Pode-se dizer que todas as três pré-candidaturas ao governos para as eleições de 2022 “queimaram na largada”. Algumas delas chegaram até a “trocar de uniforme” mas, mesmo assim, não conseguiram se desvencilhar das imagens anteriores e permaneceram rentes ao solo.
Por Edson Rodrigues
As razões são muitas. Em primeiro lugar, anteciparam a sucessão governamental no momento menos indicado, que foi o auge da pandemia de covid-19, conseguindo produzir cenas inimagináveis, de caras de pau percorrendo municípios realizando visitas e reuniões políticas enquanto ocorriam, na vizinhança, um, às vezes dois ou até mais, velórios causados pela má atuação de que deveria estar zelando pelas famílias nos Executivos e Legislativos para onde esses políticos desalmados buscavam a simpatia do povo para transformar em voto. Isso pegou muito mal!
ENCALHES PREVISÍVEIS
Candidaturas como as de Laurez Moreira, Osires Damaso, Paulo Mourão, Ronaldo Dimas, Wanderlei Barbosa e até José Wilson Siqueira Jr. foram se agrupando, se apresentando à sociedade como se os eleitores fossem obrigados a sentir algum tipo de simpatia, empatia ou admiração por eles, simplesmente por terem colocado suas candidaturas em campo e o eleitorado não tivesse o direito de, simplesmente, não gostar das opções ou, em um cenário menos otimista, rejeitá-las a todas.
Logo, esses baixos índices de aceitação ou apoio popular às candidaturas apresentadas, pode e deve ser entendido como um recado de antecipação ao dia dois de outubro:enquanto seus objetivos e preocupação políticas estiverem focados em seus próprio umbigos, em seus projetos pessoais de poder, ao invés de terem o povo, a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e a resolução das demandas e mazelas que assolam a população há anos, esta será a resposta que receberão, a partir de agora: candidaturas encalhadas, dinheiro gasto à toa e vidas públicas ceifadas no nascedouro.
Foram dois anos enfrentando uma pandemia que não apenas matou os entes queridos, como assassinou postos de trabalhos, empresas e sonhos, deixando um rastro incontável de famílias órfãs, sem capacidade - por doença ou por desemprego - de atingir os níveis mínimos de dignidade, com mais de uma refeição por dia.
Os resultados da atuação política neste período de pandemia foram uma inflação nas alturas, milhões de desempregados e quase um milhão de novas covas nos cemitérios do Brasil, pois foram incapazes de combater a pandemia e evitar as mortes dos entes queridos, ou seja, além de todas as mortes que poderiam ser evitadas, todos os índices sociais sofreram enormes impactos negativos, mostrando a incapacidade, a falta de vontade e a fraqueza dos políticos escolhidos para serem os representantes da população justamente em momentos assim.
Osires Damaso (PSC), Laurez Moreira (PDT), Ronado Dimas (PL), Siqueira Junior (Patriotas) e Paulo Mourão (PT)
De quem se esperava atuação na mitigação das mazelas sociais, recebeu-se uma caravana de veículos da Polícia Federal em operações de combate à corrupção, ao desvio de recursos públicos da Saúde, da Educação, da Segurança Pública, da Previdência dos servidores estaduais, ou seja, das áreas que poderiam ter feito dessa pandemia um mal menor, de menor impacto na vida dos nossos concidadãos.
O SILÊNCIO DOS INOCENTES
É por isso que, hoje, o eleitor está silencioso. Ninguém levantou a bandeira de ninguém. Ninguém está defendendo “seu ninguém” nas rodas de conversa. Todos estão exercendo a função de observadores, analistas e avaliadores do trabalho e da atuação de cada político com mandato e de cada partido e dos seus membros, mesmo fora da atividade política, pois sabem que dar um mandato a um é dar chance de poder para os demais membros da agremiação.
É sob essa vigilância que os pré-candidatos ao governo do Tocantins, inclusive o atual governador, Wanderlei Barbosa que, pelas circunstâncias, é quem pode ser mais atingido por esse julgamento severo, ou o mais beneficiado, pois em pleno desenrolar de seu governo, tem a oportunidade de acelerar o que o povo estiver bem avaliando e corrigir o que, porventura, esteja em desacordo com a vontade popular.
As fake news já estão presentes nas redes sociais e muita coisa ainda vai tentar interferir na corrida sucessória, contra ou a favor de todos os que estão concorrendo ao governo do Tocantins
Outras “forças ocultas” também terão influência e interferência na hora dos eleitores decidirem seu voto, como as que rondam a escolha do nome do pré-candidato a vice-governador na chapa de Wanderlei Barbosa. Mesmo em pleno acerto de ponteiros com os servidores públicos, com os deputados estaduais e com empresários do agronegócio, ainda há muito a ser discutido antes da decisão entre os nomes e Laurez Moreira, ex-prefeito de Gurupi, Edson Tabocão, popular empresário da região Norte do Estado, e Oswaldo Stival, maior empresário da Região Sul do Tocantins.
