Frederico o Grande, da Prússia, era um monarca absolutista, muitas vezes pouco esclarecido, fazedor de guerras, mas em seu longo reinado manteve a liberdade de imprensa. Certa vez, passando por uma viela no centro de Berlim, notou um pasquim mal afixado no muro, cheio de vitupérios contra ele. Mandou parar a carruagem, fez o cocheiro descer e colar aquele monte de acusações à sua pessoa num local onde pudesse ser lido mais facilmente pelos transeuntes. Completou depois com uma sentença que deixou os alemães perplexos: “meu povo e eu chegamos a um acordo que nos satisfaz a ambos: eles podem dizer o que lhes agrada e eu, fazer o que me agrada”…
Pelo jeito, será essa a postura da presidente Dilma para o segundo mandato. Desembarcou da esdrúxula e radical proposta do PT para regulamentar a mídia mas continuará sem fazer caso das criticas e denúncias ao seu governo, que por sinal vem aumentando de ritmo. Muito menos pautará suas iniciativas administrativas, políticas, econômicas e sociais pelo que os meios de comunicação divulgam. Deve ter aderido ao conceito de um de seus antecessores, o tonitruante general Ernesto Geisel, que declarava ler os jornais não para informar-se, senão para saber como o povo vinha sendo informado.
A presidente trás esse vício de origem desde os tempos em que militou na subversão: despreza a mídia, duvida do noticiário, desconfia que por trás de cada informação reside um objetivo oculto, ligado aos interesses das elites e dos oligopólios. Pensa assim desde os tempos em que preparava para Leonel Brizola resenhas semanais sobre o comportamento da chamada grande imprensa. Apesar disso, não se dispõe a seguir adiante na proposta de boa parte dos companheiros que pretendem garrotear a imprensa. Prefere julgar-se acima e além do que se publica.
A nossa raínha Frederica, nem tão Grande assim, não chega a concordar com meia dúzia de dondocas ligadas aos empreiteiros presos, que na porta da cadeia agrediram os jornalistas, dizendo-os condenados à mediocridade por não terem tido capacidade de estudar. Mas é quase isso.
A HORA DO CHUMBO GROSSO
A nota oficial distribuída pelo Procurador Geral da República, sábado, teve o dom de deixar os partidos e o Congresso de orelha em pé. Rebatendo ilações de uma revista semanal que o acusava de entendimentos pouco éticos com os empreiteiros, Rodrigo Janot parece ter deixado claro estar por horas a divulgação da lista de políticos envolvidos no escândalo da Petrobras. Tomara que essa impressão se confirme.
Celos Chagas é jornalsita