“Atleta da vida, campeão da família, competidor leal.”
“Um momento de dor, de felicidade, de orgulho, de homenagem”, relatou a filha, de Wenceslau Leobas, que carregou a Tocha Olímpica no lugar do pai. Em entrevista ao O Paralelo 13, Talyana Barreira Leobas de França Antunes, portuense, contou sobre a emoção de conduzir a Tocha, gesto esse que seria feito por seu pai. “Como eu queria que ele tivesse aqui, que fosse ele quem carregasse a Tocha, porque não foi qualquer pessoa que foi escolhida, é uma honra,” disse enquanto chorava e demonstrava emoção.
Em janeiro deste ano, Wenceslau Leobas foi um dos 187 selecionados para participar do revezamento da Tocha Olímpica, que na Capital percorreu 27km. Os personagens, todos da região, foram escolhidos pelas histórias de vida, de superação. Exemplos a serem admirados. Mas antes do evento, o empresário foi brutal e covardemente assassinado enquanto saia de casa para o trabalho. A filha comunicou a equipe olímpica sobre o ocorrido, que dois dias depois, pediu para que escolhessem alguém da família que representasse Vencin, como era conhecido. A história de Wenceslau merecia ser duplamente contada.
Trajetória de vida
Casado com Miridan Leobas, Wenceslau teve três filhas. Ao longo dos anos, o goiano/tocantinense que sempre foi visto como uma pessoa reservada e simples mostrou-se empreendedor, e vindo de uma família simples, tornou-se um dos maiores empresários da região. Empregava cerca de 150 pessoas que Porto Nacional, Ponte Alta, Silvanópolis, Brejinho. Gerou renda, movimentou o comércio, foi crucial no desenvolvimento do Tocantins. Ele que viveu como vendedor ambulante comprou duas mulas e passava meses fora de casa. Estudou até o 2° ano do primário, e viu oportunidades.
“Meu pai era um homem simples, humilde, que gostava de ficar nos bastidores, não gostava de aparecer, fazia as coisas sem aparecer. Era um homem de um coração ajudava as pessoas. Trabalhei com ele nos últimos 15 anos. Fazia de tudo, cuidava não só do jurídico, mas era uma secretária, tudo que ele pedia eu fazia,” relatou.
A família decidiu que ela carregaria a Tocha em homenagem a Vencin, um homem que venceu na vida com muito esforço. Ao longo dos anos, trabalhou com loja de tecidos, materiais para construção, e postos de combustíveis.
Homenagem
No local do revezamento, mais de cem pessoas homenageava Vencin. Amigos, colegas, filhos, netos, sobrinhos, os irmãos, todos vestidos com sua face.
Eles traziam faixas em agradecimento. A irmã de Vencin, Nadir Leobas disse que dos seis irmãos ele era o único que havia sido tirado do convívio familiar. “Homenagem merecida pelo homem que foi enquanto aqui esteve,” disse.
Enquanto a filha passava com a Tocha acesa, eles pediram justiça, com a certeza de que o brilho da sua chama jamais se apagará.
Até o momento do revezamento da Tocha Olímpica, estava definido que os atletas trocariam de roupas na sede da prefeitura de Palmas, situada na Avenida JK, de lá partiriam, em um micro-ônibus para os locais onde receberiam as Tochas. Sem maiores explicações, seguranças da prefeitura impediram a entrada dos atletas ao prédio público. As trocas de roupas foram realizadas dentro do ônibus, no estacionamento da prefeitura.
A passagem da Tocha em Palmas chamou a atenção para diversos fatores e problemas estruturais, dentre eles, a falta de consideração com aqueles que fizeram do Estado, e também da Capital um local promissor.
Sobre o ocorrido, os atletas não comentaram o assunto, pois apesar dos percalços o evento é mundial, e merece a atenção e alegria no qual contagiou a cidade. Sobre a proibição sem aviso prévio, resta apenas a indignação social, dos familiares, e dos próprios atletas que foram escolhidos por fazer parte dessa história. Não foi raro as reclamações sobre a organização do evento.