do País, que muitas vezes ficam reféns da falta de interesse dos recém-formados no mercado brasileiro, e têm que desembolsar grandes salários para atrair profissionais que, às vezes, mesmo sendo brasileiros e formados no Brasil, não são tão brilhantes assim.
DIFERENÇAS E DESRESPEITO
Está certo Ricardo Ayres (foto) ao confrontar seu colega sul-rio-grandense, arguindo sobre as diferenças de qualidade de vida e acesso á Saúde Pública entre o estado do Rio Grande do Sul e do Tocantins. O primeiro, um dos mais antigos do Brasil, com economia consolidada e IDH (índice de qualidade de vida) entre os maiores do Brasil, enquanto o Estado mais novo da federação ainda não teve a oportunidade da consolidação econômica e social, enfrentando problemas inerentes à nova realidade brasileira, tendo que se adaptar de forma rápida e ágil, pois não “Vive de herança” nem teve colonização europeia.
Está errado o deputado Bibo Nunes ao colocar em dúvida a qualidade dos médicos formados no exterior – sim, ele também se referia aos brasileiros que foram buscar formação em outros países – pois o seu estado absorveu 80 dos 180 médicos cubanos que vieram para os pampas gaúchos em dezembro de 2013, pois desenvolveram um excelente trabalho, salvando vidas e levando tranquilidade médica para os municípios do interior daquele estado. Sua afirmação em plenário, logo, é um desrespeito a esses profissionais.
ORGULHO E PRECONCEITO
A atitude do deputado federal Ricardo Ayres encheu os tocantinenses de orgulho, pois foi imediata e incontestável, mostrando que o Estado mais novo do Brasil vem formando bons parlamentares, fruto direto da boa gente tocantinense.
Já o Rio Grande do Sul deve estar envergonhado ante a atitude xenofóbica, preconceituosa e desinformada do seu parlamentar. Afinal, um estado que teve tantos governos do PT, de onde partiu a ideia do “Mais Médicos”, deveria estar mais bem informado acerca das suas próprias propostas e iniciativas.
Enquanto uns, calados, seriam poetas, outros, em poucas palavras, recolocam contextos em seus devidos lugares e suprimem a ausência de sensatez e coerência de outrem.
Parabéns, Ricardo Ayres!