Em 2019, Bebianno escreveu cartas a amigos: “Se algo acontecer comigo, abram”
Por Congresso Em Foco
O ex-ministro Gustavo Bebianno, que morreu nessa madrugada de infarto aos 56 anos, deixou uma carta com o ator Carlos Vereza, seu amigo, a ser entregue ao presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao Globo, Vereza disse que vai entregar o documento que está em seu poder à viúva do ex-ministro, Renata Bebianno. Segundo ele, caberá a Renata decidir se deseja levar a carta ao presidente. "Vou entregar à viúva. Ela que deve decidir o que fazer com a carta", disse o artista, que é apoiador do presidente e simpático ao escritor Olavo de Carvalho.
Na sua última entrevista, a primeira como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, Bebianno contou ao Globo que tinha deixado cartas para um dia o presidente Bolsonaro ler.
Vereza disse que não leu a carta e que não pretende entregá-la pessoalmente a Bolsonaro. Um dos poucos artistas presentes à posse de Regina Duarte na Secretaria Especial de Cultura, o ator afirmou que recebeu convite para ocupar um cargo no governo, mas que ainda não decidiu se aceita ou não a proposta.
Golpe
Em 29 de outubro de 2019, o ex-ministro revelou com exclusividade ao Congresso em Foco sua filiação ao PSDB e que temia que Bolsonaro desse um golpe de Estado. O material dirigido a Bolsonaro não é o mesmo que Bebianno disse, em entrevistas, ter guardado com amigos e no exterior. O ex-ministro afirmou que havia enviado cartas a pessoas próximas a serem reveladas após sua morte, com informações que envolveriam, segundo ele, Bolsonaro e pessoas interessadas em seu desaparecimento.
Até o momento Bolsonaro não se manifestou publicamente sobre a morte do ex-amigo e ex-coordenador de campanha. Em 29 de outubro de 2019, o ex-ministro revelou com exclusividade ao Congresso em Foco sua filiação ao PSDB e que temia que Bolsonaro desse um golpe de Estado. Em entrevista ao site neste sábado, amigos do ex-ministro defenderam que seja investigada a morte dele, já que era considerado um "arquivo vivo".
Bebianno presidiu o PSL durante a campanha de Jair Bolsonaro ao Planalto em 2018, a pedido do então candidato. Considerado homem de confiança do presidente, foi o primeiro grande aliado com quem Bolsonaro rompeu após assumir o mandato. Sua permanência no cargo não chegou a dois meses. Foi demitido por influência do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente. Carlos via no então ministro o maior obstáculo para sua estratégia de controlar a comunicação do pai. Ele acusava o ex-presidente do partido de tramar contra Bolsonaro. Bebianno deixou o governo e, desde então, havia se tornado forte crítico do presidente.