SUCESSÃO MUNICIPAL 2020 PROMETE EMBATE ENTRE CARAS NOVAS E VELHAS

Posted On Quarta, 17 Outubro 2018 09:42
Avalie este item
(0 votos)

As urnas já disseram, no último dia sete, que a renovação é a única certeza que estampará as manchetes do dia seguinte à eleição municipal de 2020

 

Por Edson  Rodrigues

 

No Tocantins a renovação política é uma certeza límpida.  Basta observar o quão fortalecido saiu o vice-governador Wanderlei Barbosa, reeleito para o cargo, trazendo para junto de si o seu filho, Léo Barbosa, como o deputado estadual mais bem votado do Estado, na chapa encabeçada por Mauro Carlesse e que teve eleito, também, Eduardo Gomes para o Senado. Wanderlei tem, também, seu irmão Marilom Barbosa, que presidirá a Câmara Municipal no biênio 2019/20.

 

A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (foto), tem tudo para ser uma candidata fortíssima à reeleição, dependendo apenas de seu desempenho frente ao Executivo da Capital e da construção de um grupo político de coalizão, a partir de janeiro de 2019, montando uma equipe de excelência para lhe assessorar nas pastas municipais, para não deixar que interesses pessoais contaminem sua administração.  Será preciso muito pulso firme, muita coragem e muita força de vontade para não só deixar transparecer, como ser de fato a real mandatária em seu governo.

 

Apesar disso, tem um problema a ser resolvido, que é o PSDB, partido presidido no Estado pelo senador Ataídes Oliveira, que foi preterido por Cinthia em detrimento de Vicentinho Alves e Eduardo Gomes.  Um novelo difícil de achar a ponta para ser desfeito.

 

EDUARDO GOMES

Outra força política que renasceu nas urnas foi o senador Eduardo Gomes, o mais bem votado para o cargo no Tocantins, que terá o apoio dos deputados federais Tiago Dimas e Eli Borges, eleitos pelo Solidariedade, legenda da qual Gomes é o vice-presidente nacional.

 

Com uma vida pública de mais de 30 anos, que iniciou como vereador e deputado estadual por várias legislaturas e deputado federal mais votado do Estado, com duas legislaturas, Eduardo Torres Gomes volta à vida pública um degrau acima do que saiu, liderando um grupo político grandioso, qualitativa e quantitativamente falando, formado por profissionais liberais, formadores de opinião, empresários, líderes religiosos e classistas, que encabeçam milhares de eleitores cativos em Palmas e espalhados por todo o Estado.

 

Eduardo Gomes terá oito anos para implementar suas ideias e brigar pelo Tocantins, tornando-se, desde já, um nome a ser observado e respeitado em todos os pleitos subsequentes, e já declarou publicamente que caminhará lado a lado com o governador Mauro Carlesse e com o prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, num sinal claro de fidelidade e lealdade.

 

O CLÃ ABREU

Quem não ficará fora da disputa municipal em 2020 é o clã dos Abreu, comandado pela senadora Kátia Abreu e pelo senador eleito, Irajá Abreu.  Os dois têm residência fixa em Palmas e contam com vereadores e muitos seguidores em seu grupo político, além do diretório municipal do PSD em Palmas, haja vista a grande votação que coroou Irajá como o segundo mais bem votado nas eleições do último dia sete para o Senado.

 

O clã dos Abreu ou terá candidato próprio ou um aliado muito forte e fiel, com chances reais de vitória.

 

ARAGUAÍNA

Já na cidade de Araguaína, a sucessão municipal será uma verdadeira caixa de marimbondos, pois colocará em contraponto diversos grupos políticos que são da base política do prefeito, Ronaldo Dimas, mas cada um com seus interesses distintos.

 

A chance de união é uma provável candidatura de um político muito ligado ao prefeito, que é o vereador licenciado e atual chefe de gabinete do prefeito, Marcus Marcelo, o candidato a deputado estadual mais bem votado na cidade que, porém, não conseguiu se eleger, ou o próprio prefeito, Ronaldo Dimas, renunciar um ano antes da eleição, para poder concorrer a um terceiro mandato.

