Por Edson Rodrigues
Mais um ano que se inicia com perspectivas diferentes nas esferas governamentais. Como diz o título desta análise, cada governo, um desafio. Enquanto o governo federal ainda precisa dizer a que veio, o governo do Tocantins parte para um ano decisivo para as pretensões políticas do governador Wanderlei Barbosa.
Se as eleições municipais de seis de outubro próximo terão o poder de atravancar a pauta no Congresso Nacional, no âmbito estadual elas serão a mola propulsora de toda a movimentação política ainda a acontecer este ano.
Senão, vejamos:
GOVERNO FEDERAL AINDA SEM RUMO
Devemos observar a questão dos desafios do governo Lula em 2024 a partir de dois prismas. O primeiro refere-se ao funcionamento do governo. O segundo refere-se aos desafios da agenda do novo ano. Sobre o funcionamento do governo, destacamos os seguintes aspectos: o governo ainda está desorganizado, sem narrativa e, sobretudo, sem uma estratégia Governo Lula e seus desafios em 2024, onde precisa ser mais eficiente na comunicação.
São 38 ministérios, sendo que alguns deles são invisíveis para a sociedade. Tampouco há uma prestação regular de contas de verdade. É um governo reativo às circunstâncias e com uma vocação lacradora, no sentido de dar declarações de muito espalhafato e pouco pragmatismo. Como os sucessivos ataques aos mercados e ao agronegócio, que são, na prática, algumas das âncoras da estabilidade econômica do país.
O governo Lula 3 está “desorganizado” em três núcleos: os pragmáticos, os lunáticos e os idealistas.
Conciliar as três vertentes é um desafio na medida em que, apesar dos bons resultados, a popularidade do presidente acusa ligeiro declínio. Até agora, os bons resultados do governo nas agendas política e econômica não foram afetados pela desorganização, pela comunicação ineficiente, pelas disputas de pautas concorrentes, pelo individualismo nem tampouco pelas disputas de ego que concorrem no dia a dia do governo.
FALTA LULA ASSUMIR O PAPEL DE LÍDER
Portanto, examinando os desafios de 2024, definir prioridades, traçar estratégia e alocar recursos e energia serão vitais para evitar tropeços e derrotas. O presidente Lula (PT) terá de se mostrar mais como líder do que tem nos mostrado. Não basta reunir periodicamente os ministros e distribuir cobranças e reclamações. O governo deve funcionar bem o ano inteiro. Organizar o governo é essencial em um ano complexo dos pontos de vista econômico, fiscal, eleitoral e internacional.
O ano traz desafios complexos: política fiscal, regulamentação da Reforma Tributária, eleições municipais, sucessão no Banco Central e, no início de 2025, sucessão no comando da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Difícil esperar que o governo se saia bem em todos os desafios, pois, além de desorganizado, carece da unidade necessária quando enfrenta situações extremas. Quais as prioridades do governo? Será que o governo sabe onde quer chegar em 2026? A eleição em 2022 não foi a favor de um programa de governo de Lula, foi contra o então presidente, Jair Bolsonaro (PL). O que o governo quer fazer de fato? E o que pode fazer de fato, considerando que o Legislativo tem a sua independência? O governo pode muito, mas menos do que pensa e, mesmo podendo fazer muitas coisas, mostra-se, como já dito, inconsistente e tragado por picuinhas, disputas internas, guerras de ego e muita inconstância para entregar o que poderia.
TOCANTINS: CENÁRIO DIFERENTE
Enquanto Lula precisa se encontrar como presidente, Wanderlei Barbosa vem conduzindo o governo do Tocantins com tal capricho, que reservou às suas mãos as principais decisões que definirão não só seu futuro político, como os rumos que o Estado e seus principais colégios eleitorais irão tomar.
Antes do Carnaval, Wanderlei Barbosa definirá a necessidade ou não de promover mudanças em sua equipe de auxiliares. Uma dança das cadeiras poderá servir não só para oxigenar seu governo, como para prestigiar aliados importantes para suas pretensões políticas, resguardando os que são fiéis à toda prova e abrindo mão de apoios ambíguos, aqueles que são restritos ao poder e a quem o detém, e agem por interesses pessoais.
Outras decisões importantes dizem respeito a quem Wanderlei irá apoiar para a prefeitura dos principais colégios eleitorais. Em Palmas, por exemplo, o grupo palaciano ainda não sabe se terá uma candidatura própria ou se declara apoio à uma das já existentes.
Cabe ressaltar que todas as decisões a serem tomadas por Wanderlei Barbosa passarão, primeiro, pela condicionante a ser definida pela cúpula nacional do Republicanos, partido que o governador preside, no Tocantins, com três deputado federais e sete deputados estaduais, que está prestes a compor a já chamada de superfederação partidária com o União Brasil e com o PP.
Assim como as demais federações partidárias, a superfederaão será empurrada goela abaixo das províncias, sem respeitar suas características locais. Isso significa que o comando dessa superfederação, no Tocantins, terá que ser entregue a um dos presidentes estaduais das legendas que a compõem.
Wanderlei Barbosa vem governando de maneira prática, harmoniosa e responsável, mas tem um estilo diferente de fazer política. Ao conseguir agregar em seu entorno a maioria das legendas com representatividade política no Tocantins, reservou para si as definições de quem considera ou não oposicionista ao seu governo.
Trocando em miúdos, mesmo estando em partidos ou em posições divergentes, Wanderlei Barbosa guarda afinidades com um número muito maior de políticos do que os que integram o grupo palaciano e pode surpreender muita gente com as decisões que, como já falamos, cabem apenas a si mesmo.
E se bem conhecemos o jeito “mineiro” de fazer política de Wanderlei Barbosa, essas decisões já estão tomadas há tempo. Mas o seu tempo de anunciá-las, é diferente do tempo de quem as aguarda.
A partir de agora, o trabalho de Wanderlei Barbosa e seus fiéis escudeiros se dará nos bastidores dos bastidores políticos, mas ao seu estilo.
Até lá, muitas especulações, muito diz que disse e muitos palpites.
Só nos resta aguardar...