VEJA VOLTA A DESTACAR TENTATIVAS DE CALAR A LAVA JATO, ÉPOCA FALA QUE CUNHA NÃO QUER DELAÇÃO E ISTOÉ AFIRMA QUE LULA RECEBEU PROPINA EM DINHEIRO DA ODEBRECHT
VEJA
Enterrando a Lava Jato: o Congresso contra-ataca
A edição de VEJA desta semana mostra como Congresso, sob as bênçãos do Planalto e dos partidos, tem reagido politicamente ao cerco da Operação Lava Jato. Alvo de oito inquéritos no âmbito do petrolão, o presidente do Senado, Renan Calheiros, convida o juiz federal Sergio Moro e o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dellagnol, para debater o polêmico projeto de lei sobre abuso de autoridade. Na teoria, intenções democráticas do peemedebista. Na prática, como interpretam Moro e os procuradores, intimidação dissimulada. Enquanto isso, o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), indicado ao posto pelo encarcerado Eduardo Cunha, costura com um assessor do presidente Michel Temer um projeto de lei que altera os acordos de leniência. A medida, dizem generais da Lava Jato, “aniquilaria” a operação. Ainda na Câmara, enquanto alguns deputados tentam anistiar a prática do caixa dois buscando, malandramente, uma brecha no relatório que o criminaliza, outras excelências, ainda menos decorosas, defendem a aprovação de uma emenda que conceda o perdão generalizado à prática.
ÉPOCA
Cunha orienta Cláudia Cruz a procurar Planalto em busca de ajuda
Preso em Curitiba, o ex-deputado federal Eduardo Cunha pediu a sua mulher, Cláudia Cruz, para avisar ao Planalto que ele conta com o lobby do governo junto aos Tribunais Superiores para ajudá-lo a sair da cadeia. Até agora, Cunha está se controlando e evita firmar uma delação premiada. Tenta se concentrar na defesa técnica e pretende esgotar todos os recursos jurídicos antes de voltar a pensar numa colaboração com o Ministério Público Federal. O Planalto não vai se mexer.
ISTOÉ
Lula recebeu propina em dinheiro vivo
Nos últimos meses, o ex-presidente Lula foi emparedado pela Lava Jato. Virou réu três vezes por práticas nada republicanas: obstrução de Justiça, ocultação de patrimônio — ao omitir um tríplex no Guarujá —, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, organização criminosa e tráfico de influência no BNDES, em razão do esquema envolvendo a contratação de seu sobrinho Taiguara Rodrigues dos Santos. Ou seja, já há uma fartura de provas contra o petista, ao contrário do que costuma alardear sua defesa. Nada, no entanto, pode ser mais categórico e definitivo como conceito de corrupção, na acepção da palavra, do que o recebimento de pagamentos de propina em dinheiro vivo. Por isso, o que ISTOÉ revela agora acrescenta um ingrediente potencialmente devastador para o ex-presidente.
Num dos 300 anexos da delação da Odebrecht, considerada a mais robusta colaboração premiada do mundo, o herdeiro e ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, diz ter entregue a Lula dinheiro em espécie. Nunca uma figura pública que chegou a ocupar a presidência da República demonstrou tanta intimidade com a corrupção. Os repasses foram efetuados, em sua maioria, quando Lula não mais ocupava o Palácio do Planalto. O maior fluxo ocorreu entre 2012 e 2013. Foram milhões de reais originários do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – o já conhecido departamento da propina da empresa. Segundo já revelado pela Polícia Federal, aproximadamente R$ 8 milhões foram transferidos ao petista. Conforme apurou ISTOÉ junto a fontes que tiveram acesso à delação, o dinheiro repassado a Lula em espécie derivou desse montante.
Os pagamentos em dinheiro vivo fazem parte do que investigadores costumam classificar de “método clássico” da prática corrupta. Em geral, é uma maneira de evitar registros de entrada, para quem recebe, e de saída, para quem paga, de dinheiro ilegal. E Lula, como se nota, nunca se recusou a participar dessas operações nada ortodoxas. O depoimento agora revelado por ISTOÉ é a prova de que, sim, o petista não só esteve presente durante as negociatas envolvendo dinheiro sujo como aceitou receber em espécie, talvez acreditando piamente na impunidade. Se os repasses representavam meras contrapartidas a “palestras”, como a defesa do ex-presidente costuma repetir como ladainha em procissão, e se havia lastro e sustentação legal, por que os pagamentos em dinheiro vivo?