 

Marcus Marcelo (foto)

 

Nada está descartado em Araguaína, mas o desempenho tido pelos analistas políticos como “fenomenal” de Marcus Marcelo, o faz, de forma natural, o principal nome na disputa.

 

Já César Halum, apesar de ter demonstrado força política em Araguaína, não conseguiu eleger-se senador, mas deixou as portas abertas para novas tentativas, pelo número de votos que amealhou, mas, ressaltando que, sempre em palanque diverso do que estiver o prefeito Ronaldo Dimas.

 

Quem vai ter que melhorar muito é o grupo político da ex-prefeita e deputada estadual eleita, Walderez Castelo Branco e do seu marido, Lázaro Botelho, que não conseguiu se reeleger deputado  federal.  Para as eleições municipais os dois terão que oxigenar as lideranças do seu grupo político para ou apoiar uma candidatura ou um dos dois concorrer á prefeitura, com alguma chance de vitória, pois o resultado das urnas é altamente frágil para que os dois continuem a fazer política do mesmo jeito.

 

Na conta de Araguaína entra, também, o recém-eleito deputado federal Célio Moura, do PT, que conseguiu suplantar a sangria do seu partido e mostrou força política suficiente para conseguir os votos necessários à sua eleição.

 

Araguaína é para o Tocantins o mesmo que São Paulo é para o Brasil. A mais importante economicamente e a que mais reúne segmentos políticos de várias ideologias. Cada grupo tem a sua independência e são muitos os líderes políticos, religiosos, empresariais e classistas. Logo, é um local onde a previsão é incerta, em que as tendências mudam de acordo com o desempenho de cada um desses grupos que podem tanto rachar, quanto se fundir entre si, criando cenários cada vez menos previsíveis.

 

GURUPI

Em Gurupi, a “capital da amizade”, o jogo político não faz jus à fama hospitaleira da cidade, com seus grupos trincados, enfraquecidos, resultado do que disseram as urnas na última eleição, nada favoráveis aos quadros da cidade.

 

Ocorreu que as lideranças da cidade pulverizaram suas forças em frentes diferentes e partiram para digladiar-se entre si, deixando fora da Câmara Federal sua única representante, Josi Nunes, uma política ficha-limpa, séria e adepta de uma postura extremamente republicana.

 

Gurupi também está fora da Assembleia Legislativa, sem nenhum representante eleito. Grande parte dessa derrota do município e da Região que ele representa deve-se ao apoio do prefeito Laurez Moreira à candidatura oposicionista de Carlos Amastha, que disputou o segundo turno exatamente contra o maior representante político da cidade, Mauro Carlesse, então governador interino e, hoje governador eleito.

 

Laurez Moreira (foto), agora, terá que “se virar nos trinta” para governar a cidade sem os repasses de emendas impositivas e sem representante no Legislativo Estadual.

 

O prefeito de Gurupi já demonstrou ser um bom administrador, seu governo não é ruim, mas suas escolhas políticas nestas eleições foram um retumbante fracasso tanto pessoal quanto para os munícipes.

 

O fracasso político de Laurez abre espaço para o crescimento do empresário Oswaldo Stival, candidato a vice-governador na chapa de Carlos Amastha, mas que tem uma família muito representativa economicamente no município, muito bem sucedida na área empresarial dentro e fora do Estado, maior empregadora e arrecadadora de impostos da cidade.

 

Caso decida ser candidato a prefeito em 2020, Stival será um nome forte na disputa, principalmente com a ideia de fazer de Gurupi um polo empresarial, industrial e agropecuário, ultrapassando Araguaína em importância econômica e fortalecendo sua participação política no Estado.

