Ainda falta um entendimento entre as duas Casas Legislativas - O Senado e Câmara Federal – sobre a discussão da Reforma Política que definirá as regras eleitorais para 2022, referentes aos deputados federais e estaduais.
Por Edson Rodrigues
A Comissão responsável pela reforma na Câmara dos Deputados está enviando aos gabinetes as propostas e os artigos que serão votados contendo a Reforma Política, tendo como meta a discussão sobre “distritão” ou “distritão misto”, que foi duramente criticada pelos principais juristas eleitorais brasileiros e por grande parte dos senadores e presidentes de partidos de médio e pequeno porte.
TOCANTINS
Enquanto isso, no Tocantins, o vice-governador Wanderlei Barbosa precisa viabilizar sua candidatura ao governo para não ficar, no fim, como “bobo da corte”. Independentemente de o governador Mauro Carlesse renunciar ou não ao seu mandato para ser candidato ao Senado, Wanderlei precisa, em primeiro lugar, ter um partido para se filiar e, depois, buscar apoio interno para sua candidatura, leia-se estrutura política e financeira.
Vice governador Wanderlei Barbosa
A atual situação de Wanderlei abre brechas para o próprio Ministério Público Eleitoral fazer indagações a respeito de abuso de poder econômico em sua pré-campanha, uma vez que vem participando de atos do governo do Estado, fazendo uso da palavra e assumindo o protagonismo, mesmo que de forma não intencional.
Essas suas “aparições” podem estar sendo documentadas para serem usadas, no momento certo, via redes sociais, como denúncias, por envolver a distribuição de cestas básicas e até de uso inapropriado das imagens das pessoas que receberam esse benefício.
É certo que não há a intenção de uso eleitoreiro desses eventos por parte do vice-governador, mas, a impressão que pode passar, de acordo com o uso que as imagens terão, pode configurar não só abuso de poder econômico, como humilhação e constrangimento de quem tem seu rosto associado a uma situação de carência.
Tudo isso acaba recaindo negativamente para o próprio governo de Mauro Carlesse, por mais importantes que sejam essas ações sociais colocadas em desenvolvimento em tempos de pandemia, desemprego e inflação, e estejam sob o comando da secretaria estadual do Trabalho e de Ação Social, capitaneada por José Messias de Araújo.
Uma boa e oportuna ação social, pode acabar ofuscando a imagem do governador Mauro Carlesse e prejudicando as pretensões do seu vice, Wanderlei Barbosa.
Em matérias publicadas aqui, em O Paralelo 13, temos mostrado a folha de serviços prestados por Wanderlei Barbosa e sua família, desde o início de Palmas, com seu pai sendo o primeiro prefeito de Palmas e sua mãe a primeira-dama –modelo do Tocantins, com ações sociais que inspiraram dezenas de outras primeiras-damas. Por outro lado, tem mostrado, também, a necessidade do vice-governador em profissionalizar a sua pré-candidatura, com assessoria jurídica e assessoria de marketing à altura da suas pretensões, que lhe permita ganhar musculatura política, angariar apoios e fazer de sua candidatura uma candidatura real e factível.
AINDA HÁ TEMPO DE ORGANIZAR
Ainda há tempo para que Wanderlei Barbosa consiga consolidar sua candidatura. Nos próximos cinco meses ele precisa conseguir pontuar nas pesquisas de intenção de votos e deixar de ser considerado apenas uma “possibilidade”, tanto pelo Palácio Araguaia quanto pela Assembleia Legislativa, pois ambos ainda têm pudores em manter a candidatura de um pretendente ao governo do Estado que não tem partido e que oferece perigo aos pretendentes a deputado estadual, federal e a senador, o que faria da campanha para 2022 um Titanic pronto para afundar com seus comandantes e passageiros.
O Paralelo 13, por meio do seu Observatório Político vem percebendo um outro fato político que precisa ser notado, também, prelos pré-candidatos a deputados estadual e federal, que é o partido pelo qual colocarão suas pretensões eleitorais à apreciação popular.
As duas modalidades em pauta na Reforma Política – distritão ou distritão misto – ou, mesmo, a manutenção das atuais normas eleitorais, farão os deputados federais provarem do mesmo veneno que os vereadores, que aguardam os candidatos a deputado federal bater em suas portas para lhes darem grandes “nãos”, por conta da falta de apoio no processo eleitoral municipal. Principalmente os que não conseguiram se eleger vereadores.
