Presidente eleito anuncia terceiro deputado do DEM como integrante da sua equipe ministerial. Luiz Henrique Mandetta foi secretário de Saúde de Campo Grande (MS) e é investigado por suspeita de corrupção. Veja o perfil
Por iG São Paulo
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), confirmou na tarde desta terça-feira (20) que o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) será o novo ministro da Saúde a partir de sua posse em 1º de janeiro de 2019.
O anúncio, conforme já virou tradição de Bolsonaro, foi feito através da conta oficial do presidente eleito no Twitter.
Bolsonaro afirmou que o deputado do DEM que é ortopedista pediátrico foi escolhido "com o apoio da grande maioria dos profissionais de saúde do Brasil" e que Mandetta assumirá a pasta com a missão de "tapar ralos" para facilitar a vida das pessoas com pouco dinheiro. A mensagem de Bolsonaro traz ainda uma foto do gabinete de transição do governo no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, onde Bolsonaro se reuniu com representantes das Santas Casas e deputados da Frente Parlamentar da Saúde.
Na chegada, Mandetta tentou evitar a imprensa e entrou no local com a ajuda do deputado federal Efraim Filho (DEM-PB) e um grupo de assessores parlamentares. Ele é o terceiro deputado federal do DEM escolhido para compor a equipe ministerial do futuro presidente. Antes dele, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) já tinha sido escolhido para o comando do Ministério da Casa Civil no futuro governo Bolsonaro e a deputada Tereza Cristina (DEM-MS) como futura nova ministra da Agricultura.
Veja o perfil do escolhido de Bolsonaro para o Ministério da Saúde
Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) se elegeu em 2010, se reelegeu em 2014, mas não se candidatou à reeleição novamente nas eleições 2018. Médico de formação, ele já foi secretário da Saúde da prefeitura de Campo Grande (MS) e já havia sido declarado favorito por Bolsonaro para assumir a pasta da Saúde em entrevista no último dia 12 de novembro, algo que acabou se confirmando apenas hoje (20).
A confirmação de Mandetta veio mesmo após a repercussão negativa de seu nome já que Bolsonaro foi eleito com um forte discurso anti-corrupção e o futuro ministro da Saúde é investigado por suposta fraude em licitação, tráfico de influência e prática de caixa 2 no contrato para implementar um sistema de informatização na saúde em Campo Grande, justamente durante o período em que foi secretário da pasta na capital sul-matogrossense.
O deputado chegou a ter os bens bloqueados em uma ação civil pública relativa às investigações de seu caso. Em entrevistas aos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, Mandetta negou qualquer irregularidade na aquisição e instalação do sistema de Gerenciamento de Informações Integradas da Saúde (Gisa) e disse que explicou o caso pessoalmente a Bolsonaro. Desde então, porém, o deputado tem evitado falar com a imprensa.
Ainda assim, uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou um prejuízo de cerca de R$ 6 milhões em pagamentos indevidos por serviços não executados na instalação do Gisa que custou quase R$ 10 milhões aos cofres públicos entre recursos federais e municipais.
Dessa forma, o futuro presidente e o futuro ministro dobram a aposta de que Mandetta não virará réu já que Bolsonaro declarou na semana passada , quando questionado sobre supostos problemas de corrupção por parte de seu futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que "uma vez que uma denúncia for tornando-se robusta, transformando aquela pessoa em réu, nós vamos tomar alguma providência. O Onyx está ciente disso, entre outros que nós temos conversado também", afirmou.
Na sequência, Bolsonato ainda disse que "é muito difícil hoje em dia você pegar alguém que não tenha alguns problemas, por menores que sejam. Os menores, logicamente, nós vamos ter que absorver. Se o problema ficar vultoso, você tem que tomar uma providência", completou.
De qualquer forma, o anúncio de Bolsonaro acontece numa semana em que a área da saúde passou a enfrentar uma grande crise já que Cuba decidiu retirar seus profissionais que faziam parte da programa Mais Médicos do Brasil como retaliação às críticas do presidente eleito aos médicos cubanos. Críticas estas compartilhadas pelo futuro novo ministro da Saúde que agora terá que encontrar uma solução para a evasão de profissionais da saúde do País.