O dia 4 de julho marca a independência dos Estados Unidos da América. País que é o berço da democracia e onde seus cidadãos exercem um senso de patriotismo, de pertencimento e identificação como em nenhum outro lugar do mundo. Lá, diz-se que se busca pelo “sonho americano”.
Por Luciano Moreira - Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
Talvez não tenha sido mera obra do acaso que José Wilson Siqueira Campos tenha deixado a terra que tanto amou em um dia 4 de julho. Ele, que deu alma ao pedaço de Brasil que, hoje, tem o nome de Tocantins (sim, porque não vamos entrar no mérito de “criador”, pois há muitos que se incomodam com isso, e esta não é uma hora para se dar atenção a coisas que nunca encontraram eco), que encampou uma luta secular, que se sacrificou, buscou acordos, usou de todo o seu poder de convencimento e de sua capacidade de articulação para que na pauta da Constituinte de 1988, o nome do Tocantins se associasse à mais importante de todas as Constituições do Brasil: a que devolveu a democracia ao povo e criou o ambiente perfeito para que o Brasil deixasse de ser, apenas, o País do futuro, mas o Brasil dos brasileiros.
Não vamos redundar, aqui, a história política e pessoal de José Wilson Siqueira Campos. Essa já está enraizada e guardada no coração de todo tocantinense genuíno. Todos sabem de cor e salteado. Vamos discorrer, aqui, sobre o grande homem, o grande político, o grande pai de família e o grande estadista.
Deputado Siqueira Campos em plenária da Assembleia Nacional Constituinte de 1988
Sim! Siqueira Campos foi um estadista na essência da palavra. Um dos maiores do Brasil e o único que o Tocantins já teve notícia. Não planejou nada, como virou costume afirmar quando se tenta contar sua história. Apenas foi criando os ambientes necessários para que o Tocantins tivesse um nascimento concreto e promissor.
A União do Tocantins não era um “conglomerado político”. Era a união das forças necessárias para que uma instituição forte, segura e convincente, pudesse dar formas a um Estado de maneira prática, contundente e convincente.
Centralizador? Sim, o quanto se pode e se deve ser. Sabia o nome dos porteiros dos mais diversos órgãos estaduais, de cor. Chamava a todos pelo nome. Para alguns, dava apelidos, para outros, alcunhas, mas por todos era visto como uma espécie de “pai”, de porto seguro, de exemplo a ser seguido. Siqueirismo, diziam. Subserviência, atacavam os adversários. Ditador, diziam os desavisados.
Deputado e Ulisses Guimarães, no dia 5 de outubro promulga a Constituição de 1988
Siqueira nunca foi um ditador. Foi um mandatário duro e justo. Um governador que sabia seu papel, e sofria quando tinha que fazer valer até a última ponta de autoridade, para colocar as coisas nos trilhos.
Ficava furioso quando era afrontado. A fúria dos que sabiam do sacrifício necessário para construir um “estado de Estado” em uma terra esquecida e desprezada, um sentimento de pertencimento em um povo a quem os políticos anteriores desdenhavam, mas que alguns insistiam em afirmar que estava “tudo errado”.
Siqueira Campos e Eduardo Gomes
Era fácil criticar Siqueira Campos. Difícil era fazer um milésimo do que ele fez pelo Tocantins. Não eram “Vocês da imprensa” nem os paraquedistas ou forasteiros, que iriam dizer a ele como fazer o que ele já tinha feito: deu formas a um território, antes, disforma. Deu a amálgama que o povo necessitava para agir unido e em busca do seu destino. Deu os recados necessários a quem, de fora, teimava em dar opinião sobre assuntos internos, e sua “verve ditatorial”, sua “centralização extrema”, sua “fúria contra os adversários”, deram no que deram, em um Estado que atraiu pessoas de todos os cantos do Brasil e do mundo, que reúne mais de um milhão e meio de habitantes, que tem uma agropecuária pujante, uma economia equilibrada e um povo orgulhoso.
E, hoje, um povo triste por sua partida, mas agradecido por tudo o que fez.
O Tocantins, hoje, é um Estado de órfãos. Afinal, todos os que enchem o peito para dizer que são tocantinenses, só o são por conta de José Wilson Siqueira Campos. Sejam admiradores, sejam adversários, sejam políticos de todos os partidos existentes no Tocantins, todos, só são o que são, por conta das atitudes de Siqueira Campos, que redundaram no Estado que nos abriga.
“Ah! Siqueira Campos não criou o Tocantins. O Tocantins é fruto de uma luta secular, que envolveu várias pessoas, em diversas épocas”! Não, José Wilson Siqueira Campos não criou o Tocantins!
Mas foi José Wilson Siqueira Campos que fez o Tocantins ser o Tocantins do qual todos nos orgulhamos! Foi ele quem juntou documentos, que colheu assinaturas (a várias mãos, vale dizer), que bateu o pé, que fez greve de fome e.... que estava no lugar certo, na hora certa, quando ninguém, diferente dele, poderia estar. Logo, o Tocantins é, sim, fruto da dedicação de José Wilson Siqueira Campos.
José Wilson Siqueira Campos deu alma ao Tocantins. A sua alma!
Descanse em paz, e obrigado!