PSL E MDB
O PSL e o MDB podem concentrar o maior número de fortes candidatos a deputados estaduais e federais, principalmente à reeleição, sempre lembrando o número de vagas em disputa – 24 para deputado estadual e oito para deputado federal.
Carlesse, Kátia e Marcelo candidatos ao senado !?
Para a vaga de senador, apenas uma em disputa, no momento, existem três nomes fortes na disputa. A ex-ministra da Agricultura e atual senadora, Kátia Abreu, o ex-governador por três mandatos, Marcelo Miranda, e o atual governador, Mauro Carlesse, um político com estrela, que conseguiu vencer três eleições em um mesmo ano para o governo do Estado, após a sua primeira eleição para o parlamento estadual.
Seu governo tem vários feitos importantíssimos, como o reenquadramento do Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal, permitindo que o Tocantins pudesse voltar a receber recursos e convênios federais, a manutenção dos salários dos servidores em dia, assim como progressões e promoções, e está construindo obras de Estado, daquelas que ficarão para sempre, como a nova ponte sobre o Rio Tocantins, em Porto Nacional, o novo Hospital Regional de Gurupi, o novo Hospital Regional de Araguaína, e a regionalização do hospital de Tocantinópolis, dentre outras.
Logo, as três candidaturas são fortes e seus postulantes são pessoas que possuem qualificações para representar o Tocantins no Parlamento Maior, a partir de 2023. Mas, apenas isso não basta. Para ser eleito é preciso ter uma chapa forte, um candidato a governador puxador de votos e profissionais responsáveis por popularizar seus nomes entre os eleitores e os formadores de opinião.
Mas, nem tudo são facilidades para esses três nomes. Eles vão precisar ter um grupo de candidatos a deputado federal e estadual a lhes apoiar, que cumpram com esmero a função de “ponte” entre suas postulações ao Senado e os eleitores. São os candidatos a deputado federal e estadual que conhecem todos os rincões do Tocantins, e que servirão de avalistas dos candidatos ao Senado perante os eleitores. A função de “pedir” o voto será deles.
O candidato a senador que não der o devido valor aos candidatos a deputado, dificilmente terá êxito nas eleições, sejam nas de 2022, seja em qualquer outra. Entrar nessa disputa sem eles, será como entrar em uma guerra sem soldados. Ou seja, a chance de derrota é bem maior que a de vitória.
Mas, o item mais importante para todos os postulantes aos cargos em disputa em outubro de 2022 é um conjunto de fatores que se sobrepõem a nome, importância política ou histórico político: estrutura partidária.
Nesta eleição será preciso que todos os componentes de uma chapa caminhem na mesma direção, tenham o mesmo objetivo e falem a mesma linguagem e, principalmente, dividam igualitariamente a estrutura partidária, com as mesmas chances para todos, dividindo os recursos do Fundo partidário e os custos de campanha, assim como o Horário Gratuito de Rádio e TV e o tempo de palanque.
O candidato a governador tem que ser puxador de voto e figurar muito bem nas pesquisas, sob o risco de toda a chapa virar um Titanic político com data marcada para afundar.
Toda e qualquer candidatura de improviso, seja para o Executivo, seja para o Legislativo, terá, obrigatoriamente que seguir as premissas acima e ter conteúdo político, planejamento de marketing e assessoria jurídica.
E não adianta trazer profissionais de fora do Tocantins, que não conheçam as peculiaridades políticas do nosso Estado. Tem que ser gente daqui, que conheça do “Zé da Venda” ao “catedrático das letras” e saiba “conversar” com todos os públicos. Que conheça a força das redes sociais, uma “faca de dois gumes” e saiba usar apenas o gume certo para não cair em descrédito e virar um semeador de fake news, assim como conheça, também, a força dos veículos de comunicação tradicionais do Estado, que têm entrada franqueada na casa e na mente da população.
Sem isso, nem milagre salva qualquer candidatura de virar um “voo de pato”.
As candidaturas de improviso simplesmente não têm probabilidade nenhuma de sucesso, pois são coisas de um passado já distante.
Por hoje é só. Até breve!