A concentração de renda per capita, medida pelo índice de Gini, se manteve praticamente estável no Tocantins (0,530) em 2019, na comparação com o ano anterior (0,528)
Com Assessoria do IBGE
Apesar do resultado apresentar apenas leve tendência de alta frente a 2018, essa é a maior desigualdade registrada desde o início da série histórica, em 2012. No ano passado, a renda da população 1% mais rica do estado foi 27,4 vezes maior que da metade mais pobre. Essas informações são do módulo Rendimento de Todas as Fontes, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgado nesta quarta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um dos principais indicadores de medida da desigualdade de renda, o índice de Gini varia de zero a um. Quanto mais próximo de zero, melhor é a distribuição de renda e quanto mais perto de um, mais desigual é a economia. No cenário nacional, também foi verificada estabilidade (0,545 em 2018 e 0,543 em 2019).
No Tocantins, entre 2012 e 2013 houve aumento do indicador (de 0,509 para 0,514), que foi revertido em 2014, quando o Gini caiu para 0,495. Em 2015, o índice subiu novamente (0,504), chegando ao maior valor da série em 2019 (0,530). Os melhores resultados (0,489 e 0497) foram registrados em 2016 e 2017, respectivamente.
Entre todas as unidades da federação, o Tocantins é o 13º estado, juntamente com o Maranhão, com maior desigualdade econômica. No ranking da região norte, ele ocupa a 5º posição em concentração de renda.
Um dado que explicita a desigualdade no Tocantins é a concentração da massa do rendimento médio mensal real domiciliar per capita. Em 2019, ela cresceu para 1,618 bilhão, sendo que a fatia dos 10% mais pobre possuía 0,9% da massa, enquanto os 10% com os maiores rendimentos concentravam 41,8%. Os rendimentos dessa faixa dos 10% mais ricos quase superou inclusive a proporção detida por 80% dos tocantinenses (42,4%).
A alta concentração de renda per capita também está refletida nos rendimentos de todos os trabalhos. No ano passado, a renda da população 1% mais rica foi 27,5 vezes maior que da metade mais pobre. Isso significa que a parcela de trabalhadores com a maior renda arrecadou R$ 19.661 por mês, em média, enquanto os 50% menos favorecidos ganharam R$ 715. Em 2018, essa relação foi de 36,2.
Diferenças de ganhos
A pesquisa divulgada pelo IBGE detalha que o rendimento médio mensal de todos os trabalhos da população tocantinense, desconsiderando outras fontes de renda como aposentadoria, pensão, aluguel e seguro-desemprego, foi de R$ 1.864, em 2019. Comparado com o ano de 2018, que o valor foi R$ 1.995 (deflacionado a preços médios de 2019), houve queda de 6,5%.
Em 2019, havia no mercado de trabalho tocantinense 639 mil pessoas com 14 anos ou mais de idade, uma alta de 3,4% em relação a 2018. Mais da metade da população em idade de trabalhar era formada por mulheres (51%), no entanto, os homens representavam 59% da parcela da população que efetivamente trabalhava e elas 41%. Parte das mulheres não podem trabalhar porque não tem com quem deixar os filhos.
O estudo revela a diferença de ganhos conforme o gênero do trabalhador. Os homens tocantinenses tiveram rendimento médio mensal 3,7% maiores do que das mulheres, em 2019. Enquanto eles receberam R$ 1.892, acima da média estadual (R$ 1.864), elas ganharam R$ 1.824. Em relação aos dados de 2018, houve redução nos ganhos e na desigualdade de renda. A média de rendimento da trabalhadora era de R$ 1.825 e do trabalhador R$ 2.107 (11,3% a mais do que no ano passado). A discrepância também era bem superior (15,4%).
A participação no mercado de trabalho variou ainda conforme a cor da pele. No ano passado, os brancos eram 21,6% da população ocupada, enquanto os pardos 63,2% e os pretos, 13,5%. Os dados da pesquisa mostram, porém, que a participação de brancos caiu 3,9 pontos percentuais desde 2012 e a dos pardos 2,6. Por outro lado, a ocupação de pretos subiu 5,6 pontos percentuais.
Mesmo representando uma fatia menor no mercado de trabalho, os ganhos das pessoas brancas (R$ 2.753) foram maiores do que o das pardas (R$ 1.649) e pretas (R$ 1.455). Brancos tiveram rendimentos 47,6% superiores à média total do estado (R$ 1.864), enquanto os pardos e pretos receberam rendimentos 13% e 28,1%, respectivamente, inferiores à média estadual.
Rendimento por escolaridade
O nível de instrução do trabalhador tocantinense com ensino superior completo ou incompleto e ensino médio completo subiu de 57,4% para 57,9% no ano passado. Do total de ocupados, 29% não tinha instrução ou possuíam somente o ensino fundamental incompleto. Esse grupo era menor em 2018 (28,3%).
Na comparação com 2012, início da série histórica, o maior crescimento ocorreu no grupo das pessoas que tinham graduação completa, que correspondia a 13% dos ocupados naquele ano. Em 2019, essa categoria aumentou para 19,3%. Isso mostra que o trabalhador tocantinense está mais escolarizado.
As pessoas que não possuíam instrução em 2019 ganhavam, em média, R$ 762, abaixo do salário mínimo (R$ 998, na ocasião). Por outro lado, o rendimento das pessoas com ensino fundamental completo ou equivalente foi 79,9% maior, chegando a R$ 1.371.
Já os trabalhadores com ensino superior completo ganharam, em média, R$ 4.019 – mais que o dobro dos rendimentos daqueles que tinham somente o ensino médio completo (R$ 1.654) e cerca de cinco vezes o rendimento dos trabalhadores sem instrução. A pesquisa confirma, portanto, que quanto maior o nível de instrução, maior o rendimento.