Todos três têm chances, Todos os três têm capacidade, mas qual será o que o povo tocantinense quer? A resposta, só após a Convenção Partidária, pois ninguém, do mais consciente ao mais inocente, arriscaria um palpite, hoje.
“DESUNIDO IGUAL À TERCEIRA VIA”
Enquanto isso, Ronaldo Dimas vem como uma das principais lideranças da região Norte do Tocantins, e parece ter se encontrado em sua pretensão de ser governador do Tocantins, ao ser apadrinhado pelo senador Eduardo Gomes, líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional e líder no carreamento de recursos federais para os 139 municípios tocantinenses e para o próprio governo do Estado.
O problema é que o apadrinhamento veio após Dimas anunciar casamentos políticos com o clã dos Abreu, hoje no grupo político do Palácio Araguaia, e com Laurez Moreira, atualmente também “no colo” de Wanderlei Barbosa e, nesse meio tempo, ter seu desgastado politicamente com o prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, líder do maior colégio eleitoral do Estado, com mais de 200 mil votos.
Além de ter que explicar essas mudanças de “amores políticos, Dimas ainda tem que convencer as dezenas de prefeitos, lideranças partidárias, vereadores e ex-detentores de cargos eletivos que vêem em Eduardo Gomes o nome dos sonhos para ser o governador do Tocantins, que ele, Dimas, tem capacidade para suprir essa necessidade, de preencher essa lacuna e, principalmente, de se manter fiel ao senador que ora lhe garante apoio e visibilidade.
Dimas, também, precisa refazer - ou construir, onde nunca teve - os laços com os principais e mais tradicionais veículos de imprensa do Tocantins, único caminho para manter seu nome em evidência e dentro da esfera dos “participantes” deste processo sucessório, sendo levado a sério pelos eleitores e pelos formadores de opinião.
SANTA REFLEXÃO
Sim, estamos na Semana Santa, e os nossos próximos dias terão que ser de reflexão. Seja você eleitor, seja você um dos candidatos a governador do Tocantins, o caminho é um só. Pensem nas milhares de famílias, nos templos, nas igrejas, nas empresas, nas indústrias e observem a grande distância que separa esses locais da classe política.
O elo que unirá os candidatos aos eleitores será um discurso - que eles devem encontrar - capaz de promover a simpatia, a empatia e despertar o interesse dos eleitores pelos políticos.
Até agora nenhum dos candidatos ao governo do Tocantins conseguiu conquistar, de forma definitiva, nenhum eleitor. Apesar de estar muito cedo, o processo sucessório foi antecipado pelas próprias agremiações políticas e, assim como esse processo, a busca pelo engajamento popular em torno das candidaturas também precisa ser antecipada.
São pouco mais de 70 dias até as convenções. O fato de o governador Wanderlei Barbosa ter a seu favor as realizações naturais da administração estadual, que trazem benfeitorias ao povo, faz ainda mais premente a necessidade dos demais candidatos ao governo do Estado assumir posicionamentos e mostrarem a que vieram, para também ir cativando o eleitorado desde já.
Mas, desunidos feito a “terceira via” que tenta se fazer opção entre Lula e Bolsonaro na corrida presidencial, as oposições a Wanderlei Barbosa também terão dificuldades de virar o jogo.
Sem bandeira política, sem disposição dos candidatos das chapas proporcionais e sem uma definição de quem é realmente contra o Palácio Araguaia, fica difícil para os candidatos ao governo se mostrarem realmente confiáveis oposicionistas ao governo do Estado.
A oposição à candidatura do governador Wanderlei Barbosa à reeleição precisa ganhar musculatura política e territorial nestes 90 dias que antecedem as Convenções Partidárias, que vão oficializar as candidaturas proporcionais e os nomes da chapa majoritária.
Wanderlei Barbosa, a cada dia que passa, vem conquistando espaço e simpatia junto aos servidores estaduais a quem concedeu progressões, limite de piso salarial, escalonamento de direitos e outras vantagens garantidas por lei, tudo sem furar o teto de gastos, respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Agora Wanderlei começa a assinar ordens de serviço dos trabalhos de recuperação das rodovias, além do direcionamento de, no mínimo, dois milhões dr reais para cada um dos 139 municípios, que promoverão uma grande movimentação econômica, aquecendo o comércio local e gerando empregos.
É por isso que a oposição precisa estar centrando suas propostas e planos de governo em ações capazes de fazer frente às implementadas pelo governo e, acima de tudo, agir unida, pois dispersando e distanciando as propostas , somarão frágeis ante a estrutura gigantesca do governo.
Até agora, ninguém ganhou nada, assim como ninguém perdeu nada. Todos estão em "voo solo". Cabe à oposição encontrar uma formação de voo capaz de proteger a retaguarda de um bom plano de governo.
Enquanto as oposições continuarem fazendo voo solo, sem união e sem bandeira, o Tocantins caminha para uma eleição desmotivada, desestimulante e com resultado previsível.
Ainda dá tempo de acordar, mas é preciso querer acordar!
Feliz Semana Santa. Feliz Páscoa!!