Desde o dia 12 de novembro, os tocantinenses nos noticiários acompanham inúmeros episódios de um estardalhaço público, após a Polícia Civil deflagrar a Operação Expurgo, conhecida em todo o País como o Escândalo do Lixo
Por Edson Rodrigues
Uma situação desconfortável para muitos que gostariam de ver o Estado em manchetes positivas, e não o oposto. O enredo traz a tona cada vez mais nomes, personalidades, supostos envolvidos. Não podemos fingir que não há gravidade na Operação que investiga sobre o descarte de lixo hospitalar. As irregularidades já foram comprovadas, e estas envolvem a família do deputado estadual Olyntho Neto.
Começa com um contrato com licença de licitação no valor de R$500 mil reais, apesar de até o momento nenhuma mensalidade ter sido paga pelo governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Saúde. Há poucos dias a 2ª fase da operação trouxe a público um aterro clandestino, supostamente na fazenda de propriedade do parlamentar, que era líder do governo Mauro Carlesse na Assembleia. O deputado entregou a função após o início das investigações.
O Executivo, no decorrer destes dias se posicionou conforme os fatos foram aparecendo e os questionamentos realizados. Se convenceu a população ou não, não cabe a nós. Mas, diante de todo este cenário o silêncio do Legislativo causa intriga e questionamentos. Aqueles que têm a função de fiscalizar, ser o porta-voz dos interesses sociais hoje estão em silêncio. Uma Assembleia muda e surda, talvez cega. Se eles veem e ouvem o que esta acontecendo não se sabe, mas não falam, não comentam, seguem suas atividades normalmente.
Lixo encontrado na Fazenda da Família Olyntho Neto
Neste sábado, 24 de novembro, o caso foi exibido em três telejornais a nível nacional, em apenas uma emissora. Mas tem ganhado destaque em noticiários de rádio e sites do País. Transbordou os limites estaduais e tornou-se um escândalo nacional. É momento do Poder Legislativo via Conselho de Ética, se posicionar, abrir um expediente para a apuração dos fatos, se ouve ou não a prática de decoro parlamentar do ex-líder do governo.
A abertura deste procedimento vai mostrar transparência da Casa de Leis, e até caso, se for concluído que o deputado não tenha envolvimento trazer a verdade à tona restabelecendo a paz e demonstrando o respeito da Assembleia pelos cidadãos.
O que não justifica é a omissão da Mesa Diretora da Assembleia, o que demonstra conivência, mesmo que involuntária, com a situação. A deputada Luana Ribeiro, presidente da Casa e do mesmo partido do deputado Olyntho, fez parte da mesma base política, em que reelegeram o governador Mauro Carlesse, mas isso não pode interferir na imagem do Legislativo, que tem se mostrado fraco e sem postura.
O deputado Olyntho Neto a presidente Luana Ribeiro e deputado Elenil da Penha
Uma declaração da Assembleia é aguardada por todos da área de comunicação, e a sociedade espera que a nobre deputada se pronuncie, pois instituições como o Ministério Público Estadual (MPE), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Polícia Civil já se posicionaram sobre o caso, em que tem contribuído com as investigações.
Por presidir a Casa de Leis, Luana Ribeiro deve levar a discussão aos membros da mesa diretora. É inadmissível fingir que não existe uma situação desconfortável no Tocantins que envolve dinheiro público, um membro da Assembleia. O caso tem repercussão nacional e se a deputada continuar com o mesmo posicionamento de não mencionar o fato, corre o risco de ser tachada de presidente faz de conta.