Talvez uma guerra mais equilibrada que a, hoje travada, da Rússia contra a Ucrânia. Assim será o embate entre Wanderlei Barbosa e Ronaldo Dimas, em uma metáfora perfeita com o momento que o mundo atravessa, mas sem, felizmente, baixas entre soldados e civis.
Por Edson Rodrigues
Como na guerra, não se ganha uma eleição sem bons soldados e sem um “arsenal” diversificado de “armas” e de amor pela causa. Mas, o principal de tudo é ser ou ter um bom líder, capaz de cativar seus soldados e despertar as emoções das massas, pois contar apenas com a “elite”, é meio caminho para a derrota.
Ter, apenas, o conceito de bom gestor não será capaz de convencer os eleitores. Isso é crucial para os estados do sul e do sudeste do Brasil, mas, no Tocantins, é preciso muito mais que isso. É preciso uma boa postura e consideração junto ao próprio grupo político, às lideranças que o apóiam, afinar o discurso com os ensejos da população, conquistar os “descamisados”, falar o que o povo quer ouvir, saber do que o povo precisa e não, apenas, falar bonito.
Da mesma forma, um vencedor mantém uma boa relação com os formadores de opinião e com os garimpeiros de votos. Essas duas categorias se completam e fazem todo o esforço de campanha se traduzir em votos, na volta á realidade.
E a realidade, no Tocantins, mostra mais de 88% da população em estado de alerta contra o desemprego, a fome e a pobreza. Muitos desse percentual foram demitidos ainda no governo de Mauro Carlesse. O estado concentra, hoje, mais de 60% de sua população na linha da pobreza. Quem tem acesso a esse povo e conta com sua confiança, são os “soldados políticos”, as lideranças de bairros, associações de moradores, religiosas e com algum trabalho social que, para bem ou para mal, acabam se tornando vereadores, que dão apoio aos deputados estaduais, dirigentes de partidos e são os principais cabos eleitorais e elos entre os candidatos e o povão. Isso é fato.
E eles são de extrema importância em uma “guerra” como a que se anuncia.
O COMBATE
Estamos a menos de 15 dias para a o fim do prazo de filiação para quem deseja ser candidato a um cargo eletivo em outubro. O senador Eduardo Gomes, líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, era o candidato a governador idealizado e desejado pela maioria dos principais líderes políticos do Estado. Porém, na semana passada, em visita á Região Norte do Tocantins, o senador declarou que irá apoiar a candidatura de Ronaldo Dimas, até agora no Podemos, ao governo. Desde que deixou a prefeitura de Araguaína, Dimas é pré-candidato a governador e, até hoje, não conseguiu fazer sua pretensão política tocar o coração do povo, das lideranças políticas, de prefeitos, vereadores e demais atores do jogo sucessório.
Senador Eduardo Gomes e o presidente Jair Bolsonaro
Mas, a partir da declaração de apoio Eduardo Gomes, ninguém pode dizer que não haverá a tão esperada decolagem da candidatura de Dimas, pois, como o próprio senador fora da corrida sucessória, o “leme” da campanha estará a cargo de Ronaldo Dimas.
E Dimas assume esse comando já com um posicionamento diferente. Declaradamente oposicionista ao Palácio Araguaia, ele está de saída do Podemos, partido que comandou no Tocantins nos últimos anos, para cair nos braços do PL, do presidente Jair Bolsonaro, que já é a maior bancada do Congresso Nacional.
O PL deve ser, ainda, o novo partido do próprio senador Eduardo Gomes, padrinho de Dimas. Gomes não tem mais condições de permanecer no MDB, que assumiu ser totalmente oposicionista ao governo de Jair Bolsonaro.
O prefeito de Araguaína Wagner Rodrigues (Solidariedade), Deputado federal Tiago Dimas (Podemos) e Ronaldo Dimas, (PL)
Dessa forma, com tanta responsabilidade em suas mãos – ou em sua candidatura – Dimas precisa olhar muito além do próprio umbigo – e muito além do Podemos. O partido que está deixando ainda vai abrigar os principais candidatos a deputado federal e estadual que vão apoiar a sua candidatura ao governo. Além disso, Dimas emplacou a filiação do seu filho, deputado federal Tiago Dimas, no próprio Podemos, do qual deve vir a se tornar presidente estadual.
Ora, se nacionalmente o Podemos é oposição ao governo de Jair Bolsonaro, e tem o ex-ministro e inimigo da família Bolsonaro, Sérgio Moro como candidato à presidência da República, como Dimas espera ter o apoio de Bolsonaro em sua caminhada pelo governo do Tocantins?
Como ficará a composição da chapa proporcional do PL no Tocantins, a chapa dos “patinhos feios” de Dimas, quem serão os filiados por Dimas ao PL? Isso precisa ser resolvido com rapidez, pois os prazos da Justiça Eleitoral estão terminando e, sem definições, não se faz uma candidatura séria e competitiva. Após o dia dois de abril, voltaremos a esse assunto.
O OUTRO LADO
Governador Wanderlei Barbosa (Republicanos)
Enquanto a candidatura de Dimas precisa de muitas definições, seu principal adversário – talvez o único –, Wanderlei Barbosa, já está anos luz à frente, com várias chapas e chapinhas, prontas para serem homologadas nas Convenções partidárias. Wanderlei também tem o apoio de 21 dos 24 deputados estaduais, candidatos à reeleição, fazendo parte das exceções, o presidente da Assembleia Toinho Andrade, candidato a deputado federal.
Dimas tem poucos dias para formar uma chapa proporcional no PL, sob o risco de falência múltipla, sendo ele próprio o responsável pelo convencimento para que os pré-candidatos a federal e estadual se filiem ao PL, lembrando que são mais de 75 os candidatos a deputado estadual e 18 a deputado federal que apóiam a candidatura de Wanderlei Barbosa.
ALERTA DE BOMBA
Possíveis Candidatos ao governo do Tocantins
É bom deixar claro que, nestas eleições para o governo do Estado, os “alertas de bomba” devem estar constantemente ligados, pois ninguém lidera nadica de nada, pois o jogo sucessório ainda não começou oficialmente e não basta ter apenas bons nomes e líderes em sua nominata. O mais importante é convencer os eleitores, dos mais abastados aos desempregados, os famintos, os homens e mulheres atingidos pelas tragédias sociais, pela pandemia e pelo desemprego, os formadores de opinião, a imprensa e as lideranças, fazendo chegar até eles os projetos de governo, as prioridades, os planos de ação.
Participar dos debates promovidos pelos veículos de comunicação tradicionais e de credibilidade será essencial para que todos consigam, desde Wanderlei Barbosa, até Ronaldo Dimas, passando por Paulo Mourão, do PT, mostrar a que vieram e aonde querem chegar nessa corrida sucessória.
Barbosa, Mourão e Dimas, serão, os três, responsáveis diretos por seu sucesso ou fracasso. Ninguém já ganhou ou já perdeu esta eleição. Todos estão apenas no aquecimento.
Mas, o futuro, esse está nas mãos de Deus e dos eleitores. Estas eleições serão ganhas no “cara a cara”, no “olho no olho”, nos grotões das periferias.
Quem conseguir errar menos, será o vencedor das eleições para o governo do Tocantins em outubro de 2022.