 

Quem sai altamente fortalecido em Gurupi é o governador Mauro Carlesse, que além de mostrar toda a sua força política ao ser eleito já no primeiro turno, torna-se o principal “cabo eleitoral” de todo o Estado, com poder de influência em todos os municípios, principalmente na sua Gurupi.

 

 

PORTO NACIONAL

A “capital da cultura” tocantinense perdeu seu representante no Senado Federal, Vicentinho Alves, que alocou mais de 174 milhões de reais para a cidade enquanto esteve no cargo, que deixa em março do ano que vem, depois de galgar um dos postos mais importantes na Casa, como primeiro-secretário da Mesa diretora e ser líder da bancada do PR e da bancada federal do Tocantins.  Perdeu, também, um dos deputados estaduais com maior conhecimento político e jurídico, Paulo Mourão, derrotado em sua tentativa de chegar ao Senado.

 

Isso transforma a sucessão municipal em Porto Nacional em um dos embates mais disputados de sua história recente, principalmente se Paulo Mourão decidir concorrer à prefeitura, uma vez que, apesar de não eleito, amealhou nada menos que 17 mil votos, numa prova de que ainda tem muita força política e pode concorrer de igual para igual com qualquer outro candidato.

 

Quem se fortaleceu politicamente foi o deputado estadual reeleito para o terceiro mandato Toinho Andrade, um dos nove mais bem votados no pleito do último dia sete, e o vice-prefeito, Ronivon Maciel, o mais bem votado para deputado estadual nas urnas de Porto Nacional, mas que não conseguiu se eleger em sua coligação, ficando com a terceira suplência.

 

Porto ainda teve eleitos os deputados Valdemar Jr., Ricardo Ayres e Cleiton Cardoso.

 

Já Vicentinho Jr. conseguiu sua reeleição como deputado federal com tranquilidade. Campeão de liberação de recursos federais para dezenas de cidades do Estado, juntamente com os demais reeleitos pelo município, obteve uma boa votação em reconhecimento ao trabalho desenvolvido em prol do município, o que transforma todos eles em bons nomes para concorrer à prefeitura em 2020, ou formarem coligações para eleger candidatos aliados.

Deputado Toinho Andrade

 

Como os políticos portuenses preferem, primeiro, trabalhar nos bastidores, de acordo com o resultado das urnas pelo menos quatro dos eleitos ou reeleitos estarão com seus nomes no páreo para o Executivo Municipal, juntamente com o doa atual prefeito, Joaquim Maia, que já deixou nas entrelinhas que pode vir candidato à reeleição.

 

Logo, é bom os eleitores de Porto Nacional se prepararem para mais um período de articulações à mineira, sem muito barulho, mas com muito conteúdo.

 

 

CONCLUSÃO

Diante do acima exposto, é de bom tom que façamos um adendo: tudo depende de um único fato importante tanto para os candidatos governistas quanto para os oposicionistas.  Aos governistas, caso Mauro Carlesse faça um bom governo, seus candidatos colherão bons frutos, vantagens na corrida eleitoral, simpatia do eleitorado e, principalmente do funcionalismo público estadual. Caso Carlesse não consiga fazer um bom governo, seus apoiadores sofrerão, junto com ele as consequências e as redes sociais serão a grande arma destruidora de candidaturas, agindo em favor dos oposicionistas. Os eleitores agora estão mais que aptos e ligeiros para fazer uma avaliação online dos atuais prefeitos e vereadores de seus municípios. 

 

Em Porto Nacional, os sinais de fumaça apontam para uma renovação na casa dos 60%, haja vista ser uma Casa de Leis com poucos resultados práticos, onde apenas dois ou três vereadores mostram atitudes capazes de lhes valer uma reeleição.Trocando em miúdos, é hora das forças políticas se acomodarem, iniciarem os trabalhos tendo sempre no foco as possibilidades de cada grupo nas eleições municipais de 2020. 

 

Até lá, muita água vai rolar, mas muitas onças vão beber dessa água!

Última modificação em Quarta, 17 Outubro 2018 12:39